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by Brunelson

Josh Homme: "sinto muito por esse disco", frontman do Queens of The Stone Age sobre "Like Clockwork"


O vocalista/guitarrista do QUEENS OF THE STONE AGE, Josh Homme, foi recentemente entrevistado pelo programa do jornalista Dean Del Rey e falou profundamente sobre como ele vê a sua banda hoje, após décadas de carreira.


O interessante aqui é a revelação de Homme sobre o álbum "Like Clockwork" (6º disco, 2013), onde ele disse aos membros da banda que ele não acreditava que esse álbum iria se sair bem no mercado e que seria o fim do grupo.


"Like Clockwork" se tornou simplesmente num dos melhores álbuns do QUEENS OF THE STONE AGE. Estreou em 1º lugar no ranking da Billboard e também foi 1º lugar em mais 05 classificações diferentes da Billboard. Foi 2º lugar no Reino Unido e Top 05 em quase todos os países europeus, além de ficar em 1º lugar na Austrália.

Sabemos que esse disco reflete o estado emocional e psicológico do seu frontman, pois segundo entrevistas, Homme havia marcado uma cirurgia no joelho antes da gravação desse álbum começar, mas houve complicações na anestesia/cirurgia e Homme chegou a falecer, sendo ressuscitado pelos médicos.

Durante todo o seu longo período de recuperação - ele ficou 03 meses de cama, um período no hospital, outro na sua casa - mais tarde Homme chegou a dizer em entrevistas que estava sem motivação nenhuma e não estava compondo novas músicas naquela época, quando ele finalmente deu o start para compor as músicas mais estranhas e sombrias de toda a discografia do QUEENS OF THE STONE AGE.

Foi aqui no álbum "Like Clockwork" que a banda iniciou um novo marco zero na carreira, deixando de lado a sua sonoridade tradicional e abrindo novos horizontes desde então.

Porém, depois de um tempo, o próprio Homme disse que nunca havia dito que tinha morrido na mesa de cirurgia, que na verdade o que ele teve foi uma doença contagiosa, onde ele ficou 03 meses na cama sem poder abraçar os filhos e ter um relacionamento social - vai saber agora...



Seguem alguns trechos dessa nova entrevista:

Jornalista: Onde você está com o QUEENS OF THE STONE AGE atualmente? Porque eu já me peguei pensando onde você iria com essa banda? O grupo já está em atividade a mais de 20 anos e cada disco teve o seu sabor diferente... Como você olha para tudo isso?

Josh Homme: Sim, sempre preciso responder a essa questão para mim mesmo antes de começar a fazer algo novo e de um modo geral: o que devemos fazer agora? Porque eu acho que ninguém espera o seu 1º álbum e é por isso que é mais fácil, pois o seu 1º disco é pura inspiração.

Homme: E se o seu 1º álbum é uma merda, você é uma merda, mas então, há o 2º disco e o 3º... Sempre vejo esses registros em grupos de três, como uma forma de pensamento completo, sabe? Aqui está um pensamento (1º disco), ele cresce (2º disco) e então, tudo o que você aprendeu aparece no 3º disco.

Homme: Eu me pergunto: o que isso significa quem somos nós agora? E por que alguém iria querer ouvir exatamente o seu 7º álbum de estúdio? ("Villains", último disco lançado em 2017). E quer saber? Eu acho que pode se tornar fácil porque ao fazer todo esse trabalho comigo mesmo e todas essas coisas, descobrindo todas essas reflexões, eu penso: "Quem se importa com o seu 2º ou 7º álbum?" Bom, eu me importo e é isso o que interessa.

Homme: E isso é tudo o que eu realmente preciso para me mover na velocidade da paixão, me preocupar com o meu trabalho, curtir todo o processo e amar o álbum. Ame-o, alimente-o, cuide dele, mantenha-o perto e aprecie-o, pois é isso o que eu faço... Eu tenho que fazer, porque os discos são realmente apenas uma expressão de onde você está emocionalmente naquele tempo real, seria como uma fotografia sônica e é assim que eu sinto.

