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by Brunelson
"Você nunca sabe como ou se um álbum vai impactar ou se algo vai durar, mas ‘Dirt’ ficou por aí”, disse Jerry Cantrell para a revista Variety, o guitarrista membro fundador do ALICE IN CHAINS e principal compositor relembrando o clássico 3º trabalho de estúdio da banda de Seattle lançado em 1992.
Isso pode ser um eufemismo: o álbum não está apenas descansando sobre os louros de 5x Disco de Platina, mas na verdade entrou novamente no Top 10 da Billboard em outubro de 2022. Esse fato acontece geralmente com álbuns remixados sendo relançados em datas de aniversário, mas para o 30º aniversário do disco "Dirt", o mesmo foi relançado sem nenhuma remixagem.
As novas edições do álbum “Dirt” chegaram ao mercado 20 anos após a trágica morte do vocalista original, Layne Staley, e 30 anos antes da semana do lançamento original em 1992, que na época atingiu o 6º lugar no ranking da Billboard, sendo que nenhum indicador de o quão icônico o álbum se tornaria era visto naquele tempo.
O relançamento do álbum foram auxiliadas por várias impressões em vinil na cor vermelho maçã e uma variante na cor laranja exclusiva do site oficial do ALICE IN CHAINS com opções de uma escultura personalizada em resina, pôsteres de shows, fotos da banda e um livro de capa dura.
Sobre o assunto do disco “Dirt” abrindo caminho de volta ao Top 10 da Billboard novamente - desta vez na companhia de Beyonce e Harry Styles - o baterista e também outro único membro fundador, Sean Kinney, é humilde: “Nunca pretendemos ter um apelo tão amplo quanto tivemos. Nunca conversamos sobre 'ter uma música de rádio'”, diz ele.
Cantrell é rápido em mostrar como o disco de estreia, “Facelift” (1990), e o álbum “Dirt” se encaixam no contexto de uma era rica em discos de rock dinâmico acompanhados por várias outras bandas de Seattle, como SOUNDGARDEN e PEARL JAM: “Podemos ter causado efeito um no outro e termos nos conectados a um movimento muito legal, o que poucas vezes na minha vida parecia que os mocinhos estavam ganhando. ‘Dirt’ foi um álbum incrível. Ele resiste ao teste do tempo e é um trabalho poderoso sem um pingo de penugem”.
A única coisa mais angustiante do que o som do disco “Dirt”, foram as circunstâncias em torno de sua criação e sua abordagem em tempo real sobre a depressão, separação e vício, que atormentou os membros do ALICE IN CHAINS de uma forma ou de outra (na época, o baixista era Mike Starr, falecido membro fundador).
No entanto, apesar de toda a emoção e sombra que preenchem as músicas desse álbum, as letras ainda demonstram pingadas de alegria, humor e otimismo, segundo Kinney: “Meio luz, meio escuro”.
“Esse relançamento do álbum ‘Dirt’ é para os fãs do jeito como deveria ser”, continuou Kinney. “Não somos uma banda que explora e celebra cada pequeno aniversário. Passamos por grandes obstáculos, como a morte de metade da banda (Starr faleceria depois que tinha saído do grupo), então, quando chegou ao 30º aniversário para os álbuns 'Facelift' e depois para 'Dirt', queríamos algo que fosse especial para as pessoas que sempre nos apoiaram e que passaram por isso tudo junto com a gente. Você não espera ter uma base de fãs que dure mais de 30 anos, então, nunca imaginamos que o disco 'Dirt' fosse redefinir as paradas de ranking agora. Espero conseguir uma cópia do vinil de relançamento de 'Dirt', porque nunca consegui o de relançamento do álbum 'Facelift'".
Kinney acrescentou: “Tivemos sorte porque, quando ganhamos muito dinheiro para assinarmos o nosso 1º contrato com uma grande gravadora, insistimos no controle do que lançaríamos como singles ou como faríamos álbuns sem interferência da gravadora - o que era raro na época. Nós realmente não tínhamos nenhum relação-públicas trabalhando pela gente. Nós ouvíamos os conselhos dessas pessoas e com certeza, como éramos burros às vezes, não aceitávamos, mas na maioria das vezes os nossos erros funcionavam. Cada vez que nos diziam que estávamos caminhando para o 'suicídio profissional', tínhamos de lembrá-los de que não tínhamos uma carreira. Estávamos apenas em nossos primeiros álbuns”.
