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by Brunelson

Mark Lanegan: "uma força muito real interveio na minha vida, quando era um triste pedaço de atr


Screaming Trees

Numa nova entrevista para o jornal Washington Post, o ex-vocalista do SCREAMING TREES e que participou em bandas como MAD SEASON e QUEENS OF THE STONE AGE, Mark Lanegan, falou mais sobre o seu badalado livro autobiográfico, "Sing Backwards and Weep" (foto), oferecendo um livro de memórias nada mais do que carregado de verrugas, drogas, álcool e memórias sobre Kurt Cobain.


Em sua temível e brutal nova autobiografia, o agora sóbrio músico Mark Lanegan detalha a sua jornada mal-sucedida vindo de uma cidade pequena à vocalista de uma das bandas seminais do grunge de Seattle, SCREAMING TREES, subindo de nível médio para adjacente ao grunge mundial com vícios em heroína e sexo.


"Sing Backwards and Weep" é uma obra-prima de auto-aversão e determinação humana, um livro de memórias que nada tem a ver com os seus escritores favoritos, como Charles Bukowski e Jim Carroll, mas tornando biografias de colegas músicos como Keith Richards e da banda MOTLEY CRUE parecerem alegres em comparação.


SCREAMING TREES surgiu em Seattle quando o termo grunge nem existia em meados dos anos 80, e de lá pra cá, o seu novo livro detalha também as amizades de Lanegan com Kurt Cobain e Layne Staley (vocalista original do ALICE IN CHAINS), se servindo de uma fonte muito interna para resgatar as suas doídas lembranças.


O livro é o melhor possível ao examinar a mecânica implacável da vida cotidiana de um músico viciado em drogas: onde esconder as seringas no ônibus de turnê durante as paradas policiais nas fronteiras de Estados - que eram difíceis de encontra-las e geralmente compartilhadas nos dias anteriores às trocas de agulhas; a perspectiva aterrorizante de usar drogas durante uma tempestade de neve ou num vôo transatlântico; "revelações" sobre a heroína européia; e os vários fluidos pretos e tóxicos excretados pelos viciados em abstinência, são descritos em detalhes suficientes para relaxar até o gastroenterologista mais dedicado.


Lanegan teve uma infância difícil na cidade de Ellensburg, Washington. Quando ele deixou o ensino médio, ele era um traficante pequeno com uma longa ficha de delitos e um problema com a bebida. SCREAMING TREES, uma banda iniciante montada pelos músicos locais Gary Lee Conner (guitarrista) e seu irmão Van Conner (baixista), era o seu único ingresso para sair fora daquela cidade.


Lee Conner é o cara malvado do livro, um lunático violento de 1,83 metro de altura, sem graça social e senso de direito à deus. "Ele projetou uma presença assustadoramente indesejável, infeliz e limítrofe", escreve Lanegan, que muitas vezes fantasiava em estrangulá-lo.


A banda logo assinou com a venerada gravadora independente SST Records, e Lanegan se mudou para Seattle em meados dos anos 80. Em um livro de memórias mais convencional, essa seria a parte feliz do seu arco narrativo, onde os laços entre nós e o mundo se formam entre colegas de banda, a turnê é uma novidade alegre e a fama ainda não arruinou tudo. Mas mesmo nos primeiros dias, a vida no SCREAMING TREES era um castigo a ser suportado.


Desprezando os seus colegas de banda e com vergonha da música que eles fizeram, Lanegan passou de um desastre para o outro. Ele e os Conners estavam frequentemente em guerra aberta e violenta com os fãs: “Naqueles dias, fazíamos acusações e brigávamos com os seguranças dos clubes e uns com os outros. A banda estava doente, violenta, deprimente, destrutiva e perigosa", ele escreve.


Um bêbado de longa data, Lanegan logo descobriu que a heroína era a única coisa que acalmava a sua mente e amortecia o seu desejo de beber. Com o seu hábito na heroína só crescendo, ele a guardou com ciúmes no livro: "Não havia chance de alguém me fazer parar naquele momento, onde tinha encontrado o meu único amor verdadeiro, a única paz de espírito que já tinha tido", escreve Lanegan. "Para mim, a heroína me levantou do túmulo".


Lanegan encontrou um companheiro de "viagem" em Kurt Cobain, que ele conheceu quando o NIRVANA tocou uns dos primeiros shows na Biblioteca Pública de Ellensburg, cidade natal de Lanegan. Ele descreve Cobain como uma alma gentil que permaneceu como um firme amigo, apesar dos seus níveis de status globais cada vez mais desiguais. Um dia, Cobain sacou milhares de dólares de um caixa eletrônico e entregou tudo para o seu amigo carente, Mark Lanegan - sem ter pedido nenhum dinheiro emprestado para Kurt, para grande vergonha de Lanegan.


Por sua vez, Lanegan ajudou a salvar Cobain de pelo menos 01 overdose, mas o seu papel em incentivar o uso de heroína da própria estrela ainda o assombra: "Em vez de ser uma influência positiva nesse cara, porque eu considerava Kurt um gênio e amava o meu irmãozinho, me tornei um facilitador para a sua ruína", escreve Lanegan. Nos dias anteriores ao suicídio de Cobain em abril de 1994, ele deixou mensagens de voz para Lanegan pedindo que ele entrasse em contato. Lanegan, na esperança de evitar a esposa de Cobain, Courtney Love, não atendia o telefone.


A explosão do grunge alimentada pelo NIRVANA ajudou a manter vivas as principais esperanças da nova super gravadora do SCREAMING TREES, mas qualquer movimento para frente que a banda tivesse foi interrompida pelos conflitos de Lanegan que pareciam se multiplicar. Enquanto a banda de Lanegan estava ociosa e sua promissora carreira solo murchava, o seu hábito em heroína cresceu.


O livro passa de um brutalmente sincero aviso a um catálogo entorpecedor de misérias, uma vez que Lanegan descobre o crack: "Eu fui um viciado perfeitamente funcional por anos", escreve ele, "mas o crack rapidamente me deixou de joelhos". Ele mesmo começou a fabricar (cozinhar) e traficar crack, afundando mais ainda na pobreza, dependência e desespero. Ele se esquivou da polícia e várias tentativas de intervenções. A certa altura, ele se relacionou com uma prostituta sem-teto e que foi assassinada mais tarde por um serial killer. Ele mesmo acabou se tornando um sem-teto, morando nas ruas até que Courtney Love financiou a sua reabilitação.


O livro "Sing Backwards and Weep" termina com Lanegan saindo do tratamento no final dos anos 90, sendo acolhido por Duff McKagan (nativo de Seattle e ex-baixista do VELVET REVOLVER), que lhe deu um emprego como cuidador de suas propriedades, além de Josh Homme, seu companheiro de banda nos últimos dias do SCREAMING TREES que o recrutou para gravar e participar de turnês da sua própria banda, QUEENS OF THE STONE AGE.


Na reabilitação, Lanegan - que anteriormente era o tipo de cara que apertava baseados usando páginas arrancadas da Bíblia - experimentou uma epifania religiosa, a qual ele não menciona toda vez que é perguntado.


Concluindo, ele diz que foi transformado: "Talvez não pelo Deus de outra pessoa, mas por uma força muito real que interveio na vida de um triste pedaço de atropelamento humano no momento em que foi solicitado".

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