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by Brunelson

Band of Gypsys: confira agora o belo esclarecimento sobre a origem deste álbum.

* PARTE 02/02:

Jimi Hendrix

No ano de 1970 o JIMI HENDRIX havia lançado o seu 4º e último álbum de “estúdio” chamado “Band of Gypsys”. Sempre querendo inovar nas suas técnicas e métodos de gravação (além de várias circunstâncias burocráticas e emocionais que serão esclarecidas aqui neste e-mail), o Jimi havia optado por gravar este seu novo álbum de estúdio em um show ao vivo, para assim tentar captar a originalidade, alma e fluidez direto da sua essência. Ou seja, para que o mesmo não fosse gravado, editado e produzido em um estúdio de gravação normal, que seria o jeito convencional que todos nós conhecemos de se gravar um álbum...


E claro, as músicas aqui apresentadas são todas inéditas que não constam em nenhum álbum de estúdio que o Jimi já havia lançado até então. O álbum inteiro é uma compilação somente dessas músicas inéditas que foram apresentadas em 02 shows que o Jimi fez na véspera do Ano-Novo de 1969/1970 e mais 02 shows que ele fez no dia 01 de Janeiro/1970, todos realizados na cidade de New York na famosa casa de shows chamada Fillmore East.


E no encarte do livrinho que acompanha este álbum consta uma resenha escrita pelo John McDermott no ano de 2010 (que foi um produtor musical que chegou a trabalhar junto com o Eddie Kramer, o engenheiro de som do JIMI HENDRIX, quando o Jimi era vivo ainda), para que a mesma fosse incluída no relançamento deste álbum. Esta matéria começa assim:




Após 04 décadas da sua prematura morte em Setembro/1970, o álbum “Band of Gypsys” continua sendo uma das conquistas mais impressionantes do JIMI HENDRIX.


Sendo a lidite para a fusão entre o blues, funk rock e o rock’n roll, o álbum ao vivo chamado “Band of Gypsys” capturou a transição inquieta do fenômeno JIMI HENDRIX para novos territórios desconhecidos. Enquanto que as gravações ao vivo deste álbum foram capturadas diretamente dos seus centros de produção, que ficavam quase que inteiramente em torno desta lendária casa de shows chamada Fillmore East na cidade de New York, a profundidade da influência deste power trio se estendeu com força total ao longo do rock e do hip hop até este século atual.


Tão influente como o álbum “Band of Gypsys” se tornou, em última análise as circunstâncias que levaram à criação deste disco foram rotineiramente mal interpretadas ou simplesmente mal entendidas. O emparelhamento do Jimi com o seu novo baixista, o Billy Cox, e com o seu novo baterista, o Buddy Miles (todos os 03 negros), não veio como resultado da "pressão" do grupo negro marginal e político da época chamado “Panteras Negras”, que é uma história falsa e que de tempos em tempos é erroneamente nos contada. Em vez disso, o grupo resultou simplesmente no Billy Cox e no Buddy Miles há juntarem forças para ajudar o seu amigo em comum, o Jimi, a fim de resolver uma amarga disputa judicial. A verdadeira história por trás do álbum “Band of Gypsys” não começou em Outubro/1969, que foi quando o Jimi havia montado esta nova banda, mas sim em Outubro/1965.


No verão de 1965, o Jimi havia renunciado a sua posição como membro da banda de apoio do grupo ISLEY BROTHERS. À procura de novas oportunidades para promover a sua própria carreira, o Jimi se juntou a banda de apoio do cantor CURTIS KNIGHT, um grupo de rhythm & blues cujas performances entusiasmadas ao vivo tinham levado este grupo a uma modesta posição no top hits 40, que abrangia toda a cidade de New York e de New Jersey.


