Deep Purple: o clássico álbum da banda gravado inteiramente em um hotel
by Brunelson
17 de ago. de 2023
Era um plano bastante simples.
Os pioneiros do hard rock britânico, DEEP PURPLE, iriam gravar o seu 6º álbum de estúdio, "Machine Head" (1972), no Montreaux Casino, na Suíça. Sob o olhar atento de Claude Nobs, que também dirigia o Montreaux Jazz Festival, a banda estava de olho em usar o palco da performance como um estúdio de gravação, com a possível ideia de criar uma gravação meio ao vivo / meio estúdio. Tudo o que eles precisavam fazer era esperar pelo término do festival, para que se preparassem para gravar o disco no início do inverno.
A última banda que iria se apresentar no festival para encerrar o mesmo era o grupo de Frank Zappa, MOTHERS OF INVENTION. Durante a sua performance e com os membros do DEEP PURPLE assistindo, um membro da plateia disparou um sinalizador em direção ao teto. As chamas resultantes envolveram completamente o cassino e embora ninguém tivesse se machucado, o DEEP PURPLE agora estava sem local para gravar esse clássico álbum.
Inicialmente, a solução foi instalar todo o equipamento do grupo num teatro que ficava ali perto. Nobs ajudou a banda a reservar o teatro, mas o volume alto do DEEP PURPLE acabou causando reclamações de barulho que os expulsaram do local.
Com os recursos acabando, era hora de algo "desesperado".
A essa altura, o grupo estava procurando por qualquer prédio que pudesse permitir que eles tocassem em volumes altos sem serem perturbados. O majestoso Grand Hotel des Alpes, localizado nos arredores de Montreaux, era a solução improvável. O Grand Hotel estava vazio e em grande parte abandonado nessa época, o que deu ao DEEP PURPLE o cenário perfeito para gravar as suas músicas sem ter que se preocupar em incomodar os hóspedes.
No final de um corredor no saguão principal, a banda montou os seus equipamentos e começou a gravar o disco "Machine Head". Instrumentos e amplificadores estavam espalhados por diferentes salas e partes do corredor de maneira aleatória, tudo alimentado no caminhão de gravação móvel que estava estacionado do lado de fora do hotel.
Depois de um certo ponto e tendo que encarar o forte frio do lado de fora do hotel, o DEEP PURPLE parou de ouvir as suas gravações de tomadas em tomadas, porque era muito difícil entrar e sair do hotel para se dirigir até a unidade móvel de gravação - conforme é explicado no documentário, "Classic Albums".
“Tínhamos a unidade móvel de gravação do ROLLING STONES que ficava do lado de fora do hotel, na neve”, lembrou o guitarrista Ritchie Blackmore numa entrevista para a revista Guitar World. “Assim que chegávamos ao caminhão para escutarmos o que tínhamos gravado, chegou um momento, mesmo que não achássemos que era uma gravação perfeita, que dizíamos: 'Ok, isso é bom o suficiente'. Porque simplesmente não aguentávamos mais fazer todo aquele longo trajeto de sair e entrar no hotel novamente, devido às dificuldades de locomoção e do frio que fazia lá fora”.
As experiências da banda vivendo aquele momento, foram a inspiração para a canção "Smoke on The Water", que relata o incêndio que os colocou para gravar o álbum no Grand Hotel. Apesar de não ser um estúdio propriamente dito, o Grand Hotel acabou sendo a solução perfeita para o DEEP PURPLE gerando clássicos durante as gravações, assim como as músicas "Highway Star" e "Space Truckin’".
Por sua ajuda e adaptabilidade, Nobs recebeu o seu devido crédito nas notas do encarte do álbum e uma menção na letra da canção "Smoke on The Water" sendo citado como "Funky Claude".
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