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by Brunelson
Ao longo de sua carreira, Ament ocupou o seu tempo longe da banda com uma variedade de projetos paralelos: THREE FISH, TRES MTS, RNDM e como artista solo. Mas um dos seus mais variados projetos musicais está sendo a sua atual ocupação, a banda DEAF CHARLIE, onde lançaram o seu álbum de estreia, "Catastrophic Metamorphic", em 30 de junho de 2023.
Seguem alguns trechos:
Jornalista: Como a forma de colaborar em composição musical no DEAF CHARLIE se compara ao PEARL JAM?
Jeff Ament: DEAF CHARLIE é apenas John Wicks e eu, então, é menos complicado porque é apenas um vaivém e eu amo colaborar na criação de músicas. Acho que as melhores colaborações em uma banda podem ser quando 02 pessoas têm uma ideia para uma música e você deixa a banda inteira interpretar essa ideia inicial, me refiro às letras e melodias iniciais.
Ament: Com uma banda inteira, pode ser difícil encontrar o equilíbrio em deixar a banda pegar uma música do zero e ela se tornar uma "música da banda". E se você é um dos compositores, fazendo dessa forma às vezes você perde elementos que estavam gravados inicialmente na gravação demo, mas a história me mostrou que qualquer banda em que estive – em particular no PEARL JAM – que as melhores músicas são aquelas em que permitimos que um ao outro traga algo ótimo para a mesa. É quando realmente descobrimos coisas que são únicas, gratificantes e permitimos esse espaço um ao outro.
Ament: Todo mundo no PEARL JAM é um músico tão bom e tem ouvidos tão bons, que você quer se apoiar nisso como compositor. Você quer usar todos os grandes aspectos que todos podem trazer. Mas, sim, é diferente. São 05 pessoas em um lado e somente 02 no outro.
Jornalista: Quão importante é para você ter criativamente outras saídas musicais além do PEARL JAM?
Ament: Houve um período em que desejei que o PEARL JAM gravasse mais discos e fizéssemos mais músicas, mas agora vejo as coisas de maneira diferente. Acho que tem sido muito importante para nós, me refiro entre os álbuns, sair e encontrar novas maneiras de compor. Estando em uma sala com outros artistas, você aprende novos truques e de vez em quando encontra algo e pensa: "Nossa! O PEARL JAM iria 'detonar' com isso". Acho que todo mundo faz isso e acho que é benéfico.
Ament: Você também se afasta do seu 1º amor por um tempo e depois volta a se apaixonar pelo seu 1º amor, repetidamente... Certamente isso acontece com o PEARL JAM.
Jornalista: Quem são alguns dos seus compositores modernos preferidos?
Ament: Nos últimos 20 anos, SIGUR RÓS. Acabei de receber o novo disco deles e essa banda é inspiradora. Outro cara que está lançando um novo disco é Peter Gabriel, que continuamente, voltando ao GENESIS, aborda sons e composições de uma forma super única. PJ Harvey lançou um novo álbum que é incrível também.
Ament: Uma banda que está em turnê agora, THE CURE, eu ouço os seus primeiros discos repetidamente. Acho que Robert Smith (frontman) é um dos grandes compositores modernos.
Ament: E em termos de música nova, existe o que um amigo meu chama de "movimento punk britânico", com o IDLES, FONTAINES DC, SHAME e o rapper Slowthai. São músicas realmente cruas liricamente, mas é super pesada. Eu escutei bastante esses discos e tem muita música boa por aí.
Jornalista: Você já escreveu letras para as músicas do PEARL JAM?
Ament: Pode haver 10 músicas do PEARL JAM para as quais escrevi letras ao longo do tempo. Houve um momento quando estávamos gravando o álbum "Yield" (5º disco, 1998), em que Eddie Vedder pediu ajuda (vocalista). Para ele estar no estúdio sozinho no final da gravação de todas as músicas que serão lançadas no álbum e tentando terminar as letras de 12 ou 13 músicas, era difícil ser o único ali no estúdio que restava. Então, Stone Gossard (guitarrista) e eu já tínhamos algumas músicas completas.
Ament: Todo mundo acaba trazendo músicas completas para o estúdio e às vezes elas são lançadas nos discos e às vezes não. É incrível quando você traz uma música completa para o grupo, deixa a banda reformulá-la e ter Eddie reinterpretando as suas palavras. Isso é uma coisa muito legal.
Jornalista: Você pode dar exemplos de músicas do PEARL JAM que você trouxe para o estúdio e que foram desconstruídas ou alteradas pelos outros integrantes?
Ament: Tem uma música chamada "Help Help", lançada no álbum "Riot Act" (7º disco, 2002). A gravação demo que fiz para ela era um pouco mais rock e um pouco mais LED ZEPPELIN, mas então, quando a banda pegou ela, a canção ficou um pouco mais como um "projeto de arte". É uma música legal quando a ouço agora e soa meio psicodélica, quase como o JANE'S ADDICTION.
Ament: Tem outra canção que musicalmente eu trouxe inteira para a banda e na qual Eddie escreveu 100% as letras, chamada "Push Me Pull Me" (5º disco), que era quase como uma música "acelera e para" do THE POLICE e que se transformou mais ainda em um projeto de arte no final de tudo.