Em Setembro desse mesmo ano, o CURTIS KNIGHT e a sua banda de apoio (que tinha o Jimi nela) foram apresentados para o produtor Ed Chalpin. A empresa do Ed Chalpin, que se chamava PPX Industries e que tinha a sua base na cidade de New York, havia criado um negócio lucrativo gravando versões covers de músicas que estavam no topo das paradas nos EUA, mandando-as para as gravadoras estrangeiras que então incluíam as suas letras traduzidas nestas canções. Com um olho nas paradas de sucesso dos EUA, o Ed Chalpin assinou um contrato de gravação exclusivo com o CURTIS KNIGHT e com a sua banda de apoio, bem como com o Jimi. Desesperado por uma chance de gravar a sua música em um estúdio de gravação, o Jimi assinou o contrato deixando de informar ao Ed Chalpin que apenas 03 meses antes ele já havia assinado um acordo semelhante com o lendário produtor de rhythm & blues, o Juggy Murray, que iria gravar as músicas do Jimi pela gravadora chamada Sue Records, que era a mesma gravadora também utilizada pelos luminosos cantores como o IKE TURNER, TINA TURNER e pela BABY WASHINGTON.


Sob a direção do Ed Chalpin, o CURTIS KNIGHT e a sua banda de apoio gravaram um certo número de canções originais com a esperança de quebrar indescritíveis paradas de singles da Billboard. Estas canções, em grande parte composta pelo CURTIS KNIGHT que era o vocalista do grupo, foram gravadas durante as sessões de estúdio entre Outubro e Dezembro/1965. 02 singles que caracterizam o som do Jimi com o CURTIS KNIGHT chamados "How Would You Feel" and "Welcome Home", e o outro single chamado "Hornet’s Nest" and "Knock Yourself Out", foram lançados no início do ano de 1966 pela RSVP Records, uma pequena gravadora independente da cidade de New York. Com as músicas "Hornet’s Nest" e "Knock Yourself Out", o Jimi havia assinado a autoria instrumental dessas músicas como "Jimmy Hendrix", sendo que ele ganhou o seu 1º rótulo como co-compositor recebendo os créditos instrumentais destas 02 canções também. No entanto, apesar de alguns interesses regionais em menor escala, nenhum desses singles chegaram a agradar qualquer impacto geográfico em particular.


O Jimi excursionou com a banda de apoio do CURTIS KNIGHT, mas logo ele se cansou em ficar realizando versões cover dos hits top 40 noite após noite. Poucos meses depois, o Jimi deixou a banda do CURTIS KNIGHT e mudou-se para o bairro da cidade de New York chamado Greenwich Village. Lá, ele adotou o nome artístico “Jimmy James” e formou o seu próprio grupo chamado JIMMY JAMES & THE BLUE FLAMES, caracterizando um adolescente que ninguém conhecia na 2ª guitarra nesta mesma banda, um rapaz chamado Randy California (que mais tarde foi o vocalista/guitarrista da banda SPIRIT).


Foi durante a execução como “Jimmy James” que o Jimi foi observado pelo Chas Chandler, que era o baixista da banda THE ANIMALS. Querendo se aposentar do palco para perseguir uma carreira na produção de discos, o 1º projeto do Chas Chandler era encontrar um artista para gravar uma nova interpretação da música chamada "Hey Joe".


O Chas Chandler tinha ficado impressionado com a versão cover que o cantor TIM ROSE havia gravado da canção “Hey Joe”, e ele tinha se sentido convencido de que o Jimi poderia alcançar um disco de sucesso no Reino Unido com uma versão cover desta música também. A Linda Keith, uma amiga em comum do Jimi e do Chas Chandler, encaminhou o baixista da banda THE ANIMALS para o clube chamado Cafe Wha? para ver o “Jimmy James”. Regido pelo destino e sem nunca ter conversado com o Chas Chandler antes, o Jimi começou a sua performance com a sua própria versão cintilante da música "Hey Joe", deixando o Chas Chandler pasmo!


Imediatamente após a performance, o Chas se aproximou do Jimi e se ofereceu para levá-lo para a Inglaterra, onde ele iria produzir e gerenciar a sua carreira. Em Setembro/1966, o Jimi viajou com o Chas para Londres e começou a sua nova jornada. Sob a supervisão hábil do Chas e agora já nomeado como JIMI HENDRIX, o mesmo montou a sua recém-formada banda junto com o Mitch Mitchell na bateria e com o Noel Redding no baixo, para rapidamente dispararem para o sucesso internacional. Os singles que foram lançados como as canções "Hey Joe" e "Purple Haze", juntamente com o seu 1º álbum de estúdio lançado no ano de 1967 chamado "Are You Experienced", que diga-se de passagem se tornou um impressionante álbum de estreia, estabeleceu firmemente a posição do Jimi entre a elite do rock’n roll onde ele desfrutou de grande elogio referente às suas apresentações dramáticas e pela abordagem inovadora que ele criou para a guitarra elétrica.


