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by Brunelson

Pearl Jam: como o álbum “No Code” matou o grunge?

* Fonte: Site Alternative Nation (02/09/2016)


PEARL JAM está comemorando o 20º aniversário do seu 4º álbum de estúdio, “No Code” (1996), com uma série de reedições em vinil. “No Code”, junto com o seu 5º álbum de estúdio, “Yield” (1998), e os 05 singles que se originaram a partir desses 02 discos, também terão as suas versões relançadas somente em vinil.


Já se passaram 20 anos, mas os fãs do PEARL JAM não se esqueceram de quando a lendária banda de Seattle degolou a cabeça do grunge com o lançamento do seu disco "anti-grunge”, “No Code”.


A banda, como figura de proa do grunge naquele momento, foram os líderes da revolução onde começarem a dizer a palavra: “não". Em 26 de Agosto/1996, o lançamento de “No Code” não era apenas uma liberação emocional, mas também uma liberação do termo grunge. Como a banda mais relevante do mundo naquele momento, eles colocaram o seu grunge em uma guilhotina e deixaram a lâmina cair em queda livre... PEARL JAM havia saído de cena como os reis do grunge.



"Ele tem suportado muitas coisas / Lá vai ele / Com as suas roupas perfeitamente desarrumadas" (letra da música “Off He Goes”, de “No Code”).



Os fãs que experimentaram o single de transição, "I Got Id" / "Long Road" (1995) - estas 02 canções não entraram em nenhum álbum de estúdio, um single clássico do grunge, diga-se de passagem - compreenderam a formação dessas novas músicas onde viram o caminho que a banda havia escolhido para continuar explorando por novos horizontes.


Talvez, PEARL JAM poderia fornecer outro clássico grunge mesmo assim? Respondendo para o mainstream, a resposta seria: não! Mais uma vez, PEARL JAM nos conduziu para a estrada menos percorrida de todas, neste caso, com a calma e tranquila colaboração de Neil Young para a canção lado-B, "Long Road" - teria sido interessante se um repórter tivesse entrevistado a banda nesta época pós “Ten” (1º álbum de estúdio, 1991).


O repórter teria dito: “Hey, caras, que tal alguns videoclipes para as músicas do 2º disco, “Versus” (1993)?


A banda responderia: “Não... Não estamos mais nessa de videoclipes. A MTV exagerou sobre o conceito relevando somente o visual, onde o principal teria que ser somente sobre o áudio e mensagem passada. A música não deve ser restrita somente a um nome, sabe?”


Continuando com o repórter fictício: “Hey, caras, onde está o lançamento em CD do 3º disco de vocês, “Vitalogy” (1994), assim como todas as outras bandas fazem?”


A banda responderia: “Não... Nós perdemos o vinil para o CD, por isso que vamos lançá-lo em vinil primeiro para que em seguida o álbum seja lançado em CD. E vamos ter a certeza de que o seu CD virá em uma embalagem de livro, no estilo do vinil”.


Repórter fictício: “Hey, caras, vocês vão voltar a trabalhar com a Ticketmaster (única empresa responsável pela venda de ingressos) para a turnê do disco “No Code” (1996), certo?”


A banda responderia: “Não... Isso não faz a gente se sentir bem”.


Líderes da revolução "não há problema em dizer não", PEARL JAM abordou revelações filosóficas em “No Code” - um álbum que passa a ideia de como eles preferem curar as feridas da década de 90 com músicas suaves e experimentais, do que se aprofundar em mais sujos e escuros abismos nos seus acessos de raiva.



"Vejo isto acontecendo e a mensagem que envia" (letra da música “Habit”, de “No Code”).



"Eu acho que todos nós concordamos que o álbum ‘No Code’ foi meio insano, que já não era mais sobre a música somente", disse o vocalista Eddie Vedder em uma entrevista para a revista Spin em 1997.


Os fãs do grunge haviam sido gravemente feridos pela morte de rockstars como Bradley Nowell (vocalista/guitarrista do SUBLIME) e Shannon Hoon (vocalista do BLIND MELON) - juntamente com a maior figura do grunge, Kurt Cobain. O rock alternativo nunca foi sobre festas e felicidade, mas em 1996, o sentido daquele humor sutil encontrado em bandas como o RED HOT CHILI PEPPERS e NIRVANA, passaram muito longe de nós - onde apenas a ressaca permaneceu. Muitas bandas de rock estavam aparecendo em todos os lugares, mas a melancolia e a desgraça soavam agora uma coisa menos sincera...


"Eu aprendi o que significa a expressão da frase de artes marciais, ‘Jeet Kune Do’", disse Vedder para a revista Spin em 1997. "Você sabe, quando alguém vem até você com um monte de energia e você apenas usa esta energia para deixar que ela lhe acerte ou para deixa-la entrar em você... Não vá até lá para lutar contra essas coisas que são muito maiores do que você, apenas se desvie de toda essa energia ou deixe que a coisa da 'viagem' caia sobre si mesmo, entendeu?”


Com uma base gigante de fãs, PEARL JAM espera que nós aprendamos com as tragédias recentes e que possamos desfrutar de novas perspectivas sobre a vida - vendo quem realmente nós somos e nos abraçarmos de vez.



