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by Brunelson
Mesmo a banda já tendo encerrado as atividades há 20 anos, não há como negar que o FUGAZI foi uma das mais impactantes do seu gênero.
Vindos da capital Washington, recinto da cena punk hardcore underground da década de 80, o grupo inicialmente era uma banda power trio e logo em seguida se tornaria num quarteto revezando os vocais com o seu novo guitarrista. O líder do grupo era Ian MacKaye, ex-vocalista da banda MINOR THREAT, e depois com o FUGAZI, eles espalhariam a sua influência que misturava outros gêneros fora do prisma punk hardcore, onde tudo era levado na ética "do it yourself" e sendo uma banda com mensagens políticas.
Famosamente, uma placa improvisada que estava no palco dizia: "Haverá 02 guerras" (foto). Curiosamente, isso não foi uma profecia do que o filho Bush (pai Bush era o presidente americano em 1991) iria concretizar em sua presidência no começo deste século invadindo o Iraque em 2003, mas sim, a banda dizendo que os americanos também enfrentariam a guerra. A certa altura, MacKaye disse à multidão: "Vai haver guerra por aqui também!"
Esta foi uma declaração adequada para uma apresentação tão simbólica na terra natal da banda e que no decorrer da década até o 11 de setembro de 2001, os americanos iriam encarar atentados terroristas em seu país.
Em outro momento no show e sendo também co-fundador da gravadora independente mais conhecida do planeta, a Dischord Records, MacKaye adicionou: “É inconcebível pra mim que com bilhões de dólares sendo gastos no Oriente Médio, não podemos gastar mais pelas pessoas que estão morrendo nas nossas ruas aqui! À medida que esse país começa a se dobrar economicamente, nos lançamos em mais uma guerra para desviar a atenção das pessoas dos problemas aqui nos EUA”.
Em seu livro de 2001, "Dance of Days: Two Decades of Punk in The Nation's Capitol", dos autores Mark Andersen e Mark Jenkins - da organização ativista punk Positive Force DC - eles descrevem a preparação para este show de protesto do FUGAZI em 12 de janeiro de 1991 na frente da Casa Branca.
Um trecho do livro diz: “Na véspera do evento, uma forte nevasca atingiu a cidade. No dia seguinte, as temperaturas subiram e a neve derreteu, mas ainda estava frio e chuvoso. Com o país se preparando para a guerra, a polícia cercou toda a área da Casa Branca. Apesar do clima, cerca de 3 mil pessoas compareceram. Enquanto os manifestantes batiam em barris de óleo, tambores, latas e chaleiras, os organizadores se perguntavam o que fazer com o show”.
“Tocar em um palco desprotegido na chuva pode expor os músicos e a equipe a possíveis choques elétricos. A certa altura, a chuva parou, apenas para começar de novo quando a banda estava pronta para começar o show. Organizadores e músicos se amontoaram no palco tentando decidir o que fazer. Finalmente, sentindo a gravidade do momento político, MacKaye simplesmente falou: 'Vamos logo fazer isso!' E todas as mãos disponíveis se esforçaram para tirar as capas de proteção dos equipamentos e se prepararem para uma performance arriscada".
"MacKaye iniciou a música 'Repeater' mudando as letras e comparando com a própria Guerra do Golfo e o desejo de que, embora: 'Podemos nos acostumar com as centenas de pessoas que morreram por aqui / Mas espero que nunca possamos nos acostumar com as dezenas de milhares de pessoas que podem morrer no Oriente Médio', a multidão se juntou a MacKaye na contagem do refrão '1, 2, 3', enquanto MacKaye recitava metodicamente ao invés disso: '10.000... 20.000... 30.000... 40.000... 50.000... 60.000... 70.000... 80.000... 90.000...', foi um clímax doloroso”.
Como em todos os shows do FUGAZI, foi uma apresentação íntegra e totalmente canalizada para a mensagem e atitude, ficando acima de qualquer logística, conforto e condição climática, ou seja, o puro rock'n roll.
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