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by Brunelson

Dave Grohl: explicando a diferença entre os bateristas ingleses e americanos


Dave Grohl não gosta de jargões técnicos.


Ele pode ser um músico lendário como baterista do NIRVANA e frontman do FOO FIGHTERS, mas está registrado como tendo apenas uma aula de bateria em toda a sua vida. Ele não sabe ler música, não tem nenhum treinamento formal em teoria e provavelmente não dá a mínima para termos como “melisma” ou “decrescendo”.

Isso não significa que ele não saiba o que são essas coisas, apenas que ele possui a sua própria linguagem para explicá-las, uma linguagem que provavelmente faria com que você fosse expulso do coral do ensino médio ou de um conservatório de música.

Mas não se engane: Dave Grohl conhece as coisas dele.

Obcecado por música durante toda a sua vida, Grohl foi capaz de captar as complexidades de suas inspirações, especialmente quando se tratava de tocar bateria. Se você precisa de alguém para explicar a bateria selvagem de John Bonham no LED ZEPPELIN, ou precisa de uma atualização sobre como Neil Peart foi capaz de tocar todas aquelas viradas insanas na bateria do RUSH, Grohl é o cara.

Mesmo os bateristas menos pesados estão em seu leme, como mostrado pela sua reverência a Ringo Starr numa entrevista para a Uncut Magazine em 2006: “Se os BEATLES eram o quarteto original do rock’n’roll, então, Ringo Starr era o baterista original do rock’n’roll”, disse Grohl. “Esse foi o modelo para os próximos 40 anos de música. Eles certamente foram a base para o que eu faço e Ringo Starr parecia ser a base dos BEATLES. Sempre achei que ele tinha um ótimo estilo, uma levada maravilhosa e ele era um showman. Muitos bateristas não são considerados showman, mas ele com certeza era".


Grohl respondeu à sua própria falta de análise precisa, dizendo: “Não sou um baterista técnico de forma alguma, tipo, gosto de ouvir bateristas que fazem você querer tocar bateria ou dançar e Ringo Starr era um compositor no que diz respeito à sua bateria e isso é importante pra mim. Com aquelas primeiras músicas dos BEATLES que foram imediatamente cativantes, era o trabalho de Ringo Starr carregar tudo aquilo, ditando a dinâmica e o sentimento nas canções. Sabe, você quer ouvir um baterista que soa como um ser humano, mesmo que tenha alguma 'verruga' e acho que o seu jeito de tocar refletia a sua personalidade e isso fazia você se sentir bem. Você pode ouvir e entender que ele era uma pessoa legal apenas ouvindo a sua música e graças a Deus por ele não querer fazer solos de bateria”.

Grohl também afirmou que Ringo Starr serviu como o principal precursor de diferentes estilos de percussão em bateristas americanos e britânicos: “Juro por Deus, você pode dizer a diferença entre um baterista inglês e um americano”, afirmou Grohl. “A maioria dos bateristas ingleses possuem uma amplitude de oscilações (swing), mas a maioria dos americanos não. Ouça qualquer música da banda SUPERGRASS e você encontrará um pouco de Ringo Starr na bateria deles. Sabe, você não ouve muito disso nos EUA, porque esse é o Ringo 'Roll'. Quando estamos no estúdio com o FOO FIGHTERS e quero um som desses, eu digo a Taylor Hawkins (baterista): 'Hey, faça um Ringo aí'. E todos nós sabemos o que isso significa".


No final dessa reportagem, Grohl falou que nunca conheceu Ringo Starr até aquele momento, mas ouviu dizer que ele era uma alma gentil e expressou interesse em fazer amizade com ele um dia.

Desde essa entrevista de 2006, Grohl viria a conhecer e chegou até a entrevistar Ringo Starr para a revista Rolling Stone, assim como já fez colaborações musicais com ele e prestou homenagem ao baterista dos BEATLES várias vezes.


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