Mas a palavra de notável sucesso que o nome JIMI HENDRIX alarmou no estrangeiro não havia passado despercebido pelo Ed Chalpin. Chalpin, cujo último contato com o Jimi havia sido em Dezembro/1965, ficou chocado ao ler relatórios de revistas comerciais alardeando as realizações do JIMI HENDRIX. Ao contrário do que havia feito o antigo produtor Juggy Murray, que tinha vendido os seus direitos autorais do contrato firmado do Jimi com a Sue Records lá em Julho/1965 para o Chas Chandler, o Ed Chalpin nunca havia sido abordado por ninguém desde então. Se sentindo apaixonado pelo status atual do Jimi, o Ed Chalpin “entendeu” que o Jimi havia violado o seu acordo como artista exclusivo dele. Determinado a reverter à situação a seu favor, na primavera/1967 o Ed Chalpin iniciou uma batalha judicial longa e amarga para recuperar o Jimi para si novamente, além dos direitos sobre as suas gravações que eram da sua empresa, a PPX Industries.


Durante o verão deste mesmo ano com ambos os lados trocando acusações, o Jimi inexplicavelmente ofereceu os seus serviços para o Ed Chalpin e para o CURTIS KNIGHT (cumprindo este "dever" com o CURTIS KNIGHT também porque o Jimi fazia parte da banda de apoio dele) não 01 vez, mas em 02 ocasiões. Em sessões de estúdio com a banda do CURTIS KNIGHT, o Jimi se envolveu em “jam sessions” com o seu ex-grupo e ainda lhes emprestou baixos e guitarras para as gravações de um novo álbum de estúdio da banda do CURTIS KNIGHT com o Jimi na guitarra.


A disputa judicial escalou em Novembro/1967, quando o Ed Chalpin celebrou um contrato com a Capitol Records para lançar as suas próprias gravações da banda do CURTIS KNIGHT com o Jimi na guitarra. Seleções foram abatidas a partir de 1.965 mil fitas masters que correspondiam às 02 sessões de gravação em estúdio que o Jimi havia feito com a banda do CURTIS KNIGHT no ano de 1967, lançando assim um álbum chamado "Get That Feeling" em Dezembro/1967. O Jimi e os seus 02 gerentes, o Chas Chandler e o Michael Jeffery, ficaram furiosos citando o papel limitado do Jimi nas gravações dessas músicas, sendo que a arte da capa deste álbum parecia ampliar a contribuição global do Jimi ao disco.


Como o álbum "Get That Feeling" poderia competir com as vendas do recém-lançado 2º álbum de estúdio do JIMI HENDRIX chamado “Axis: Bold as Love” (que havia sido lançado pela Reprise Records em 1967), sendo que a Capitol Records seguiu com o seu holofote "piscando" para todo mundo ver dando a entender que o 2º álbum do Jimi era um compilado de músicas a partir de várias fitas de sessões do Ed Chalpin?


Depois de meses de disputas judiciais amargas entre as 02 partes, foi alcançado um acordo em Julho/1968 que concedeu ao Ed Chalpin e a Capitol Records certas considerações financeiras e os direitos de distribuição de certos álbuns que continham apresentações ao vivo do JIMI HENDRIX. Nesta época, como o Jimi estava então no processo de finalizar o seu álbum duplo que veio a ser o 3º disco de estúdio do JIMI HENDRIX chamado "Electric Ladyland" para a Reprise Records, a Capitol Records concordou em aceitar que o futuro 4º álbum de estúdio da banda seria a sua devida remuneração também.


