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by Brunelson

Jimi Hendrix: ele não gostava do som de sua própria voz?


É difícil imaginar um dos músicos mais icônicos do rock sendo tímido e reservado, mas como se vê, o grande Jimi Hendrix também tinha as suas inseguranças.

Em uma entrevista com o lendário e fiel produtor/engenheiro de som de Hendrix, Eddie Kramer, ele revelou que o guitarrista realmente não gostava do som de sua própria voz.

A revelação foi uma surpresa para os seus fãs, para quem Jimi Hendrix simboliza o auge da excelência artística - tanto técnica quanto criativamente.


Apesar de sua curta vivência, Hendrix conseguiu criar alguns dos melhores discos no final dos anos 60 e em 1970, definindo o som da época com a sua impressionante destreza musical. Até hoje, ele é um ponto de referência para guitarristas ambiciosos em todo o mundo, tendo sido pioneiro no estilo moderno da guitarra que consideramos natural já faz décadas.

No entanto, assim como Kramer revelou, Hendrix pode ter sido um guitarrista confiante, mas não era de forma alguma um cantor destemido: “Ele odiava a sua própria voz. Eu tinha que armar telas de 03 lados no estúdio para ficarem voltadas ao redor de Jimi e ainda apagava as luzes, porque ele não queria que ninguém o visse cantar e depois de algumas sessões, ele só mostrava a sua cabeça pra fora da tela e dizia: 'Está tudo bem?'”

Entretanto, é bem possível que Hendrix exigisse aquela sensação de isolamento que Kramer simulou com tanta arte, para também dar uma performance adequadamente desenfreada. Não é incomum que cantores – independentemente de serem virtuosos ou não – se retraiam para acessar a profundidade emocional necessária para a gravação de uma música (vide Layne Staley, falecido vocalista do ALICE IN CHAINS).

Por exemplo, considere quantas vezes você já viu vocalistas fecharem os olhos durante uma gravação ou apresentação mais íntima. Isso não significa que todos eles são tímidos, mas apenas tentando dar o seu melhor desempenho possível.

De acordo com Kramer, Jimi Hendrix também estava constantemente buscando o melhor som possível.

Descrevendo a atmosfera no estúdio quando estava gravando com o melhor guitarrista de todos os tempos, o produtor adicionou: “Se você estivesse lá comigo na sala de controle do estúdio vendo e escutando Jimi cantar, você também sentiria a mesma coisa. Era tão difundido...”

Muitas dessas sessões de gravação duraram horas a fio e se estenderam noite adentro, pois Hendrix frequentemente se recusava a deixar o estúdio antes de ficar satisfeito com o seu trabalho, o que reforça mais ainda essa questão.

O tempo no estúdio era ainda mais precioso para Hendrix porque, como observa Kramer, as suas sessões não eram financiadas pela gravadora quando ele tinha sido recém-contratado: “Bom, começaríamos às 19hs e terminaríamos à meia-noite. Chas Chandler estava financiando (1º empresário de Hendrix), então, não era como se a gravadora estivesse pagando. O pessoal da gravadora só estava querendo lançar um single com Jimi, eles não queriam gravar um disco inteiro e gastar com todo o processo. Jimi chegou a vender um baixo que ele tinha para conseguir dinheiro para agendar as horas no estúdio, mas Chas estava financiando tudo sozinho, porque ele acreditava no potencial de Jimi”.

Sem o apoio das pessoas mais próximas a Jimi Hendrix no início de sua carreira profissional, é perfeitamente possível que os futuros álbuns de estúdio de Hendrix nunca teriam sido concluídos.


E apesar dos comentários de Eddie Kramer, parece que Hendrix não necessariamente odiava a sua própria voz, ele apenas exigia parâmetros muito específicos para se concentrar e apresentar algo íntegro.


Jimi Hendrix até poderia ser uma pessoa notoriamente tímida - vide a sua postura e declarações em entrevistas - mas em suas gravações de estúdio, a sua voz contém toda a energia furiosa de um músico destinado a deixar a sua marca indelével na história da música popular.


"I Don't Live Today" (1º disco, "Are You Experienced", 1967)


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