Kim Thayil: "quando chega na hora do solo da guitarra, há várias maneiras de atacar, seja de forma maníaca, caótica, temperamental ou triste", disse o guitarrista do Soundgarden e 3rd Secret
Kim Thayil, guitarrista do SOUNDGARDEN e do 3rd SECRET, tinha sido entrevistado pela revista Guitar World e dentre vários assuntos, ele foi solicitado a nomear uma característica definidora da guitarra rock grunge dos anos 90 e explicou por que ele não se considera um guitarrista do metal.
Sabemos que a amálgama que uniu o grunge foi destilada do punk rock e heavy metal, onde cada banda de Seattle e região acabou demonstrando em sua sonoridade um pouco mais de um gênero do que outro.
E assim como o ALICE IN CHAINS, o SOUNDGARDEN sempre foi mais alinhado às influências do metal.
Thayil, cujos licks, solos e riffs de guitarra ressoam com um peso extraordinário, lamacento e decapitado, disse na entrevista que “técnicas pouco ortodoxas” também desempenharam um papel crucial na criação do som de sua banda, destacando usos de feedback e microfonia como exemplo: "O feedback foi uma grande parte do nosso som. Uma das nossas primeiras gravações foi a música 'Tears to Forget' e tínhamos apenas 06 canções para trabalhar e lançar em nosso 1º EP, 'Screaming Life' (1987), sendo que essa música foi inteiramente dedicada ao feedback da guitarra. Algumas pessoas acharam engraçado na época, mas soava legal. Utilizar técnicas pouco ortodoxas se tornou uma grande parte do nosso estilo, como tocar guitarra atrás da ponte da mesma ou usar harmônicos como parte do riff, do jeito que fizemos na música 'Heretic' (lançada na coletânea com outras bandas, 'Deep Six', 1986)".
Ele continuou: "Não estávamos usando harmônicos apenas como efeito ou elemento principal. Eles faziam mesmo parte do riff em si e fazíamos isso com frequência, sabe? Se algo soasse estranho, geralmente estaríamos inclinados a explorar. Diríamos coisas como: 'Vamos escrever uma música onde o riff seja apenas feedback' ou 'Vamos criar um riff usando principalmente harmônicos'. Na afinação em drop-D foi muito mais fácil dobrar as cordas, quase como os principais virtuosistas faziam em solos de guitarra".
Falando de Tony Iommi, guitarrista do BLACK SABBATH, Thayil admitiu que sua abordagem no SOUNDGARDEN é muito “BLACK SABBATH”, observando como o guitarrista do ALICE IN CHAINS, Jerry Cantrell, era especialmente famoso pelos seus riffs que eram construídos sobre essas mesmas ideias: "Sim, o BLACK SABBATH fez muito disso, o que se tornou uma assinatura muito distinta do ALICE IN CHAINS. Jerry Cantrell escreve os riffs mais legais de todos com aquelas curvas sexy e uivantes ressoando. Ouça a música 'It Ain't Like That' do ALICE IN CHAINS e você verá o que eu quero dizer... Sabe, eu me apaixonei por esta canção assim que a ouvi e essa marca se tornaria na coisa de Jerry, ou seja, riffs com aquelas curvas sonoras incríveis".
"Ninguém conseguia dobrar a nota como Jerry fazia da mesma maneira tão consistente quanto possível. Eu diria que os 02 elementos característicos do som do ALICE IN CHAINS eram os riffs curvados de Jerry, bem como aquelas harmonias vocais. E se você ouvir a música 'Blew' do NIRVANA do seu álbum de estreia, 'Bleach' (1989), Kurt Cobain estava usando bends como parte do riff. Essas foram coisas que provavelmente foram introduzidas no início da cena de Seattle através de nossas bandas".
Falando sobre sua própria abordagem, Thayil argumentou que ele "definitivamente não sou um guitarrista do metal", argumentando que, o que ele pensa sobre solos de metal estereotipados deve mais à música clássica: "Quanto aos solos de guitarra estereotipados e virtuosos, definitivamente não sou um guitarrista do metal. Esses tipos de solos devem mais à música clássica, sabe? É o tipo de coisa que você faz para dizer aos seus pais: 'Vejam, não estou apenas fazendo barulho e não sou um idiota cabeludo e viciado em drogas... Esta é uma música de verdade influenciada pela música clássica!'"
Thayil finalizou: "Eu sinto que essas passagens realmente ornamentadas e com um som barroco são quase escritas para mostrar às outras pessoas que você não é um idiota. Bem, nesse caso, vá tocar música de verdade então... Minha abordagem sempre foi mais impressionista. Não importa, quando você está criando uma música e chega na hora do solo da guitarra, há várias maneiras de atacá-la, seja de forma maníaca, caótica, temperamental ou triste".
Comentaris