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by Brunelson

Pearl Jam: "muita gente gasta tempo atolado nas gravações que não significam nada no final"


Confira matéria e entrevista que o guitarrista do PEARL JAM, Stone Gossard, concedeu recentemente ao site VWMusic.



No mundo do rock alternativo ou grunge, o guitarrista Stone Gossard e a sua banda, PEARL JAM, são titãs na história do rock que chegaram em 2022 de pé no topo da montanha como lobos solitários sobreviventes de 32 anos da volatilidade do rock 'n' roll.

Embora o PEARL JAM possa ser a proverbial pena de Gossard em seu boné, a sua jornada não começou aí. Dez anos antes da formação da banda que definiu uma era, o herói de seis cordas se formou em várias bandas de Seattle, culminando com a sua doutrinação em grupos seminais e altamente influentes do pré-grunge: GREEN RIVER e MOTHER LOVE BONE.

Com uma visão musical estabelecida em mãos, Gossard e os seus companheiros formaram o PEARL JAM e em poucos anos conquistaram o mundo do rock com o marcante álbum de estreia, "Ten" (1991), um disco que, junto com alguns outros, inaugurou uma era inteiramente nova do rock e deixando tudo o que veio antes dele em seu rastro.

Nas décadas seguintes, a abordagem inventiva, primitiva e ilimitada de Gossard à guitarra, expandiu as mentes dos seus ouvintes não apenas com o PEARL JAM, mas também com outras saídas musicais, como o BRAD e agora o seu projeto paralelo mais recente, PAINTED SHIELD.

Quando se trata de Gossard, o seu estilo é cultivado através de ideias maiores que a soma de suas partes, ainda assim, ele oferece um novo sabor a um grupo já estabelecido de paleta musical de músicos. Se isso lhe interessa, então absorva os sons que Stone Gossard emite escondido atrás da cortina de som do PEARL JAM.

Sempre trabalhando duro, Gossard, junto com seus companheiros de banda - Eddie Vedder (vocalista), Mike McCready (guitarrista), Jeff Ament (baixista) e Matt Cameron (baterista) - também estão encontrando tempo em uma agenda lotada de turnês para gravar o álbum sucessor ao disco "Gigaton" (11º disco, 2020). Já tendo realizado a 1ª perna da turnê americana e acabado de finalizar a turnê europeia (ambas em 2022), o grupo agora se prepara para a 2ª perna da turnê americana que irá iniciar em setembro.

"E vamos continuar gravando músicas nos intervalos das turnês. Temos algumas músicas gravadas que vamos lançar em algum momento... Não sei quando, mas temos que terminá-las e além disso, também temos os nossos negócios que envolvem a banda, como de costume”.





Durante uma pausa da turnê, Gossard recentemente tirou um tempo para ser entrevistado e falar sobre todas as coisas do PEARL JAM e muito mais.


Confira:

Jornalista: Obviamente, vocês estão em uma espécie de ciclo de suporte atrasado para o disco "Gigaton" devido a pandemia. Que tipo de feedback a banda está recebendo nas turnês?

Stone Gossard: Bom, na verdade está sendo realmente incrível, porque não tocávamos há muito tempo e acho que houve um momento em que estávamos todos convencidos de que essa coisa nunca mudaria de volta para onde estávamos. Ficamos esperando e esperando para voltar a fazer o que costumávamos fazer, você sabe, tocar em arenas e ter essas noites musicais alegres. Então, nós conseguimos fazer vários shows juntos agora e a banda está tocando muito bem e está muito unida musicalmente. Estamos de volta a um ponto em que há muita harmonia na banda. Estamos tocando muitas músicas antigas, tocando algumas coisas novas e misturando o setlist dos shows. Tem sido realmente uma alegria e honestamente, está sendo tão divertido em turnê quanto há muito tempo atrás e é muito bom estar de volta à Europa, é tão bom estar na frente de uma multidão internacional porque eles podem ser incríveis conosco. Você sabe, quando você vê bandeiras de todo o mundo, tantos rostos diferentes e muitos jovens aparecendo para ver os nossos shows, todos nós ficamos meio que nos beliscando, dizendo: “Nossa, isso é difícil de acreditar que ainda está acontecendo conosco”.


