Noel Redding: baixista explica sua saída da banda e por que foi “muito difícil” trabalhar com Jimi Hendrix
by Brunelson
há 2 dias
Embora o comportamento incendiário de Jimi Hendrix no palco fosse tudo menos reservado, seus colegas de banda - o baixista original, Noel Redding, e o baterista Mitch Mitchell - o descreviam como uma alma introvertida e calorosa fora dos palcos.
"Na vida real, Jimi Hendrix não era nada parecido com o cara selvagem que ele retratava no palco", avaliou certa vez o guitarrista do THE KINKS, Dave Davies. "Ele era um cara quieto e introvertido. Ele podia ser explosivo nos palcos, mas falava muito suavemente fora dele".
Em junho de 1969, quando Jimi Hendrix já tinha os seus 03 álbuns de estúdio lançados, foi quando Noel Redding saiu da banda. O baixista queria seguir para um próximo capítulo em sua carreira formando sua própria banda. Em uma entrevista para a revista Rolling Stone nessa época, Redding citou algumas dificuldades que ele teve em trabalhar com Hendrix: "Jimi é um guitarrista muito bom, mas foi muito difícil trabalhar com ele. Acho que ele sofre de dupla personalidade".
Redding continuou: “Ele é um guitarrista genial e sua escrita é muito boa, mas ele se autoflagela. Jimi deixa todo mundo ao redor dele muito tenso porque ele se preocupa com tudo... Deus sabe o porquê. Eu nunca consegui entender por que ele se preocupava tanto, pois estávamos ganhando uma fortuna nas turnês. Em 03 ocasiões, ganhamos mais de US$ 100 mil dólares por uma única apresentação e nos últimos 12 meses, acho que nunca ganhamos menos de US$ 25 mil dólares por uma noite de trabalho".
Porém, para quem já leu a biografia oficial de Jimi Hendrix, sabe detectar o que lhe deixava tão preocupado. Em resumo, ele tinha caído em um estado difícil de stress mental agravado pelas demandas da fama, agendas ocupadas de turnês, uma prisão por posse de heroína (que depois ele foi justamente inocentado, alegando que a droga tinha sido "plantada" em sua mala por algum membro de sua equipe ou roadie) e tendo que lidar com "direitos autorais" de artistas que no passado tinham um desconhecido Jimi Hendrix em suas bandas de apoio, e que agora com sua fama mundial, estavam atrás de Hendrix para conseguir alguma verba adicional pelos seus trabalhos - sem contar que Hendrix nem via a cor do dinheiro que recebia, tudo sendo administrado pelo seu 2º empresário na carreira com fama de mafioso, Michael Jeffery.
Naturalmente, o stress também começou a aumentar para seus colegas de banda, ao ponto de Redding descrever as sessões de estúdio do álbum "Electric Ladyland" (3º disco, 1968) como "caos" e notar que os shows estavam "ficando ridículos".
“O público queria que tocássemos nos shows as velhas músicas de Jimi Hendrix, mas Jimi queria fazer suas coisas novas”, acrescentou Redding.
Para o baixista, a “gota d’água” veio durante uma apresentação da banda no Denver Pop Festival em 1969, onde Hendrix disse a um repórter que pretendia ampliar sua banda, de um grupo power trio para um aglomerado de pessoas. Ele não consultou Redding e Mitchell sobre esses planos, deixando-os um pouco chateados.
Redding concluiu: “Fui até Jimi conversar com ele naquela mesma noite após o nosso show, lhe disse adeus e peguei o próximo avião de volta para Londres. Não acho que Jimi acreditou que eu faria isso. Alguns dias depois, ele me telefonou e pediu para eu voltar, mas eu disse: 'Que se dane'”.
E realmente, logo após a saída de Redding, foi quando aconteceu a apresentação de Jimi Hendrix no Woodstock Festival em 1969, onde podemos ver a inclusão de 02 percussionistas e mais 01 guitarrista, transformando aquele lendário power trio em uma banda com 06 integrantes. Movimento que durou muito pouco, com a banda voltando a ser power trio logo depois.
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