Ansioso para resolver este problema o empresário do Jimi, o Michael Jeffery, “empurrou” este 3º álbum para que o mesmo fosse entregue o mais rápido possível. Os muitos meses exaustivos dedicados à criação do disco "Electric Ladyland", no entanto, havia desgastada a relação do Jimi com o Chas Chandler. Os 02 entraram em confronto sobre as abordagens individuais de cada um para as gravações destas músicas, sendo que o Chas teve que seguir o seu caminho...


Sem o Chas para arbitrar essas disputas as sessões que o Jimi criava eram muitas vezes improdutivas, com o Jimi cada vez mais incapaz de distinguir a qualidade das suas próprias performances. Com pouco material novo na mão, em Outubro/1968 as sessões para este 3º álbum de estúdio da banda foram, em grande parte, realmente improdutivas. Como a relação entre o Jimi e o baixista da banda, o Noel Redding, estava se deteriorando ainda mais, os esforços do grupo na gravação deste disco como uma unidade do jeito que sempre havia sido, foram raros. Sendo que eles deixaram de gerar até mesmo um único single para este disco, muito menos havia se tornado um álbum finalizado por mestres. Com a popularidade da banda ainda em alta, o Jimi havia sido vítima do peso da sua fama combinado pela sua agenda exaustiva de aparições públicas.


Com o Jimi incapaz de completar um álbum de gravações em um estúdio convencional, shows nas cidades de Los Angeles e San Diego foram gravados para um possível álbum ao vivo. Enquanto essas gravações eram revisadas para a liberação, o Michael Jeffery decidiu ir contra o conceito de um álbum ao vivo e reiterou o seu apelo para a realização daquele 4º álbum de estúdio que era devido à Capitol Records, que por sinal já estava muito atrasado para ser lançado. A elaboração de uma sequência digna ao soberbo 3º disco chamado "Electric Ladyland", no entanto, continuou a iludir o Jimi.


Em Maio/1969 o Jimi foi preso no aeroporto da cidade de Toronto no Canadá, por porte de drogas (na verdade, a heroína encontrada na sua mala havia sido colocada por uma tiete que estava acompanhando o Jimi, achando que a droga estaria mais segura na mala do Jimi. Para entender melhor, leia o livro chamado "Jimi Hendrix: A Dramática História de Uma Lenda do Rock", da autora e amiga confidente do Jimi, a jornalista Sharon Lawrence). A prisão escureceu o humor do Jimi e criou uma ansiedade crescente que serviu para amortecer o seu espírito criativo. Já assolado pela turbulência e pelo constrangimento criado pelo busto da cidade de Toronto, a banda se desfez logo após uma aparição na cidade de Denver/EUA no mês de Junho/1969. Ao longo das semanas que se seguiram a partir deste mês, o Jimi havia substituído o seu baixista, o Noel Redding, pelo seu velho companheiro do exército, o Billy Cox. Experimentos do Jimi agora com uma banda numerosa e preenchida com elementos de percussão extras (com 02 pessoas a mais na banda para fazer a percussão) e mais com 01 pessoa na 2ª guitarra, foram ensaiados na casa alugada para retiro de verão do Jimi localizado no distrito de Shokan em New York. Esta nova banda marcada pelo Jimi com os seus novos amigos, seria a atração principal do Woodstock Festival realizado em Agosto/1969.


Incapaz de perceber os sons que o Jimi havia esperado que a sua nova banda “alargada” poderia fornecer-lhe, o seu grupo de “malha-frouxa” foi dissolvido no final de Setembro/1969. Sob crescente pressão para entregar um álbum à Capitol Records, o Jimi estava sem banda e inseguro quanto a sua futura direção. Reconhecendo que o Jimi já deveria ter completado o seu 4º álbum de estúdio há muito tempo a fim de que a sua carreira pudesse ser retomada novamente, o Billy Cox e o Buddy Miles “empurraram” o Jimi a criar uma nova banda para que isso pudesse ser feito.


