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Neil Young: "nesse disco você sabe que estou dizendo algo, mas não consegue entender o que é"

by Brunelson

Uma das partes poderosas da música é ser capaz de se relacionar com o público. 


Mesmo que um artista possa escrever certas letras que são sobre um momento muito específico de suas vidas, as melhores músicas podem transcender todos os pequenos detalhes e fazer com que cada ouvinte encontre um pedaço de si mesmo entre essas linhas. 


E no caso de Neil Young, ele sempre faria música que fosse sobre ele mais do que qualquer outra coisa e ao gravar o álbum "Trans" (13º disco, 1983), ele sabia que ninguém entenderia o que ele estava fazendo. Porque a essa altura de sua carreira, tentar colocar Young em uma caixa e rótulo musical era lutar uma batalha perdida. Ele tinha certos gêneros dos quais gostava de entrar e sair, como country, folk e hard rock, mas qualquer um que aparecesse em um disco dependia de como ele estava se sentindo naquele dia ou se ele estava acompanhado de sua banda de apoio, a CRAZY HORSE.


Adentrando a década de 80, para Young era hora de mudar as coisas de novo e quando ele lançou o álbum antecessor, "Reactor" (12º disco, 1981), os fãs já estavam um pouco céticos depois de ouvirem um álbum completo com teclados e sintetizadores que bagunçavam com sua voz. Se os fãs estavam apreensivos naquela época, então, eles não tinham ideia no que estavam se metendo com o disco "Trans".


Embora qualquer um poderia considerar isso uma grande traição sonora de Young, é muito mais sincero do que as pessoas percebem, com ele próprio uma vez dizendo em entrevista para a revista Mojo: "Veja, meu filho é severamente deficiente e naquela época eu estava simplesmente tentando encontrar uma maneira de falar e de me comunicar com outras pessoas. É disso que se trata o álbum 'Trans'. E é por isso que, nesse disco, você sabe que estou dizendo algo, mas não consegue entender o que é".


Para todas as pessoas que criticavam Young por se vender para as massas, isso não era apenas uma forma barata de ganhar dinheiro ou um experimento selvagem que deu errado. Esse era o som de um pai tentando desesperadamente se comunicar com seu filho. Definitivamente uma boa mensagem, mas não exatamente uma que vendeu comercialmente bem. 


Para Neil Young, o disco "Trans" está longe de ser a pior coisa que ele já produziu, porque é fácil ver que seu coração está pelo menos no lugar certo e ele nunca se importou com o quê isto refletiria nas coisas. E não importa quantas boas e sinceras intenções, às vezes até as melhores ideias não produzem a melhor música. 


Considerando onde Neil Young estava em sua linha do tempo na carreira, o longo caminho pelos anos 80 culminou no final da década no álbum de retorno ao hard rock de Young, "Freedom" (19º disco, 1989), e que se tornaria em um dos seus maiores álbuns na história.


"Little Thing Called Love" (Disco: "Trans")


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