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by Brunelson

Noah Weiland: "costumávamos conversar muito sobre super-heróis", sobre seu pai, Scott Weiland


Noah Weiland, filho do falecido vocalista do STONE TEMPLE PILOTS e VELVET REVOLVER, Scott Weiland, foi entrevistado pela revista Rolling Stone e dentre vários assuntos que abordaram sua carreira solo atual, ele falou bastante sobre seu pai, dizendo que aprendeu a viver sem os opióides que o levaram perigosamente perto de seguir o trágico caminho de seu pai.



Confira alguns trechos dessa matéria e entrevista:



Noah passou sua infância viajando pelo mundo em turnês do VELVET REVOLVER, voando em jatos particulares e hospedando-se em hotéis de luxo, mas quando você olha mais de perto da vida dele, a história se torna muito mais complexa.


Os pais de Noah se separaram quando ele tinha 07 anos de idade, e seu pai praticamente desapareceu de sua vida antes de uma overdose 08 anos depois em 2015. O dinheiro tem sido extremamente escasso desde que ele se lembra não herdando 01 centavo de seu pai, que estava quase completamente falido quando morreu. 


Sendo assim, Noah trabalha em empregos operários desde os 16 anos de idade, lutou contra o vício em opiáceos há alguns anos quando foi demitido do SUSPECT208 e passou os últimos 04 anos pagando aluguel em um pequeno apartamento em Los Angeles - iniciando uma carreira solo.


O motivo de sua dispensa do grupo foi por abuso de drogas e baixa produtividade com a banda, mas para os fãs de rock familiarizados com a triste história de Scott Weiland, parecia um eco sombrio do passado. E embora Noah admita que realmente tomava opióides naquela época, ele falou que a verdade é muito mais complicada.


“Eu não era necessariamente um viciado naquela época”, disse Noah. “Mas eles fizeram parecer que estavam tentando me ajudar ou me tratar. Eles nunca fizeram nada parecido e é por isso que fico tão confuso”.


Assim que chegou a notícia de que o SUSPECT208 o demitiu por questões de drogas, a vida de Noah ficou fora de controle: “Todo mundo já pensava em mim como um viciado em drogas. Eu pensava: ‘Se todo mundo já pensa que eu sou assim, então, qual é o sentido?’ Eu simplesmente desisti e realmente me tornei um viciado em drogas. Eu senti que todo o trabalho duro que fiz simplesmente desapareceu e não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Obviamente, essa é uma mentalidade muito infantil, mas era onde eu estava na época”.


Em contraste, Noah levou alguns segundos para evocar lembranças positivas de seu pai, já que a maioria delas vem do borrão da primeira infância: “Costumávamos conversar muito sobre super-heróis”, disse ele, sorrindo com a lembrança. “Estávamos sempre comparando-os, tipo: ‘Quem venceria uma luta, o Power Ranger Vermelho ou o Homem-Aranha? O Hulk ou o Super-Homem?’ Essa é uma memória saudável que eu tenho”.


Naquela época, Noah, sua irmã Lucy e sua mãe, Mary Forsberg Weiland, se juntavam ao VELVET REVOLVER nas turnês: “Não me lembro muito disso desde que tinha 05 ou 06 anos de idade”, disse ele. “Eu me lembro de minha irmã e eu brigando para ver quem ficaria no beliche de cima do ônibus de turnê. Outra vez, subi ao palco vestido de Homem-Aranha no show do VELVET REVOLVER". Mais tarde, em 2010, Noah apareceria no palco junto com seu pai durante um show do STONE TEMPLE PILOTS.


Porém, as coisas mudaram drasticamente quando Weiland tinha 07 anos e seus pais se separaram. Ele se mudou de Los Angeles para a pequena cidade suburbana de Murrieta, cerca de 01 hora fora de San Diego, California: “Minha mãe queria que minha irmã e eu tivéssemos uma vida melhor, porque Los Angeles é um lixo”, disse ele. “Ela queria que tivéssemos uma infância de verdade, mas ninguém sai dessa e faz grandes coisas. É simplesmente um lugar de muito ódio”.


Noah desenvolveu um amor pelo skate e teve algumas amizades próximas, mas sempre se sentiu um estranho: “Passei a maior parte do ensino médio apenas tentando sobreviver ao ensino médio. As pessoas sempre quiseram brigar comigo na escola, mas outras eram exatamente o oposto e excessivamente legais, mas percebi que elas estavam apenas procurando benefícios meus, como conhecer celebridades ou conseguir ingressos de graça para os shows. O engraçado é que eu vivia exatamente da mesma maneira que elas e eu não tinha nenhuma conexão com as pessoas”.


Nos primeiros anos após o divórcio, ele viu seu pai com certa regularidade. Segundo Noah, isso mudou em 2013, quando seu pai se casou com outra mulher: “Mal o vi depois disso... Ainda guardo rancor, porque sinto que sua nova esposa o afastou ainda mais de nós”.


