Alice in Chains: como Jerry Cantrell se tornou um dos maiores letristas do rock
Um dos guitarristas facilmente identificados dos anos 90 foi Jerry Cantrell, do ALICE IN CHAINS. Puxando a partir de uma grande variedade de influências - que vão desde o rock clássico ao heavy metal e punk rock - o seu trabalho de guitarra tem definido o som do ALICE IN CHAINS. Empunhando na maioria das vezes a sua guitarra da marca Gibson como uma arma de destruição sônica, através do uso de compassos compostos, riffs embebidos em distorção wah-wah inflamados e inspirados no blues, além de altivas corridas pentatônicas, todos são elementos importantes para o som da banda - assim como era para o falecido vocalista original do grupo, Layne Staley .
Mas 01 elemento muitas vezes esquecido e que é tão importante para o sucesso da banda são as letras das músicas - brutalmente honestas e auto referenciais de Jerry Cantrell, que sempre foi, de fato, o principal letrista do grupo.
ALICE IN CHAINS frequentemente tem percorrido a linha tênue entre o heavy metal e o rock alternativo. Eles também mudaram de rumo em alguns discos, mas sem perder a sua essência no grunge - como as obras acústicas baseadas em músicas mais suaves e silenciosas, podendo dizer que a banda é como os 02 lados de uma mesma moeda. Curiosamente, muitas das canções mais suaves do grupo apresentam um trabalho de guitarra bastante impressionante por Jerry Cantrell. Na verdade, sendo o principal escritor/compositor desde sempre do ALICE IN CHAINS, os argumentos honráveis a Jerry podem ser comprovados em cima das suas melhores e maduras canções que ele já criou.
Aqui estão 05 das melhores canções escritas por Jerry Cantrell (bem como algumas das suas maiores letras), a partir do lado mais suave do ALICE IN CHAINS:
Música: "Over Now"
Álbum: "Alice in Chains" (5º trabalho de estúdio, 1995)
Servindo como a última canção do álbum, "Over Now" se parece mais como uma interna piada cruel. Se a banda não tivesse retornado do seu hiato em 2005 com o novo vocalista, William Duvall, a música “Over Now” teria sido a última canção do álbum final do grupo - e honestamente, a julgar pelo título da música, mais teria parecido uma mórbida profecia. Em 1995, foi quando todas as coisas da banda vieram à tona para os noticiários e veículos de comunicação: rumores do vício em drogas e brigas internas, mais pareciam que os dias estavam contados para o ALICE IN CHAINS – a canção "Over Now" foi quase um reconhecimento disso. Apesar da guitarra acústica otimista que leva a música, as letras falam sobre chegar ao fim da estrada e ao mesmo tempo estar de bem com isso - também sendo surpreendido por ter chegado até aqui com vida. Assim como um monte de suas músicas que são possíveis uma interpretação acústica, a banda tocou "Over Now" no acústico da MTV em 1996.
Trecho da letra: "Nós pagamos a nossa dívida algum dia".
Música: "Brother"
Álbum: "Sap" (2º trabalho de estúdio, 1992)
Em 1992, entre o seu 1º álbum, “Facelift” (1990), e o seu 3º trabalho de estúdio, “Dirt” (1992), ALICE IN CHAINS lançou sorrateiramente o seu EP com 05 músicas inéditas, “Sap”. Uma volta sonora à esquerda em comparação ao seu álbum de estreia, onde aqui o quarteto de Seattle ficou na calmaria. Concentrando-se menos nos vocais hard rock e muito mais em melodias suaves com trabalhos acústicos inspirados, o EP “Sap” mostrou a gama sonora que a banda realmente tinha. Na canção "Brother", o grupo se junta a vocalista Ann Wilson da banda HEART (também de Seattle), que empresta a sua exuberante voz para o refrão desta música. As letras em "Brother" pintam um quadro interessante de saudade e desespero, mas assim como acontece em muitas canções do ALICE IN CHAINS, ela soa muito mais otimista do que realmente aparenta. Apresentando um grande solo de blues na guitarra por Jerry Cantrell, "Brother" pode não ter o imediatismo da sua canção companheira no EP “Sap", a contagiante “Got Me Wrong", mas não é menos do que qualquer outra música do grupo.
Trecho da letra: “Fotos em uma caixa na minha casa / Amareladas e verdes com mofo / Então, eu posso ver o seu rosto vagamente / Imaginando, qual é o gosto dessa cor”.
