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by Brunelson
Desde que ouvimos pela 1ª vez esse timbre vocal (em nosso caso, lá em 1991) quando escutamos aquele disco de capa vermelha e com braços estendidos na foto, a vida nunca mais foi a mesma, com aquele jeito de cantar muito louco de escutar e totalmente sentimental e sincero, explodindo logo de cara no refrão da música que abre o disco, "Once".
E embora o PEARL JAM tivesse uma arma secreta com Vedder, há algumas músicas da banda em que o seu vocal fica em 2º plano, quase inaudível às vezes.
No início e vindo das cinzas do MOTHER LOVE BONE, o guitarrista Stone Gossard e o baixista Jeff Ament (ambos também do GREEN RIVER), eram os comandantes na formação do PEARL JAM, assim como na criação das músicas. À medida que o grupo começou a se tornar famoso com a explosão do grunge, Vedder foi adquirindo gradativamente mais controle criativo do que Gossard e Ament.
Dentre as loucuras (no bom sentido) que foram lançadas no disco "Vitalogy", a faixa que encerra o álbum, "Hey Foxymophandlemama, That's Me", não é cantada por ninguém da banda, mas é regida por uma gravação de uma fala que fica se repetindo e alternando a velocidade, vinda de um paciente de uma instituição psiquiátrica que está sendo interrogado. Com uma bateria tribal ao fundo e um noise que deixaria o SONIC YOUTH orgulhoso, seria o mais perto que poderíamos chegar de uma mente esquizofrênica.
Sendo de fato o rosto do grupo em todas as revistas, entrevistas e na MTV, Vedder queria afastar a banda do rock convencional, experimentando onde o seu som poderia chegar no disco "Vitalogy" e depois no álbum mais experimental da banda até hoje, "No Code" (4º disco, 1996). Embora a tensão no grupo estivesse alta durante a gravação do álbum "Vitalogy", foi no disco "No Code" que a moral da banda estava em um nível mais baixo.
Gravado ao vivo e de forma rápida, nenhum dos membros da banda estavam se comunicando claramente na época do álbum "No Code", com Jeff Ament ameaçando sair da banda depois que todos começaram a gravar o disco sem ele. Independentemente da produção agitada, o álbum "No Code" apresentou um punhado de canções que ultrapassaram os limites de onde o PEARL JAM estava antes e se tornariam em uma das músicas mais amadas dos fãs e super aguardadas de serem tocadas nos shows.
Embora a bateria tribal da canção que eles escolheram estranhamente para ser o single principal, "Who You Are", possa ter sido muito artística para os fãs entenderem, a banda ainda tinha um talento especial para a sua marca registrada do rock alternativo, desde as quebraceiras músicas "Hail Hail", "Habit" e "Lukin", até na clássica "lentinha" que a banda sempre lança em cada álbum, a canção "Off He Goes".
Para a música "Mankind", Gossard assume as funções do vocal principal (ele é bastante ativo nos backing vocals nas músicas do PEARL JAM), tocando uma canção punk rock no melhor estilo dos RAMONES. E comparado ao rosnado habitual de Vedder, o vocal de Gossard também possui uma energia punk rock nervosa, mas melódica e leve, onde Vedder aparece discretamente fazendo os backing vocals no refrão.
Durante as sessões de gravação do álbum "No Code", eles gravaram outra música com Stone Gossard levando os vocais que foi "Don't Gimme No Lip", mas ela não seria lançada no disco. Sobre esta canção, Gossard deixou escrito nos encartes da coletânea "Lost Dogs" (2003, que se trata de covers e músicas que ficaram de fora dos álbuns até aquele ano):
"Não é uma canção ruim... Esta foi a 1ª música que eu compus e cantei que foi gravada pelo PEARL JAM. Eu acho que foi em New Orleans, pouco antes daquelas sessões de Chicago. Eu estava ficando um pouco frustrado com a minha experiência em compor música e queria apenas escrever algo que pudesse terminar e dizer: "Isto aqui eu vou pegar ou largar?" Bem, o pessoal da banda resolveu deixa-la de lado, mas agora ela está de volta! Na verdade, possui um refrão muito bom, mas os versos são um pouco fracos. Poderia ter tido um pouco mais a dizer agora que já estou familiarizado com o microfone, mas eu estava começando a explorar esse caminho, sabe? Logo depois, gravamos a canção 'Mankind' e a minha carreira como cantor em tempo parcial estava florescendo... Ah?"
No álbum seguinte, "Yield" (5º disco, 1998), temos uma música estranha que entraria perfeitamente no álbum "Vitalogy" que se chama "Red Dot". Uma dança tribal noturna em volta de um caldeirão fumegante no meio da floresta, aqui, tudo foi gravado (instrumentos e vocal) pelo baterista da época, Jack Irons (que entrou na banda para fazer a turnê do álbum "Vitalogy" e gravou a bateria nos discos "No Code" e "Yield").
Ainda no embalo, Irons estava inspirado e compôs e cantou o que talvez poderia ser uma das melhores músicas do PEARL JAM de todos os tempos, "Whale Song" - e agora não sei dizer com certeza se já foi tocada nos shows alguma vez - que para não perder o costume, mais uma pérola que o PEARL JAM deixou de fora dos seus álbuns de estúdio. Além de uma porrada lírica característica da banda, ficar viajando na guitarra de Mike McCready emulando o canto das baleias é uma pira mesmo e como marcou a nossa época ali na virada do século escutando com amigos e curtindo junto.
Vedder também deixou as suas anotações no encarte da coletânea "Lost Dogs" sobre a música "Whale Song": "Jack Irons escutou alguém falar que o coração de uma baleia é tão grande quanto um Volkswagen - como se já não estivéssemos maravilhados... Outra faixa surfrider".
Porém, a miscelânea de ótimas músicas que ficaram de fora desse disco e que foram lançadas na coletânea "Lost Dogs" é de cair o queixo, mas uma que talvez mereceu o seu status de lado-b mesmo como um "cachorro perdido" foi a canção "Sweet Lew", cantada por Jeff Ament. Seria aquele resquício do funk rock dos primeiros dias do grupo, em homenagem a um dos seus ídolos do basquete.
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