Jimmy Page: "a IA é apenas um eco vazio, desprovido das lutas, triunfos e alma que definem a verdadeira arte na música"
by Brunelson
há 1 dia
Jimmy Page, lendário guitarrista do LED ZEPPELIN, atacou o roubo que a Inteligência Artificial faz a artistas e suas músicas, conforme postado recentemente em rede social.
Confira:
Nos estúdios disciplinados no início dos anos 60 em Londres, aprimorei minha arte como músico de estúdio, emprestando minha guitarra para uma miríade de artistas de vários gêneros. Essas horas incontáveis, geralmente 03 sessões de 03 horas por dia, eram mais do que apenas trabalho: eram um cadinho de criatividade, colaboração e inspiração incessante.
Fui obrigado a criar e conjurar riffs e figuras líricas imediatamente, sem diminuir o ritmo de trabalho que estava sendo gravado com os outros músicos e artistas.
Essa jornada do anonimato do trabalho de sessão de estúdio para os palcos globais com o LED ZEPPELIN, não foi um caminho pavimentado por algoritmos ou conjuntos de dados. Foi uma viagem marcada pela improvisação espontânea e pela centelha não quantificável da engenhosidade humana. A alquimia que transformou um riff único em um hino foi gravada na alma coletiva da banda — uma sinergia que nenhuma máquina pode emular.
Hoje, enquanto a Inteligência Artificial busca imitar e monetizar a criatividade, estamos em uma encruzilhada. A arte e a música geradas por IA, sintetizadas a partir de obras humanas existentes, carecem da essência visceral que vem da experiência vivida. Elas são apenas ecos vazios, desprovidos das lutas, triunfos e alma que definem a verdadeira arte.
Além disso, as implicações éticas são profundas. Quando a IA raspa a vasta tapeçaria da criatividade humana para gerar conteúdo, ela frequentemente o faz sem consentimento, atribuição ou compensação. Isso não é inovação: é exploração.
Se durante meus dias de sessão de estúdio alguém tivesse pegado meus riffs sem reconhecimento ou pagamento, isso teria sido considerado roubo. O mesmo padrão deve ser aplicado à IA.
Devemos defender políticas que protejam os artistas, garantindo que seu trabalho não seja desviado para o vazio do aprendizado de uma máquina sem a devida consideração. Vamos celebrar e preservar o toque humano na arte, as imperfeições, as emoções, as histórias por trás de cada nota e cadência.
Ao defender a santidade da criatividade humana contra a invasão da IA, salvaguardamos não apenas os direitos dos artistas, mas a própria alma da nossa herança cultural.
No entanto, hoje, o governo do Reino Unido está propondo mudanças que retirariam essa proteção dos seus criadores. Sob o Data (Use and Access) Bill, empresas de IA teriam permissão para pegar trabalhos, passados e futuros, e usá-los como dados de treinamento sem consentimento ou pagamento. Esses modelos digerem grandes quantidades de conteúdo criado por humanos e então, geram imitações, ignorando os direitos dos criadores originais.
O sistema de “opt-out” proposto pelo governo — a ideia de que os artistas sempre estarão em posição de reservar preventivamente seus direitos — é uma farsa. É tecnicamente impossível para os artistas optarem por não participar. A consulta do governo termina hoje, mas devemos ser claros: isso não é regulamentação, é um passe livre para a IA explorar a criatividade sem consequências. Devemos pressionar por uma legislação que garanta que a IA não possa monetizar a criatividade humana sem consentimento explícito e compensação justa.
Porém, a opção preferida do governo em sua consulta atual não faz isso.
A música não é um produto de dados. É uma evocação, um desafio à lógica, uma colisão de tempo, lugar e alma. Se permitirmos que a IA coopte o coração da criatividade humana, não estaremos inaugurando uma nova era ousada, estaremos assinando a sentença de morte da própria originalidade.
A escolha é nossa. Deixaremos as máquinas tomarem o palco ou lutaremos pela mágica insubstituível da arte humana?
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