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by Brunelson

Dave Grohl: "se você é desconhecido e lhe oferecem 01 milhão de dólares, diga não" - Parte 6


Confira a entrevista que o site Vulture havia feito com Dave Grohl, baterista do NIRVANA e frontman do FOO FIGHTERS, em divulgação ao seu novo livro biográfico, "The Storyteller: Tales of Life and Music".









Nesta 6ª parte que separamos para você, Grohl relata como foi o momento em que o NIRVANA estava sendo cortejado por grandes gravadoras e assinaram com a Geffen Records para gravarem o álbum "Nevermind":


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Jornalista: Tenho certeza que você já ouviu falar um zilhão de vezes ao longo dos anos que o 1º álbum homônimo do FOO FIGHTERS é uma espécie de situação tipo o do beatle George Harrison "All Things Must Pass". NIRVANA, a maior banda do mundo quebra e você aterrissa os seus pés com um ótimo álbum de estreia do FOO FIGHTERS... Você ouve muito esse disco do FOO FIGHTERS?


Dave Grohl: Eu escutei esse 1º disco do FOO FIGHTERS não muito tempo atrás e sonoramente é um álbum muito louco.


Jornalista: Não parece muito que foi lançado em 1995...

Grohl: Parte disso tem a ver com o ambiente acústico e parte tem a ver com a urgência do momento. Aquele estúdio onde foi gravado é diferente de qualquer outro estúdio em que já estive na vida. É construído na encosta de uma colina e todo emparedado por pedras, tipo, a sala de gravação é toda montada de pedras e mármore. A maioria das pessoas consideraria isso um ambiente acústico e tivemos 06 dias para trabalhar em 14 músicas, sendo que tinha somente 01 pessoa tocando toda aquela merda. Então, eu poderia gastar, talvez, umas 02 horas em cada música e gravava a faixa de bateria em 01 tomada, depois corria e fazia 01 faixa de guitarra, talvez a dobrando em algumas músicas e gravava o baixo depois. Em cerca de 01 hora e 15 minutos, eu conseguia terminar toda a parte instrumental de 01 música somente. Em média, eu tinha que gravar 04 canções por dia e a intenção não era fazer um disco completo, era só para gravar aquelas músicas em uma mesa de 24 canais.


Jornalista: Você já gravou em porões, garagens, estúdios profissionais e estúdios caseiros. Como a pessoa que dirigiu o documentário Sound City (2013), um documentário inteiro sobre o quão bom é o som que tal estúdio oferece, mesmo assim você parece que está em uma busca para encontrar a sala com o som perfeito?

Grohl: Bom, de todas os estúdio em que gravei, Sound City Studios é o mais próximo que você vai conseguir. A magia daquele antigo armazém em um complexo industrial em Los Angeles é indefinível. Não faz sentido porque a sala soa daquela maneira maravilhosa e simplesmente o negócio acontece. É como a merda do Triângulo das Bermudas dos estúdios...


Jornalista: No seu novo livro biográfico, você disse que a gravadora escolheu o Sound City Studios para gravar o disco "Nevermind" do NIRVANA porque tinha a vantagem de estar perto o suficiente dos escritórios da gravadora, a Geffen Records, para que eles se certificassem de que vocês não estavam “fazendo outra grande fraude do rock and roll, à la SEX PISTOLS". Por favor, fale sobre essa questão.

Grohl: Acho que a gravadora queria que estivéssemos perto para que pudessem ficar de olho em nós, porque não éramos ninguém naquele momento. Eles iam nos entregar este grande cheque de pagamento para nós, que na verdade não era tão grande assim. Foi, eu não sei, no final de tudo sobrou U$ 35 mil dólares para repartir em nós 03 da banda. Fosse o que fosse, eles iriam nos entregar todo esse dinheiro, cruzar os dedos e esperar que iriam ter um disco pronto. Quando fomos cortejados por todas essas gravadoras na época, eles voavam para Seattle e nos levavam para jantar em restaurantes caros e nos mostravam um cartão de crédito que diziam que nos dariam 01 milhão de dólares, e então, a gente voltava para aquele apartamento de merda onde morávamos e mal tínhamos dinheiro para comer.

Grohl: Quando uma gravadora lhe diz: “Hoje vamos te dar 01 milhão de dólares”, o que você faz? Você diz não, porque é uma maçã venenosa. Ou você aceita e se torna um golpe na história do rock and roll. Sabe, estávamos muito familiarizados com a história do SEX PISTOLS, pois eles tinham assinado um contrato com a gravadora EMI Records no final de 1976 e poucas semanas depois, o guitarrista Steve Jones declarou em uma entrevista profana para a televisão - agora clássica - que eles já haviam gasto todo o dinheiro do adiantamento. A EMI Records fechou o contrato com eles no início de 1977 e o mesmo tinha acabado logo depois. Com isso, uma nova gravadora, a Virgin Records, lançou o seminal e único álbum de estúdio do SEX PISTOLS no outono de 1977, "Never Mind The Bollocks".

Grohl: Acho que fizemos a coisa certa, sabe? Seguimos o mesmo caminho do SONIC YOUTH. Eles foram uma das primeiras bandas a abrir um circuito nacional para artistas independentes e o NIRVANA assinou com a gravadora Geffen Records (a mesma do SONIC YOUTH) e quando ninguém mais na cena estava olhando para as grandes gravadoras, SONIC YOUTH começou a levar bandas menos conhecidas para as turnês. O documentário chamado "1991: The Year Punk Broke" conta um pouco dessa história. Estávamos com o mesmo empresário do SONIC YOUTH e assinamos com a mesma gravadora deles, onde a gravadora abriu o caminho para nós. SONIC YOUTH foram os únicos que tornaram seguro para uma banda como nós conseguir um contrato de gravação com uma grande gravadora...


"Drain You" (2º disco do NIRVANA, "Nevermind", 1991)


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