Jornalista: Quais são algumas das maiores diferenças entre tocar na Europa e nos EUA?

Gossard: Você sabe, eu acho que Eddie tentará se comunicar com a multidão todas as noites, tipo, faremos algumas traduções e faremos um esforço realmente válido para estar na zona do país em termos de idioma. E acho que isso provavelmente é um desafio para ele e Eddie coloca muita energia nisso para fazer esse trabalho, então, eu acho que só do ponto de vista da comunicação e viajar em todos esses países estrangeiros, é algo que você não tem certeza de como as coisas irão caminhar e fazer coisas simples como jantar fora, por exemplo. Essas são as coisas que podem ser um verdadeiro desafio, mas em geral, somos bem cuidados em todo o lugar que vamos e eu diria que estamos muito bem na estrada, com certeza.


Jornalista: Se a minha memória não falha, o 1º show do PEARL JAM em quase 03 anos foi em setembro de 2021. Que tipo de emoções você estava sentindo durante os primeiros momentos de voltar ao palco?

Gossard: É difícil explicar, mas eu diria principalmente nervosismo. Quero dizer, nós ensaiamos um punhado de vezes e honestamente, não somos conhecidos por um cronograma de ensaios muito rigoroso (risos). Então, nós estávamos basicamente dando um passo lá fora e meio que esperando por alguma mágica. Felizmente, começamos a tocar muito bem imediatamente, mas eu diria que nos últimos 05 ou 10 shows, de repente, é como se estivéssemos atingindo ainda mais o nosso passo natural. É tão divertido sentir essa confiança de apenas sair e saber que você está atirando em todos os cilindros. Então, naquele 1º show de retorno, com certeza foi nervosismo, mas principalmente alegria e um pouco de ansiedade. Você sabe, é um momento de ansiedade e há muito o que se preocupar com grandes multidões e a covid, porque ela ainda está lá fora. Claro, provavelmente há alguma ansiedade, mas realmente e principalmente quando você sai por aí, os rostos das pessoas estão mostrando esta sensação de alegria e empolgação. Então, para nós, aqui na banda em cima do palco, é difícil sentir qualquer coisa além de alegria quando você vê todas essas pessoas olhando para você.



Jornalista: Ao longo dessa turnê, o PEARL JAM enfrentou algumas adversidades. Vocês ficaram sem o baterista Matt Cameron por um tempo (devido a covid), o que não acontecia há muito tempo. Como a banda se adaptou a esses desafios?

Gossard: Bom, obviamente os protocolos contra a covid ainda estão em vigor, mas perdemos Matt por um tempo e também tivemos que integrar Josh Klinghoffer como multi-instrumentista. Honestamente, sentir falta de Matt foi um grande desafio para nós. Acho que improvisamos de uma maneira bem PEARL JAM mesmo, apenas pensando: “Bom, você sabe, Josh pode tocar bateria. Vamos deixá-lo tocar algumas músicas. E então, temos o baterista Richard Stuverud que pode tocar algumas músicas também”. Richard é um amigo nosso e baterista que já nos ajudou antes. Ele mora em Oakland, Califórnia, e nós estávamos em Oakland para fazer 02 shows e pensamos: “Vamos chamar Richard e ele pode tocar algumas músicas para nós”. E foi muito divertido nestes shows para falarmos: “Bom, vamos fazer o que pudermos e vamos meio que improvisar e manter isso em família”. Mas você sabe, depois de alguns shows, acho que ficamos, tipo: “Ok, isso é um trabalho duro mesmo (risos)”. Estamos muito agradecidos pela presença musical de Matt, porque está tão embutida no que estamos fazendo agora e tem sido assim há muito tempo. Cara, foi um verdadeiro desafio de fazer e foi meio que uma aventura, quase como acampar ou algo assim (risos). De certa forma, pode ser divertido descobrir coisas novas sobre as músicas, porque com um novo baterista você aprende coisas diferentes sobre essas músicas. Ao mesmo tempo, Matt está tocando tão bem agora e ele está dirigindo a banda muito bem... É muito bom tocar com ele.