Foi alcançado um acordo com o promotor de eventos da cidade de New York chamado Bill Graham, para que este novo grupo promissor pudesse realizar 02 shows por noite. Seriam 02 shows no dia 31 de Dezembro/1969 e mais 02 shows no dia 01 de Janeiro/1970. Enquanto que a 1ª formação original da banda do JIMI HENDRIX havia vendido todos os ingressos para um show que havia sido realizado no famoso ginásio da cidade de New York chamado Madison Square Garden, apenas 09 meses antes, desta vez o Jimi optou por um local menor e mais intimista para o seu novo grupo. Foram feitos planos para gravar todas as 04 performances, mas havia uma cláusula judicial que impedia o Jimi de realizar estes compromissos porque ele ainda iria ser julgado pela justiça da cidade de Toronto naquele mesmo mês de Dezembro/1969, devido àquela acusação por porte de drogas. Felizmente, o Jimi foi rapidamente e corretamente absolvido de todas as acusações, tirando um enorme peso dos seus ombros (sempre devemos lembrar que a autópsia realizada no corpo do Jimi não constatou nenhuma marca de agulhas).


Para se preparar para os shows de Ano-Novo no Fillmore East, o grupo dedicou longas horas para os ensaios que foram realizados no Baggy Studios, que era um estúdio localizado na área baixa de Manhattan que antes de ser convertido em um estúdio, operado pelo ex-roadie da banda chamada SOFT MACHINE, o Tom Edmonston, este local era um simples armazém. Aqui, sem a pressão e sem as despesas de desenvolvimento que um novo álbum proporciona devido ao seu estúdio em questão, esta nova banda do Jimi nos apresentou os seus serviços com novas músicas originais e inéditas. Eram canções emocionantes do Jimi como as músicas "Message to Love", "Earth Blues" e "Burning Desire", por exemplo.


Estas novas canções do Jimi havia deixado clara a mudança emergente da sua direção musical.


O significado por si só dos títulos destas canções - "Message to Love", "Power of Soul", "Earth Blues", "Burning Desire" - sugerem uma mudança nos temas desenvolvidos pelo JIMI HENDRIX. O humor brincalhão do Jimi era um trunfo essencial de tais clássicos da banda como as canções chamadas "Crosstown Traffic" e "Rainy Day Dream Away", mas que agora havia sido substituído por um estridente senso de auto avaliação. Além disso, o Billy Cox e o Buddy Miles estimularam um abraço à tradição rhythm & blues que todos eles, assim como o Jimi, compartilhavam entre si. Através de músicas inspiradas como "Power of Soul" e "Ezy Ryder", este novo power trio de rock’n roll e de funk rock se fundiu com uma facilidade sem paralelos.


Para celebrar o início da nova década que estava por vir, o empresário do Fillmore East, o Bill Graham, fez um grande esforço para garantir uma noite especial para os seus patrões vestindo os empregados da casa com camisas especiais e colocando tamborins de brinquedo em cada um dos 2.639 mil assentos. A banda respondeu na mesma moeda com um JIMI HENDRIX se apresentando de uma forma espetacular ao longo destes 04 shows.


Arriscando a rejeição e a perspectiva desagradável de ter solicitações da plateia para que ele tocasse músicas mais conhecidas como "Wild Thing" e "All Along The Watchtower", o Jimi corajosamente estreou o seu novo material da sua nova banda simplesmente à vontade e intercalando livremente canções inéditas como "Izabella" e "Stepping Stone" com as músicas padrões das antigas da sua ex-banda, como "Fire "e" Voodoo Child ".


Apesar do sucesso dramático dos seus 04 shows com ingressos esgotados, já haviam outros compromissos futuros agendados (exceto por uma aparência abortada no Festival de Inverno no Madison Square Garden no dia 28 de Janeiro/1970, que havia sido organizado pelo famoso produtor e promotor musical, o Sid Bernstein, para celebrar a paz no mundo. Aqui, o Jimi entrou em uma “bad trip” devido a um ácido LSD ruim que ele havia tomado antes do show, o que lhe impediu de realizar este concerto por completo).


Já que as fitas gravadas dos shows realizados no Fillmore East estavam agora na mão do empresário do Jimi, o Michael Jeffery, o mesmo queria que o Jimi reformasse a sua antiga banda e que retomasse a sua turnê. O Michael Jeffery via como necessária a retomada da turnê do Jimi com a sua antiga banda, de modo que as verbas para a construção do estúdio do Jimi que se chama Electric Lady Studios e que estava em andamento ainda, viessem da retomada da sua turnê. O Michael Jeffery via a economia que ele iria juntar realizando as gravações do Jimi (e de outras bandas) neste estúdio de gravação localizado no bairro de Greenwich Village, já que ambos foram parceiros iguais neste negócio..., sendo que eles estariam “quites” após isso.


