Deep Purple: a história por trás da clássica música "Child in Time"
É preciso um certo tipo de estrela para ser capaz de reproduzir uma música com mensagem.
Embora todos desejem a oportunidade de que sua música seja levada a sério, há tantos que abordam temas delicados e caem de cara no chão quanto aqueles que são realmente capazes de executá-la corretamente.
DEEP PURPLE estava mais do que à altura do desafio ao criar sua icônica canção, "Child in Time" (4º disco, "In Rock", 1970), mas antes eles tiveram a ajuda da música "Bombay Calling".
No momento em que a formação clássica do DEEP PURPLE se preparou para gravar seu 1º álbum juntos, "In Rock", eles ainda estavam se acostumando com sua nova formação. Sem saberem que seria o início da formação clássica do grupo, não estava claro na época se eles iriam melhorar sua visão original ou se tornariam outra versão do LED ZEPPELIN.
Quando estavam no estúdio para abordarem diferentes ideias para as suas novas músicas, o tecladista Jon Lord começou a tocar o início da canção "Bombay Calling", cover da banda IT'S A BEAUTIFUL DAY. A versão original é uma música lenta e pesada na metade do tempo, mas o vocalista Ian Gillan sabia que a única maneira de fazê-la funcionar, caso quisessem criar uma canção a partir dela, era adicionar um pouco de drama a mesma.
Como o mundo estava presenciando a Guerra do Vietnã, Gillan teve visões de como seria a ideia de uma guerra nuclear, dizendo uma vez em entrevista: “Eu nunca tinha ouvido a versão original da música 'Bombay Calling', então, criamos a nossa canção, 'Child in Time', usando a Guerra Fria como base para o tema das letras, com os versos: 'Sweet child in time / You'll see the line'. Foi assim que surgiu o lado lírico dessa música, sabe? A canção 'Child in Time' basicamente refletia o clima do momento e é por isso que se tornou tão popular na época”.
É verdade que o lado musical da música é muito mais direto do que qualquer uma das suas letras. Ao longo da canção, Gillan oferece o tipo de apresentação vocal que a maioria dos cantores de rock só espera alcançar depois de anos em suas carreiras musicais, chegando eventualmente ao clímax da canção e criando uma versão assustadora.
Embora os temas políticos certamente estejam presentes em sua mensagem, a música faz um trabalho muito melhor ao pintar junto esse quadro. As tensões ainda eram altas entre as diferentes facções do mundo (EUA x URSS) e como todos tinham armas de destruição em massa à sua disposição, suas letras mais parecem uma reconstituição dramática de como soaria se as bombas nucleares realmente fossem lançadas.
Embora o teclado de Lord já possa ter soado agourento, ouvir o guitarrista Ritchie Blackmore igualar as notas altas dos vocais de Gillan em sua guitarra, faz parecer que você está preso em todo o caos e rezando por algum abrigo contra as bombas que virão.
A maioria das pessoas teria preferido ouvir esse tipo de material político de nomes como John Lennon ou Bob Dylan, mas o DEEP PURPLE também conseguiu transmitir seu ponto de vista de uma forma pura através dessa música.
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