Jornalista: E vocês tem Josh Klinghoffer em turnê com a banda agora. O que ele trouxe para o grupo?

Gossard: Josh tem uma voz tão boa e ele está cantando tantas partes de harmonia que foram ignoradas por muito tempo. Matt pode cantar muito bem e eu, Jeff e Mike, também podemos criar um vocal de fundo de vez em quando, mas Eddie escreve partes vocais de fundo bastante intrincadas, complexas e extremamente desafiadoras, então, se você não cantar de verdade, não poderá simplesmente improvisar. Para nós, ter Josh cantando todas essas partes dessas músicas antigas e as novas também, enquanto ele toca algumas partes de teclado que estávamos perdendo, é incrível. É engraçado, porque Josh é um fã do PEARL JAM desde a adolescência, então, ele meio que conhece o nosso material melhor do que nós, o que é meio hilário de se pensar. É apenas uma alegria estar perto dele e Josh é um cara incrível e bem-apessoado também. Realmente, ele é um gênio musical que tem muito conhecimento harmônico profundo e uma tremenda compreensão da música. E assim, Josh está realmente informando a banda e nos tornando muito melhores, mas ele também é um irmão e realmente alguém com quem é divertido fazer turnês. Então, sair com ele não tem sido nada além de uma alegria e acho que provavelmente soamos melhor do que nunca e muito disso é Josh acrescentando algumas partes que foram ignoradas por um tempo.


Jornalista: Como vocês fazem para integrar nos shows o novo material ao lado dos antigos?

Gossard: Estamos tocando talvez 03 ou 04 músicas do álbum "Gigaton" todas as noites, no entanto, estamos sempre mudando as músicas e há algumas que estamos tocando muito e algumas que não tocamos direto, mas estamos trabalhando com músicas do disco "Gigaton" no setlist todas as noites ao lado das clássicas, com certeza.




Jornalista: "Gigaton" é o primeiro álbum do PEARL JAM em 07 anos. Qual é a maior progressão em comparação ao álbum antecessor, "Lightning Bolt" (10º disco, 2013)?

Gossard: Bom, "Gigaton" é um disco que basicamente fizemos por nós mesmos. Fizemos sozinhos com Josh Evans, que nos ajudou a produzi-lo e ele é um engenheiro de som que já vinha trabalhando conosco em Seattle em outros discos, então, foi muito mais caseiro em termos de todo mundo fazendo as gravações demo e depois compilando-as. No final, Eddie estava pegando essa grande pilha de material e começou a aprimorá-la. Eu acho que "Gigaton" é um disco que realmente encaramos como um desafio pessoal para ver se conseguiríamos fazer isto sozinhos e foi uma boa experiência de crescimento também, porque todos fizeram algo que não esperavam fazer ou tivemos músicas que acabaram entrando no disco que representavam um novo patamar ou algo novo para nós. Então, foi uma ótima experiência.


Jornalista: Voltando a quando vocês formaram o PEARL JAM, como o seu tempo com o MOTHER LOVE BONE e GREEN RIVER o preparou para o que estava por vir?