Música: "Down in a Hole"
Álbum: "Dirt" (3º trabalho de estúdio, 1992)
Uma das maiores canções da carreira da banda, "Down in a Hole" é uma balada típica do ALICE IN CHAINS. Pode ser suave, mas ainda assim ela fica esmagando alguma coisa dentro de você. A introdução suave da canção estabelece as bases para o que está por vir. Você pode falar sobre a musicalidade dela - comparando com as outras músicas do álbum “Dirt” - mas sinceramente, são as letras angustiantes e emocionais de Jerry Cantrell a verdadeira estrela do show aqui, além de como elas são cantadas por Cantrell e pelo vocalista Layne Staley. A força motriz para o sucesso no início do ALICE IN CHAINS foi a capacidade de Cantrell e Staley de misturarem as suas vozes, harmonizando-as uma com a outra a fim de criar este dueto vocal em uma potência épica na história do rock. Canções como "No Excuses" (4º trabalho de estúdio, “Jar of Flies”, 1994) e "Would" (lançada também no disco “Dirt”), mostram a grande capacidade do dueto com sucesso, mas a música "Down in a Hole" é a perfeição absoluta. E outra vez, Jerry Cantrell tem puxado para as suas letras sentimentos de desespero e perda de inspiração, sendo que aqui não é uma exceção - o tema sobre a morte se derrama em toda canção. A bela exibição dos vocais ajuda a fazer esta música parecer menos triste, mas mesmo assim é difícil não sentir a emoção neste clássico da banda.
Trecho da letra: “Dentro de um buraco / E eles colocaram todas as pedras em seu lugar / Eu comi o sol / Por isso que a minha língua ficou com gosto de queimado”.
Música: "Voices"
Álbum: "The Devil Put Dinosaurs Here" (7º trabalho de estúdio, 2013)
No último disco do grupo – que apresenta o seu impressionante título – ALICE IN CHAINS saiu pela porta da frente com as punidoras canções “Hollow” e “Stone”, como os 02 primeiros singles do álbum, mas foi com a bela música "Voices" (3º single) que tivemos um ALICE IN CHAINS – assim como Jerry Cantrell - verdadeiramente vintage. Soando como se a canção pudesse ter vindo direto de uma sobra de estúdio dos anos 90, "Voices" tem tudo isso e mais (segundo Cantrell já falou em entrevista, a música "Voices" ficou de fora do álbum "Alice in Chains" de 1995). O violão acústico e a voz de Cantrell lideram o caminho em voz alta junto com o vocalista Willam Duvall (a voz de Cantrell só parece ter se tornado mais forte com o passar dos anos). Debaixo da tela principal, a seção de ritmo pulsante do baixista Mike Inez e do baterista Sean Kinney mantêm toda a melodia. Escutando essa música, você nada pode fazer, além de se deixar levar pelo balanço com a quase certeza que Layne Staley está fazendo os back vocais em algumas partes da canção. O trabalho da bateria de Sean Kinney realmente lhe hipnotiza enquanto empurra a música para frente. Um verdadeiro grande clássico tardio que poderia ser outro grande sucesso nos anos 90 – é comprovado um grande hit, onde chegou em 3º lugar no ranking da Billboard.
Trecho da letra: “Eu tenho dito / Sonhar é grátis / Acho que eu vou voltar a dormir”.
Música: "Don’t Follow"
Álbum: "Jar of Flies" (4º trabalho de estúdio, 1994)
Esta canção representa o auge absoluto do lado mais suave do ALICE IN CHAINS. Quase como 02 músicas em uma - separadas por um solo de gaita - Jerry Cantrell leva o vocal na 1ª metade melancólica da canção, enquanto que Layne Staley (em toda a sua glória angustiada) leva o vocal na 2ª metade. O EP "Jar of Flies" contêm apenas 07 músicas, mas estas 07 inéditas canções deixaram uma grande impressão. Considerado entre os melhores trabalhos da banda, a coleção de canções com base acústica no EP “Jar of Flies” mostrou todos os lados do ALICE IN CHAINS que ainda não conhecíamos. Cantado como um conto preventivo, Cantrell passa os seus versos falando de um homem vagando sem rumo, cheio de confusão e descontente para onde a vida o levou. É quando Layne Staley irrompe mais tarde na música, onde reafirma a precipitação em ter desistido de todas as coisas para fazer algo em questão. Talvez, uma metáfora para a vida na estrada como um músico - ou talvez, devido ao turbulento caminho das drogas. A canção "Don’t Follow" faz o que todas as músicas devem ter como objetivo: evocar emoções, contar uma história e deixar o ouvinte querendo mais. Uma das obras-prima absolutas de Cantrell, onde é difícil pedir mais dele e da sua banda depois de escutar essa música.
Trecho da letra: “Hey, você está vivendo a vida a toda velocidade / Hey, você, me passe esta garrafa”.