Foo Fighters: "fiquei bastante nervoso em lançar essa música no álbum", disse Dave Grohl
Quando você encontra o som que procura em uma banda de rock, chega um ponto em que você pode querer dirigir seu som somente de forma segura.
Em vez de arriscar chatear sua gravadora ou fãs ao se aventurar em uma direção completamente diferente, muitas das maiores bandas se acomodam em um padrão onde quase não deixam brechas para que algo aconteça errado no estúdio ou nos shows que cause estranheza aos fãs de longa data.
E enquanto alguns argumentam que o FOO FIGHTERS se enquadra nessa categoria, Dave Grohl teve a capacidade de se expandir criativamente sempre que quisesse, mesmo que isto significou criar uma música como "Statues" (6º disco, "Echoes, Silence, Patience & Grace", 2007).
A partir dos anos 2000, FOO FIGHTERS estava caminhando para o "mais do mesmo", apesar de todos os seus álbuns nos mostrarem pelo menos 01 hit que ficaria marcado na história do rock. Mesmo que o álbum duplo "In Your Honor" (5º disco, 2005) já fosse um grande avanço em seu som com o Disco 2 sendo totalmente acústico, o Disco 1 também vinha nos mostrando canções do tipo: "Parece que já escutei isso antes".
E com o próprio Grohl já dizendo em entrevista que o álbum antecessor, "One by One" (4º disco, 2002), é o menos que lhe apetece na discografia do FOO FIGHTERS, considerando somente 04 músicas boas em todo o álbum.
Chegando para lançar seu 6º disco em 2007, Grohl imaginou que poderia lançar em 01 álbum só o que ele havia feito no disco anterior: mesclando as canções elétricas com as acústicas, seja na mesma música ou em canções separadas. Com isso, podemos afirmar que o álbum "Echoes, Silence, Patience & Grace" se tornou no disco mais experimental do FOO FIGHTERS em toda sua carreira.
E quando a música "Statues" começa a tocar, percebemos que a mesma foge um pouco das guitarras altas em favor do piano, demonstrando uma sonoridade inédita até então no escopo da banda.
Mesmo assim, Grohl hesitou em lança-la no álbum, dizendo uma vez em entrevista na época de seu lançamento: “Era apenas uma melodia simples com uma faixa de piano. Ganhei um piano há 01 ano e meio no meu aniversário e nunca tinha tocado em um antes. Alguém me apontou o dó central e eu continuei dali. Fiquei bastante nervoso em lançar esta canção no disco porque é uma grande mudança, tipo: ‘Mas que porra é essa?' Foi quando percebi na hora que era exatamente por isso que deveríamos lança-la no álbum”.
Apesar de toda a credibilidade punk rock de rua que Grohl pode ter perdido de alguns fãs, esse é o tipo de movimento que todos querem ver dos seus artistas favoritos. Claro, não há nada de errado em querer ficar em uma linha única (RAMONES e RAGE AGAINST THE MACHINE mandam um abraço), mas Grohl nunca teve medo de apenas brincar com sua música e ver o que aconteceria com ela.
Essa atitude também é uma parte essencial do que ajudou o FOO FIGHTERS a se reinventar dali em diante. Embora o álbum sucessor, "Wasting Light" (7º disco, 2011), seja "mais do mesmo", mas com uma maestria e dom que só Dave Grohl possui e que fez desse álbum um dos melhores de toda a discografia do grupo e 100% amado pelos fãs, a sua resiliência sonora viria a dar frutos em todos os discos lançados desde então, começando no álbum "Sonic Highways" (8º disco, 2014) até seu último álbum lançado, "But Here We Are" (11º disco, 2023).
E somente agora na turnê do seu mais novo álbum, que a canção "Statues" está sendo apresentada ao vivo nos shows com uma leve regularidade.
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