Gossard: Bom, você sabe, eu acho que estar em bandas apenas oferece a experiência de trabalhar com pessoas e aprimorar o seu conjunto de habilidades, seja lá o que for. Eu acho que apenas a experiência geral de estar em bandas e ter gravado algumas vezes, sabe, isso me ajudou também. Dito isso, ainda sinto que estou aprendendo e descobrindo coisas novas o tempo todo. Quando se trata de tocar música com outras pessoas, escrever músicas, como ser bom em uma música, como ser você mesmo e como desempenhar um papel, eu acho que ainda estou aprendendo. Quando se trata de composição colaborativa, é apenas um processo contínuo e acho que tenho aprendido desde que comecei a tocar guitarra e nunca mais parei. Então, eu realmente não sei se tenho algum tipo específico de coisas em si que necessariamente aprendi no GREEN RIVER e no MOTHER LOVE BONE.

Gossard: Novamente, no que diz respeito ao estúdio, essas bandas me deram experiência de gravação e me mostraram como me acalmar enquanto gravo alguma coisa e como identificar riffs que têm algum significado. Pra mim, ouvir de verdade depois de gravar é importante, porque preciso colocar tudo no papel e depois me dar algum tempo para voltar. Quando eu voltar, é quando eu verei quais sons pegam o meu ouvido da perspectiva de ouvinte, ao contrário de quando estou tocando. Quando se trata de composição e estar em uma banda, pra mim, é muito mais sobre subtração do que nunca em termos de por que e como uma parte de uma música faz sentido. É também sobre o que você pode fazer para ajudar a elevar uma música e geralmente é a coisa mais simples, sabe? Às vezes, é realmente a coisa mais simples, porque quando você tira algo, isso abre espaço para outra coisa ou algo novo para estar lá. Então, você está tentando encontrar aqueles momentos e arranjos que se abrem para ideias que você talvez não tivesse pensado de outra forma. Essas são as coisas que eu penso muito hoje em dia e estas são as coisas que eu tenho aprendido desde que eu estava nessas bandas anteriores.


Jornalista: O 30º aniversário do 2º álbum de estúdio do PEARL JAM, "Versus" (1993), está chegando rapidamente. Como sabemos, o disco de estreia, "Ten", foi um imenso sucesso. Que tipo de pressão a banda sentiu quando entrou no estúdio para gravar este 2º álbum?

Gossard: Acho que não estávamos pensando nisso na época. Estávamos escrevendo músicas e sentimos que eram boas. Jeff e eu estávamos escrevendo músicas para bandas por 10 anos naquela época, então, sabíamos que queríamos gravar e todo mundo estava animado com aquilo. Nós realmente não pensamos na época sobre isso dessa maneira que você falou. O disco "Versus" foi o primeiro disco que gravamos com o produtor Brendan O'Brien, que era, como você sabe, uma personalidade enorme e impactante para nós em termos de gravar discos de uma maneira específica que era um processo muito mais rápido. Você sabe, Brendan gostava de se mover rapidamente e não levava nada muito a sério e isso era uma coisa muito importante para nós naquela época. Acho que tem muita gente que grava que acaba gastando muito tempo atolado nos detalhes da gravação e esses detalhes muitas vezes não significam nada para o resultado final, mas Brendan foi uma ótima pessoa, tirava ótimos sons de nós, era rápido, gostava de nós e não pensava demais no que estávamos fazendo. Tínhamos 10 ou 15 arranjos se formando e rapidamente tínhamos um disco com 12 músicas prontas. Não era como se ele tivesse nos feito escrever mais 15 músicas ou algo assim, sabe? Não era onde estávamos naquele momento e me lembro que era como uma extensão do que estávamos fazendo e não havia muita hesitação nisso ou naquilo. Se teve alguma coisa, era porque o disco "Ten" já era gigante e acho que, de certa forma, a pressão acabou porque sabíamos que tínhamos mais a fazer musicalmente do que havíamos feito no álbum "Ten". Sabíamos o que estávamos escrevendo e sabíamos que tínhamos boas músicas chegando... Na verdade, sabíamos que não precisávamos igualar ao disco "Ten" porque sentíamos que já havíamos realizado muito do que queríamos fazer, então agora, poderíamos apenas nos concentrar na música que queríamos criar.


Jornalista: Você e Mike McCready formam um incrível conjunto de guitarras. Como você encontra esse equilíbrio?