Homme: Se eu apenas me deixar fluir como estou me sentindo e escrever sobre o que estou sentindo no momento, então, o meu 7º álbum é o meu 1º álbum para alguém. É apenas real para alguma pessoa.

Homme: Eu soube disso quando lançamos o álbum "Like Clockwork". Eu não estava em uma boa situação de saúde naquela época e disse aos caras da banda, pouco antes do álbum ser lançado: "Eu só quero dizer que sinto muito por esse disco. Isso aqui não vai correr bem quando for lançado, mas é o que teve que ser feito e peço desculpas antecipadamente. Eu não acho que esse álbum vai se sair bem, porque ele ficou muito sombrio e as músicas num ritmo intermediário".


Jornalista: Pra mim, o disco "Like Clockwork" foi uma obra-prima.

Homme: Pra mim era o que precisava ser feito naquele momento e eu falei para os caras da banda: "Eu não quero andar nisso como se fosse um navio em chamas afundando, então, provavelmente iremos desaparecer depois desse álbum, mas eu amo vocês e toda essa jornada tem sido ótima".

Homme: Mas então, tudo acabou indo muito bem. Se tornou no disco preferido de todos da banda e eu pensei: "Que estranho..." Levei 01 segundo para descobrir por que era um álbum tão cru e sombrio, porque era exatamente onde eu estava naquela época com o meu problema de saúde.

Em outra parte da entrevista, Josh Homme falou sobre criar música quando não está indo bem, dizendo:

Homme: Se eu não estou mentalmente bem, não quero criar algo, mas no minuto em que começo, o negócio tende a melhorar imediatamente.

Homme: Eu sei que nesse processo de criação, seja na poesia, música ou qualquer outra coisa, ou mesmo fazendo alguém rir numa peça, temos que ser capazes em deixar toda aquela bagagem para trás, para que possamos resolver e criar as coisas de maneiras que não parecem que irá funcionar.


Jornalista: Sim, eu penso dessa forma também, porque eu não vou me sentar com alguém e ser completamente aberto com essa pessoa. Eu posso ser assim com você ou outras pessoas íntimas, mas eu...

Homme: E estranhamente você pode ser assim no palco, porque há algum tipo de negação plausível. Quanto mais vulnerável você for, melhor tudo será em qualquer forma de arte. Agora, em tempos modernos, na maior parte do tempo sinto que escrever música é como ser levado pela cidade amarrado num carrinho de supermercado, com todo mundo jogando tomates em você e batendo com um pedaço de pau, onde as pessoas fazem com você o que elas quiserem.

Homme: Mas eu preciso continuar acreditando nisso, pois é o único requisito. Eu não sei por que é tão importante criar coisas mas eu preciso muito disso.

Homme: Johnny Cash uma vez falou algo que me marcou: "Eu não sou criador de música, mas sou o libertador". Fico feliz por ser o carteiro onde posso entregar essas coisas, sabe? Porque também tenho percebido que muito do que pensei, acreditei, romantizei e esperava, foi destruído. Muitas das coisas pelas quais trabalhei tanto apenas como uma forma de dizer "eu te amo"...


Homme: Todas essas coisas se foram agora e eu fico feliz também porque não podemos assumir a ideia de que somos donos de alguma coisa. Você não possui nada nesta vida, está apenas usando algo emprestado enquanto está aqui e nem deveria.

Homme: Você vai ter que deixar tudo isso aqui depois que morrer. Não vai poder levar nada com você e nada dessa merda importa. Você não pode comprar a liberdade, você só pode alugá-la.


Jornalista: Eu também acredito nisso cara e este é um grande momento de nossa conversa...

Homme: Eu acho que o foco é olhar para frente, onde você está agora e olhando para o que você pode ser também. Estar presente o suficiente para aproveitar e não se apegar as coisas, a ressentimentos e coisas assim...



"Keep Your Eyes Peeled" (Álbum: "Like Clockwork")


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