Alice in Chains: quando saíram em turnê abrindo para o Extreme
Depois que o ALICE IN CHAINS lançou seu álbum de estreia em agosto de 1990, "Facelift", ficou claro a potência e técnica que essa nova banda tinha a demonstrar, além de sua singularidade que era única e inédita na época.
Esse disco simplesmente iria nos apresentar a música que fez o ALICE IN CHAINS ficar conhecido no mundo inteiro, "Man in The Box", e se tornando o 1º álbum grunge a ser certificado com Disco de Ouro. Sua mistura única de metal com hard rock ressoou no público, esta que tinha sido a 3ª banda do recinto grunge a assinar um contrato com uma grande gravadora.
Não muito depois de seu lançamento, o grupo realizou uma série de shows de aquecimento em sua cidade natal, Seattle, um lugar febril com vários artistas prestes a dominarem o mundo. Na época, seus colegas do SOUNDGARDEN tinham acabado de completar a turnê do seu 2º álbum de estúdio, "Louder Than Love" (1989), com isso, a esposa de Chris Cornell nessa época, Susan Silver, era empresária das 02 bandas e junto com sua equipe eles trabalharam na 1ª grande turnê do ALICE IN CHAINS que logo de cara já tinha seu ônibus de turnê.
A campanha promocional do álbum "Facelift" culminou com o ALICE IN CHAINS mostrando seus talentos como banda de abertura da lendária turnê chamada Clash of The Titans no início de 1991, ao lado das lendas do metal: ANTHRAX, MEGADETH e SLAYER. Essa turnê destacou suas proezas musicais e a energia implacável do vocalista Layne Staley, o que lhes rendeu respeito, especialmente quando Staley confrontou membros hostis do público de uma maneira adequada ao espírito que ainda iria ser chamado de grunge na época.
Antes disso, o ALICE IN CHAINS tinha feito uma turnê abrindo shows para as bandas glam metal, VAN HALEN e POISON, do qual, ironicamente, a cena grunge praticamente significaria seu fim. Este período inclui também 01 mês de duração em que o grupo embarcou abrindo os shows para o EXTREME, outra banda glam metal e que ensinou o ALICE IN CHAINS o que não ser quando estivesse em turnês.
A turnê tocou em locais com capacidade entre 500 e 1.500 pessoas, e instantaneamente a equipe experiente por trás do ALICE IN CHAINS sentiu que os membros do EXTREME não sabiam o que estavam fazendo, além disso, havia muito pouco humor ou companheirismo entre os dois grupos, cujas abordagens à música e à vida eram muito diferentes - o nome EXTREME era apropriado para sua natureza séria.
Refletindo sobre esse período, o guitarrista do ALICE IN CHAINS, Jerry Cantrell, disse uma vez em entrevista ao jornalista Greg Prato: “Começando com uma turnê realmente ruim para nós, onde abrimos para o EXTREME por 30 dias. Jesus Cristo, alguns caras da banda eram legais, mas havia outros caras que tinham egos inflados, sabe? No final desses 30 dias, já tínhamos passado o suficiente, tipo, estávamos tocando em locais praticamente vazios, pois nessa época o EXTREME ainda não era conhecido pela sua canção hit, 'More Than Words’".
EXTREME supostamente se levava tão a sério que o ALICE IN CHAINS foi proibido de fumar ou beber no palco, já que o vocalista do EXTREME gostava de se apresentar descalço. Mais tarde, um dos membros da equipe do ALICE IN CHAINS teria dito: “Eles eram pessoas muito, mas muito cafonas. E a música deles era exatamente como eles eram”.
ALICE IN CHAINS lidou com questões como ter seus amplificadores desligados durante as apresentações, recebia iluminação básica nos palcos e o irritante show na cidade de Atlanta, onde a bateria do EXTREME ocupava tanto espaço que Staley foi forçado a cantar na lateral do palco. Esses aborrecimentos foram significativos o suficiente para que o ALICE IN CHAINS resolvesse tratar suas futuras bandas de abertura com nada além de respeito.
Em seu último show daquela turnê, o ALICE IN CHAINS estava tão farto que queria se divertir de verdade. Em total aversão às regras fúteis instituídas pelo EXTREME, eles beberam e fumaram no palco, derramando suas bebidas e jogando as bitucas de cigarro propositalmente no palco. O baixista do ALICE IN CHAINS, Mike Starr, até vomitou na bateria do EXTREME. No show anterior, ele já tinha caído bêbado nas caixas de som do EXTREME.
O baterista do ALICE IN CHAINS, Sean Kinney, falou sobre essa turnê abrindo os shows para o EXTREME em uma entrevista para a revista Guitar World em 1999. Ele disse que o público do EXTREME “gostava” do ALICE IN CHAINS, mas havia “muito atrito” entre as duas bandas. Como era a 1ª grande turnê do ALICE IN CHAINS, eles bebiam muito o tempo todo, deixando um rastro de destruição por onde passavam.
No final, Kinney admitiu que eles tinham sido realmente expulsos da turnê por seus comportamentos, mas felizmente a grandeza do ALICE IN CHAINS era fácil de enxergar e sua próxima turnê eles logo seriam recompensados.
Kinney concluiu: “Não importa onde estivéssemos, garantíamos que iríamos nos divertir. Logo em nossa próxima turnê estávamos abrindo os shows para Iggy Pop. Sabe, tocamos para muitos públicos diferentes no começo de carreira”.
Comments