Ament: Todo mundo da banda ouve essas coisas de uma maneira diferente. A única maneira de você ficar feliz com isso é se você estiver aberto para que todos a interpretem, quebrem e mudem. Aprendi a fazer isso ao longo da minha carreira.
Jornalista: Vamos conversar sobre algumas músicas que você ajudou a escrever ao longo dos anos, começando com "Blood" do PEARL JAM (2º disco, "Versus", 1993).
Ament: Lembro que Stone tinha aquele riff. Naquela época, ele estava escrevendo muitos desses tipos de riffs. Se você ouvir muitas dessas músicas daquela época, as grandes melodias que estão passando por esses riffs que Stone criou são partes que eu escrevi. Ele está tocando quase todas as notas do riff, então, você apenas tenta encontrar uma maneira de articular o riff que ele está tocando de uma forma que você espera que Eddie possa envolver a letra. Essa é a principal coisa que eu me lembro sobre a canção "Blood". Como damos a essa música uma melodia mais simples que Eddie possa sentir fortemente o suficiente para que queira colocar palavras sobre ela? E em termos do baixo, eu estava realmente obcecado naquela época em ir e voltar entre um som dub quase super-low-end para um som overdrive super-aggro. Essa música realmente mostra isso do ponto de vista do baixo, tipo, vai e volta entre esses dois sons.
Jornalista: Sobre a canção "Indifference" (2º disco).
Ament: Estávamos indo fazer um show com um monte de instrumentos acústicos em algum lugar e comecei a tocar a linha de baixo dessa música na passagem de som. Lembro de Eddie falando: "Se deixar, eu fico cantando o dia todo".
Ament: Cheguei em casa naquela noite e me certifiquei de lembrar como tocá-la e logo a gravei para não esquecer. Em nosso próximo encontro, quando fomos ao estúdio para iniciar as gravações do álbum "Versus", comecei a tocar aquela mesma parte e Eddie se ligou e imediatamente começou a cantar sobre ela, e foi quando Stone veio com aquela linda melodia de guitarra. Essa música veio tudo muito junto e rápido.
Jornalista: A canção "Pushin' Forward Back" do TEMPLE OF THE DOG (1º disco, "Temple of The Dog", 1991).
Ament: Stone veio com aquele riff e acho que escrevi a 2ª parte dele, somente uma pequena mudança. Tocar esse tipo de riff com Matt Cameron e Chris Cornell foi incrível (baterista e vocalista do SOUNDGARDEN). Sabíamos que eles poderiam lidar com tempos musicais estranhos de uma maneira realmente espetacular.
Ament: Eu tenho lembranças incríveis de gravar esse disco. Na maioria dos dias, Chris aparecia no estúdio com uma música nova. Nós envolvíamos as nossas cabeças em torno daquela ideia e era tão fácil e gratuito que quase parecia que era outra pessoa tocando as músicas para nós. Também veio de um lugar e um período tão bom de nossas vidas...
Jornalista: A canção "Stardog Champion" do MOTHER LOVE BONE (1º disco, "Apple", 1990).
Ament: Esse é outro riff de Stone e também se juntou tudo muito rápido. Eu me lembro de estar no porão que ficava na esquina das ruas 3rd com a Washington em Seattle, onde tínhamos um local de ensaio tocando essa música pela 1ª vez. Aquela nota Lá aberta e todas as notas altas vibrantes, tipo, pra mim na época parecia muito LED ZEPPELIN.
Ament: Me lembro de chegar com a minha parte no baixo e pensar: "Cara, eu gostaria de ter um baixo de 12 cordas pra tocar esta canção". Porque eu estava meio obcecado com o baixista Tom Petersson do CHEAP TRICK. Bom, ainda estou obcecado por Tom Petersson! Alugamos um baixo de 12 cordas para gravar essa música e esse foi o começo da minha jornada com o baixo de 12 cordas.
Ament: Você poderia argumentar que essa é uma letra muito característica de Andy Wood (vocalista). Ele tinha um talento especial para criar esse tipo de personagem...
Jornalista: Acabei de perceber que você foi abençoado por ter trabalhado com 03 dos melhores letristas na história do rock: Eddie Vedder, Chris Cornell e Andy Wood.
Ament: Três dos grandes letristas... E grandes bateristas, então, os motores e os maestros de uma banda. Sobre este assunto, posso dizer que estive na mesma sala com um "bando de assassinos".
Jornalista: Uma última pergunta. Como você conseguiu aquele slide harmônico no baixo na canção "Even Flow"? (1º disco do PEARL JAM, "Ten", 1991)
Ament: Eu era muito obcecado por baixo fretless naquela época, então, ouvia muito Jaco Pastorius (jazz), Mick Karn (JAPAN) e Tony Franklin, que naquela época era meio que o único cara do rock que tocava num baixo sem trastes em uma banda de rock, THE FIRM, junto com Jimmy Page (guitarrista do LED ZEPPELIN). Eu sabia no começo do PEARL JAM que o jeito que Stone estava escrevendo as suas músicas era muito a lá Jimmy Page, tipo, era muito riff. E por causa de Tony Franklin, eu sabia que o baixo fretless adicionaria uma voz e textura muito legais à música rock que estávamos criando. Então, esse harmônico na música "Even Flow" estou meio que emulando a canção "Radioactive" do THE FIRM.
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