No último ano de vida de seu pai em 2015, Noah o viu apenas 01 vez: “Fomos a um restaurante e algo parecia estranho”, disse ele. “Eu me lembro de tentar mostrar a ele no estacionamento algumas manobras novas de skate que tinha acabado de aprender, mas ele não estava prestando muita atenção. Era como se ele não estivesse realmente lá... Ele estava desmoronando e eu sabia que seria a última vez que o veria”.


Pouco antes de sua família saber da notícia da morte de Scott Weiland, Noah estava no carro junto com a sua irmã e com sua mãe dirigindo, quando sentiu um cheiro de fumaça de cigarro no ar: “O cheiro veio completamente do nada”, disse ele. “Eu pensei: ‘Tem o cheiro do papai’, já que ele sempre fumava”. Foi nesse momento que o celular de sua mãe começou a explodir com mensagens de condolências.


“Ela soube instantaneamente do que se tratava”, disse Noah. “Ela nem precisou ler tudo. Ela apenas ligou o rádio para tentar nos distrair. Quando chegamos em casa, ela nos chamou ao seu quarto e nos contou a notícia. E sim... Não me lembro de muita coisa depois disso".


Olhando para trás agora, Noah percebe que sua vida nunca mais foi a mesma: “Isso me fez crescer muito mais rápido. Antes disso, eu só me preocupava em andar de skate e fazer coisas super infantis. Eu simplesmente me sentia muito mais inocente... Depois disso, comecei a fazer sexo, comecei a fumar maconha, comecei a beber e minha mãe ficou assustada e começou a me dizer: ‘Você está agindo igual ao seu pai!'”


Aos 16 anos ele começou a trabalhar, prestando pouca atenção aos compromissos escolares e festejando até altas horas da noite: “Minha mãe era super rígida. Fui expulso de casa um dia depois de completar 18 anos. Tive que ficar no sofá na casa de amigos durante o último período do ensino médio e mal me formei”.


“Mas o meu tempo no sofá acabou e eu não tinha para onde ir”, disse Noah, que era amigo do filho de Slash, com quem formaria o SUSPECT208 mais adiante. “Slash me viu um dia e disse: ‘Você não pode ficar aqui’. E eu falei: ‘Pra onde mais eu vou? Não quero ficar nas ruas’ E ele me disse: ‘Bom, vou colocá-lo nessa clínica de reabilitação até que possamos descobrir o que fazer’”.


Noah não era ainda um viciado, mas um usuário de drogas conhecendo a vida e festejando, sendo que essa clínica lhe proporcionou um ambiente estável para viver enquanto a banda SUSPECT208 planejava seus primeiros passos.


Eles disponibilizaram o áudio de seu single de estreia, a canção "Long Awaited", e ficaram surpresos ao vê-lo acumular 01 milhão de visualizações no YouTube: “Depois de me sentir um perdedor no ensino médio, finalmente me sentia como alguém”, disse Noah sobre esse início meteórico do SUSPECT208. “Foi bom ter um propósito pela 1ª vez na vida”.


Mas depois de lançar apenas 02 músicas e fazer um único show completo em Huntington Beach, California, Noah foi demitido da banda. Nos meses que se seguiram, ele começou a abusar de pílulas opióides – nunca recorrendo a agulhas, diz ele – e acabou novamente na clínica de reabilitação.


É quando Ashley Hamilton entra na história. O ator/comediante, também é músico e trabalhou com Scott Weiland em sua carreira solo. A mãe de Noah o apresentou a Hamilton quando Noah ainda estava na reabilitação. Eles rapidamente se uniram e Hamilton tornou-se seu patrocinador e co-empresário musical desde então, guiando sua carreira solo em outros gêneros fora do rock.


No atual presente, é o culminar de um ano de 2023 muito bom. Noah disse que está 100% livre dos opióides, embora ainda fume maconha e beba socialmente. Ele participa regularmente das reuniões do AA, tem um novo emprego em um armazém e espera se mudar para seu próprio apartamento em breve.


“Esse é o momento mais feliz que já estive em anos”, disse ele. “Meu objetivo agora é me tornar financeiramente estável com a música. Quero dizer, eu poderia dizer que quero ser o maior artista e assumir o controle, mas sinceramente, estou fazendo uma coisa de cada vez. Não estou com pressa de explodir do dia para a noite. Eu quero construir uma base de fãs, já fiz alguns shows e quero fazer com que pareçam festas para curtir”.


E mesmo que o seu período de opiáceos tenha sido uma batalha desmoralizante, Noah disse que na verdade lhe permitiu relacionar-se com seu pai em um nível mais profundo, concluindo: “Isso me fez finalmente entender a situação dele. Isso me fez perceber que não era culpa dele. Ele estava muito envolvido. Ele tinha muitos demônios e eles o alcançaram... Na verdade, isso me fez perdoá-lo".





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