O Jimi rejeitou esta sugestão do seu empresário e os 02 se chocaram violentamente durante os dias que antecederam àquele desempenho abortado do Jimi no Madison Square Garden. A tensão resultante (além do ácido LSD ruim que ele tomou) foi muito mal impactada pelo Jimi forçando-o a sair “marchando” para fora do palco com a realização de apenas 02 músicas tocadas. Nos bastidores do palco em meio ao caos e confusão, o Michael Jeffery demitiu o baterista Buddy Miles e disse que esta formação atual da banda não existia mais.


Antes da derrocada no Madison Square Garden, o Jimi e o seu fiel engenheiro de som e produtor chamado Eddie Kramer, fizeram uma avaliação das fitas masters das 04 performances no Fillmore East e prepararam a compilação do álbum "Band of Gypsys" somente com músicas inéditas até então e que não haviam entrado em nenhum álbum de estúdio do JIMI HENDRIX antes. Ironicamente, a produção deste álbum foi realizada no Juggy Sound Studios, antiga sede de gravação da Sue Records do produtor Juggy Murray. Desenhada a partir das 02 apresentações do grupo no dia 01 de Janeiro/1970, as músicas "Power of Soul" e "Message to Love" foram 02 das mais promissoras novas composições do Jimi, enquanto que a canção "Machine Gun", peça central do álbum, permaneceu como uma das conquistas supremas do guitarrista.


Apesar de uma abundância de performances empolgantes para se escolher, foi declarado um número de canções limite para o novo álbum do Jimi. De acordo com o Eddie Kramer, o Jimi queria esperar até o Electric Lady Studios ser inaugurado para que ele pudesse terminar as versões definitivas de canções como "Izabella" e "Ezy Ryder", por isso que estas 02 músicas não entraram neste álbum ao vivo. Buscando ser equitativo, o Jimi queria que o álbum contasse ainda com as 02 músicas compostas pelo Buddy Miles. Em última análise, a escolha das composições mais célebres do Buddy Miles chamadas "Changes" e "We Gotta Live Together", cujo grande crescendo que há no final desta última canção havia sido apresentada como um bis no 2º show do dia 01 de Janeiro/1970, foi o seu posicionamento para que esta canção fosse à música que iria fechar o álbum.


Após o seu lançamento no mês de Abril/1970, o 4º álbum de “estúdio” do JIMI HENDRIX chamado "Band of Gypsys" prontamente fez o Jimi ganhar o seu 5º consecutivo lugar dentro do Top 10 da Billboard (05 vezes porque aquele álbum com o CURTIS KNIGHT também havia chegado lá). Em 2º lugar apenas perdendo as vendas para o 1º álbum de estúdio do Jimi chamado "Are You Experienced", antes da sua morte em Setembro/1970 o álbum “Band of Gypsys” alcançou a posição nº 05 no Top 10 da Billboard e permaneceu nesta mesma lista durante todo o verão americano. Apesar do desempenho excepcional das vendas deste álbum, no entanto, o Jimi não viveu o suficiente para ver o seu cheque de royalties a partir de um disco que tinha complicado tanto a sua vida e a sua carreira. A sua morte havia roubado da música popular americana um dos seus mais brilhantes inovadores.


Estatísticas com números de vendas, no entanto, fazem pouca medição e precisão quanto ao impacto duradouro que o álbum "Band of Gypsys" fez no rock’n roll, no funk rock, no rhythm & blues e no hip hop. Sendo o 4º e último álbum de “estúdio” autorizado pessoalmente pelo JIMI HENDRIX, o disco "Band of Gypsys" não apenas suportou o seu legado que tem se desenvolvido desde então, mas com o seu amplo apelo e com a sua poderosa música o JIMI HENDRIX continua a inspirar novas gerações.



por: John McDermott.

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