Com o que eles chamam de tolerância "super apoiadora" de dois executivos da gravadora Columbia Records na época, Don Ienner e Peter Fletcher, ALICE IN CHAINS entrou no estúdio na primavera de 1992. Com eles novamente estava o produtor Dave Jerden, que produziu o disco de estreia, "Facelift", mas foi o som por trás de um dos álbuns favoritos de Cantrell na época - o épico disco de estreia "Nothing's Shocking" do JANE'S ADDICTION de 1988 - que ele estava realmente antenado: “Éramos grandes fãs do JANE'S ADDICTION e desse álbum”, disse Cantrell sobre ter conhecido o produtor desse disco, Dave Jerden, para também produzir o disco de estreia do ALICE IN CHAINS. “Dave conhecia as nossas músicas por dentro e por fora em nosso 1º encontro - canções, títulos e todas as partes. Dave se conectou e se preocupou com a nossa música tanto quanto nós e isso foi emocionante".
O saudoso vocalista original, Layne Staley, que havia contribuído apenas esporadicamente com canções para os discos da banda até aquele momento, pegou uma guitarra, começou a escrever mais e veio para as sessões de gravação do álbum “Dirt” com músicas solo como “Hate to Feel” e “Angry Chair”, antes de co-escrever canções como “Junkhead” e “Sickman” com Jerry Cantrell.
“Layne e eu sempre nos consideramos um time de compositores sem nunca conversar muito sobre isso", disse o guitarrista. “Trabalhávamos de mãos dadas... Quando Layne se interessou em tocar guitarra, ele começou a escrever mais e compôs músicas como 'Angry Chair' e 'Hate to Feel'. Claro, eu apoiei isso, pois era um grande artista e um cara legal motivado a fazer boa música. Layne foi um avanço em relação ao que ele fez no disco 'Facelift'. Nós nos empurramos e o álbum ‘Dirt’ foi uma evolução para todos nós da banda”.
O processo de criação das músicas para o disco "Dirt" vieram da turnê de 1990-91 que se transformaram em várias direções advindas de jams ao vivo, que Cantrell observou: “Algo que você não pode mais fazer hoje em dia porque todo mundo grava e filma você em telefones celulares… Naquela época, você podia tocar músicas novas nos shows, desenvolve-la e testa-la, sem que elas vazassem pelo mundo. Aquela mística se foi agora...”
Kinney afirmou que: "Layne sempre escreveu, mas vendo como as coisas funcionavam, adquirindo mais experiência de vida, viajando pelo mundo além de nossa casa em Seattle, ele se destacou nas gravações do álbum 'Dirt'. E essas músicas, de Layne e de Jerry, eram 100% representativas de quem éramos na época, como estávamos crescendo, onde estávamos falhando e absorvendo tudo isso”.
Quando perguntado se as pessoas entendem errado o disco “Dirt”, Cantrell afirmou: “Eu não poderia lhe dizer... O álbum é sobre as nossas experiências pessoais. Agimos como lentes para o mundo ao nosso redor e todas as merdas acontecendo, e rolando para um ponto de vista humano, pessoal e único, mas aberto o suficiente para que outros possam se conectar a ele e ser pessoais para eles também. O disco ‘Dirt’ lida com uma ampla gama de emoções e assuntos belos, sombrios e tudo mais... É um banquete completo”.
Layne era ótimo em tudo, exceto por ser uma estrela do rock. Ruína e melancolia podem ser um estigma que afetam as percepções do álbum "Dirt", mas segundo Cantrell: "A maior parte das músicas desse disco é sobre perseverar e superar, pois todos nós tivemos situações semelhantes a de Layne e é por isso que relançar esses álbuns é uma experiência agridoce. Claro, também há ótimas lembranças, mas é muito agridoce comemorar esses aniversários de álbuns. Eu não consigo mais conversar com Mike Starr e Layne Staley sobre como tudo é estranho anos depois do disco 'Dirt' ter novamente entrado no ranking da Billboard".
Cantrell admitiu que, embora geralmente não seja um homem sentimental e ansioso olhando para o passado, ter o álbum “Dirt” saltando para as paradas de discos em 2022 faz parte de uma história complicada: “Existem altos e baixos e com a história dessa banda, posso realmente dizer que sou grato por ter tido a experiência de estar aqui com os meus amigos e por termos feito músicas que foram importantes para nós e conectadas a uma comunidade maior com toda uma miscelânea de arte”.
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