"Venha para enviar, não para menosprezar / Visto em tudo, não em todos" (letra da música “Who You Are”, de “No Code”).



O álbum “No Code” revela mais cor e textura no leque da banda – com a abertura de algumas canções que não irão explodir o seu alto-falante em fúria, mas que irá fazer você se deitar no sofá para meditar.


A banda está ousando e correndo risco em busca da verdade e da auto sabedoria, em canções como a marcha desfilante e edificante da música "Who You Are" - com as suas linhas de baixo por Jeff Ament no estilo “escalando a montanha do Himalaia” e com a unidade vocal de toda a banda em seu refrão - ou a reflexiva canção "In My Tree", cujo órgão (teclados) místico de inspiração oriental faz você realmente subir nesta pacífica casa na árvore de Eddie Vedder.


A inspiração e influência de Neil Young na música "Smile" realmente nos faz sorrir (em oposição à letra desta canção), com um som brilhoso iluminando a terra por um sujeito apreciador da memória – apesar do “torto coração que incha por inteiro” (citando uma parte da letra desta música).


O trabalho de Vedder e Ament com Nusrat Fateh Ali Khan para a trilha sonora do filme "Dead Man Walking" – que teve mais uma canção, “Dead Man”, que também ficou de fora de “No Code” – foi uma grande influência musical para o disco.


"Cantando com Nusrat era muito pesado", disse Vedder. "Havia definitivamente um elemento espiritual ali... Eu vi uma vez ele aquecer a sua voz e me lembro de ter saído da sala realmente espantado! Quero dizer... Deus, que incrível poder e energia eu senti naquela sala, sabe?"


"E nós aprendemos muito com Neil Young também", disse Mike McCready (guitarrista) nesta mesma entrevista para a revista Spin em 1997.



"Eu estou com os meus olhos arregalados e bem abertos / Foi quando eu tive um vislumbre da minha inocência" (letra da música “In My Tree”, de “No Code”).



Como fãs, devemos nos abrir para a comunicação, assim como a mensagem da música "I’m Open" nos encoraja a abraçar o amor e quando Eddie Vedder canta: "Salve, salve os sortudos / Eu me refiro àqueles que estão no amor”, durante uma das raras músicas quebraceiras no disco, a emocionante "Hail Hail". Em entrevista à revista Spin, Vedder brincou: "Eu não quero ser conhecido como um cara que só se lamenta, está bem?"


A canção “Present Tense" se manifesta como o coração do álbum, com letras inspiradoras como: "Inclinando-se para pegar os raios de sol / Uma lição a ser aplicada" e "Você é o único que não consegue perdoar a si mesmo / Faz muito mais sentido viver no tempo presente".



"Se eu soubesse naquele tempo o que eu sei agora" (letra da música “Red Mosquito”, de “No Code”).



Como estimulação, Eddie se abastece de Deus na reflexiva canção "Sometimes" e compartilha uma lembrança sobre a guerra espiritual que nos cerca na bela canção "Red Mosquito". Stone Gossard (guitarrista) que nos desculpe pelo nosso amor pela mais recente música grunge da banda, a corporativa "Mankind" – canção de autoria e cantada pelo próprio Stone, onde as letras dizem: "Se isto apenas não foi advertido, uma simulação / Um padrão para toda a humanidade / O que faz o mundo inteiro fingir?"


Mesmo as canções gravadas na época e que também não entraram no álbum, como as músicas "Black, Red, Yellow" e "Don’t Gimme No Lip", foram mais como um retorno nostálgico ao rock’n roll dos anos 50 e 60, do que os verdadeiros ataques brutos que nós conhecemos.


"Eu acho que nós estamos constantemente tentando encontrar um equilíbrio", disse Jeff Ament para a revista Spin em 1997.


Ao ouvir a tranquilidade e a serenidade de “No Code”, encontramos o PEARL JAM - o cabeça do grunge na década de 90 depois do NIRVANA - em uma guilhotina. Eles brilharam somente com uma lanterna e deram um espelho para a cena grunge - que estava se tornando um reflexo embaçado do passado se entrincheirando na profunda escuridão.


"Fazendo o álbum ‘No Code’”, concluiu Vedder para a revista Spin, "foi tudo sobre ganhar novas perspectivas".


No dia 02 de Setembro/2016, PEARL JAM relançou os seguintes materiais (somente em vinil):


· Álbum “No Code”

· Álbum “Yield”

· Single “Who You Are" / "Habit” (de “No Code”)

· Single “Hail Hail" / "Black, Red, Yellow” (de “No Code”)

· Single “Off He Goes" / "Dead Man” (de “No Code”)

· Single “Given to Fly" / "Pilate" / "Leatherman” (de “Yield”)

· Single “Wishlist" / "Brain of J.” (de “Yield”)


E no dia 17 de Outubro/2014, na cidade de Moline/EUA, PEARL JAM realizou o que pode ser o único show de toda uma geração: incluiu no seu setlist a apresentação na íntegra e na mesma ordem do álbum, as músicas de “No Code”. Este show tem por aí nas internet..

Pearl Jam No Code

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