Dave Grohl: "é uma das minhas músicas preferidas do Foo Fighters e liricamente a mais pesada que já escrevi"
by Brunelson
11 de mar.
Não há um roteiro para onde um grupo deve ir quando se torna famoso.
Para a maioria das bandas, o minuto em que começam a ver o sucesso é geralmente o beijo da morte e eles precisam decidir qual caminho seguir: passar o resto da vida sob os holofotes fazendo a música que gostam, independente se irá vender ou agradar o público mainstream, ou aceitar o ingresso para se tornar um produto, obedecendo ordens de sua gravadora e empresários para fazer música comercial e rentável.
Quando Dave Grohl formou o FOO FIGHTERS, ele já vinha com uma grande bagagem nas costas em sua experiência como baterista do NIRVANA, testemunhando in loco o que a fama e pressão ocasionou em Kurt Cobain, ainda mais quando o NIRVANA lançou seu último álbum, "In Utero" (4º trabalho de estúdio, 1993), batendo de frente com sua gravadora ao apresentar o lado-b do álbum "Nevermind" ao mundo (2º disco, 1991).
Os 02 primeiros álbuns do FOO FIGHTERS foram um sucesso de crítica e vendas, mostrando uma banda nirvanesca com dotes hardcore trazidos por Grohl de sua vivência e cultura na capital Washington na década de 80, este que foi o berço do hardcore na época.
Depois do sucesso estrondoso e turnê do seu 2º disco, "The Colour and The Shape" (1997), Dave Grohl começaria por conta própria a experimentar de leve o som do FOO FIGHTERS, seja na sonoridade ou no local escolhido para gravar um álbum de estúdio - coisas que viriam gradativamente na carreira da banda a partir deste século.
Depois de ter gravado o 2º álbum em um estúdio de ponta e muito caro em Los Angeles, Grohl imaginou que a próxima melhor coisa seria a banda gravar no porão da sua casa na Virginia, onde ele possui um estúdio caseiro. E para melhor contextualizar, era um ato de defesa e reagrupamento, após o grupo ter lidado com a saída de 03 membros nesse ínterim entre o 2º e 3º disco.
Nesse novo estado que o FOO FIGHTERS se encontrava, até cogitou-se se tornar uma banda power trio - pelo menos o 3º álbum, "There is Nothing Left to Lose" (1999), foi gravado somente por Dave Grohl (vocalista/guitarrista), Nate Mendel (baixista) e Taylor Hawkins (baterista) - e seria natural que a parte lírica das novas músicas que Grohl criaria abrangeria outros tópicos refletindo o que o grupo estava passando no momento, desde sua nova formação, até à implantação de novas ideias e composições musicais que agradassem primeiramente ao FOO FIGHTERS.
Sendo assim, uma das canções que simboliza essa época de gênese transformativa e que seria lançada nesse 3º álbum, foi "Aurora", uma composição musical que solidificou o FOO FIGHTERS como uma banda power trio e onde todos os membros do grupo (independente de qual formação tenha passado na banda até aquele momento) contribuíram juntos pela 1ª vez.
E para Dave Grohl, eram as letras mais envolventes e pesadas que ele tinha escrito até então.
“A canção ‘Aurora’ é definitivamente uma das minhas preferidas que já criamos. Em termos de letras, é apenas um grande ponto de interrogação, mas as palavras soam bem e é um olhar nostálgico para Seattle e a vida que eu já tive. Essa música realmente questiona o significado da vida e é provavelmente a coisa mais pesada que já escrevi, liricamente falando”, havia dito Grohl uma vez em entrevista.
Embora a letra seja reconhecidamente sincera para Grohl, na verdade faz todo o sentido depois de ouvir que a canção "Aurora" se refere à Aurora Avenue em Seattle. Por todas as ótimas memórias que ele teve em Seattle com o NIRVANA e a explosão do grunge no início dos anos 90, isso mais parece uma despedida afetuosa, ou pelo menos o fim de uma era para seu tempo no noroeste do Pacífico.
A música "Aurora" é simplesmente uma das melhores em toda a discografia do FOO FIGHTERS. Por muito tempo ela foi deixada de fora do setlist dos shows da banda, sendo tocada uma vez aqui e outra ali, mas depois do falecimento do baterista Taylor Hawkins em 2022, a mesma vem sendo apresentada em todos os shows do grupo, com Grohl a introduzindo em forma de homenagem ao seu ex-baterista.
A canção "Aurora" também é marcada por sua sonoridade atípica ao som que o FOO FIGHTERS vinha apresentando às massas, por ser também uma das músicas preferidas de Hawkins e por ter sido a 1ª que Hawkins gravou uma faixa de bateria no estúdio para ser lançada em um disco do FOO FIGHTERS.
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