Gossard: Você sabe, com 02 guitarras ou às vezes até com 03 guitarras, você precisa encontrar o seu lugar. E às vezes, o seu ponto é não adicionar nada (risos). Com Mike, somos muito atenciosos um com o outro e realmente queremos encontrar as maneiras certas de tocar juntos e fazê-lo naturalmente. Também queríamos encontrar maneiras de fazer isso sem ser cerebral e honestamente, acho que ainda estamos descobrindo isso. Tocar ao vivo ajuda porque você consegue essa interação e não está pensando demais nas coisas. Em vez disso, você está apenas pensando em tocar e assim, explora muito esse mundo. Agora, novamente, muito disso é subtração, enxergar onde dobrar algo e onde tocar algo diferente. Eu acho que existem essas questões musicais que vamos continuar nos perguntando repetidamente: “O que torna a música melhor? O que soa bem? O que é natural para você? Qual é a sua voz? Como podemos misturar as nossas vozes?” Pra mim e acho que para Mike também, é fascinante e é um processo incrível de se envolver. Ainda somos como crianças quando estamos olhando pra isso, porque ainda não temos ideia do que pode acontecer. Pode ser que uma de nossas partes seja algo tão simples quanto apenas tocar em uma introdução através de uma seção e de repente é a coisa mais legal do mundo. Não se trata de nenhum tipo de ciência e não se trata de nada além de apenas uma sensação e uma intuição sobre como abordar algo. É tão simples quanto ouvir uma melodia e confiar que ela contará para alguma coisa.


Jornalista: Como você descreveria a sua abordagem com a guitarra, em oposição à de Mike?

Gossard: Quero dizer, elas são bem diferentes. Em geral, acho que costumo olhar para a minha guitarra quase como um instrumento de percussão, entende o que eu quero dizer? Sou bastante dedicado às partes e estou constantemente pensando no meu papel em termos de groove e ritmo da canção. Depois de encontrar isso, procuro pontos para oferecer suporte e estou procurando pontos para causar impacto. Em geral, acho que Mike possui uma tendência a flutuar mais acima das canções. Ele tem essa capacidade de "perder a cabeça" nesses tipos de transes religiosos, onde ele pode apenas explorar e se sentir muito confortável. São esses momentos em que ele pode se libertar para basicamente canalizar essa criatura que sai em sua liderança quando está tocando e isso não é tão natural em mim. Então, Mike e eu desempenhamos papéis diferentes, mas acho que cada um de nós pode desempenhar o papel do outro também. Agora, isso é mais um desafio para nós dois, porque é onde saímos da nossa zona de conforto.


Jornalista: Na sua opinião, o rock está morto?

Gossard: Quero dizer, quem sabe e quem se importa (risos)? Honestamente, o PEARL JAM está fazendo shows e estamos nos divertindo, então, o que quer que estejamos fazendo, estamos nos divertindo e os nossos fãs parecem estar se divertindo também. Eu amo a abertura que a música rock oferece, porque não há qualidade definidora para a música rock. É sobre várias pessoas tocando música juntas e com qualquer instrumento que elas escolham tocar. Seja o que for, se é algo que possa ser rock, eu adoro. Eu amo bandas de rock e amo fazer colaborações. Pra mim, a moldura da música rock pode conter muitas imagens diferentes e há muitas imagens que ainda não foram criadas em termos de como uma banda pode soar junto. Com isso, não sabemos qual pode ser a instrumentação e por que precisa sempre soar pesada, mas ainda pode ser rock e podem ser instrumentos diferentes que ainda evocam o mesmo peso que o rock evoca, que é uma coisa primordial. Eu acho que com o rock, é algo que é honestamente relativo ao blues, tipo, é com o que estamos nos conectando em um nível fundamental, certo? Então, o blues existe há muito tempo e não acho que vá desaparecer. Vai continuar somente mudando de forma.


Jornalista: Para encerrar, o PEARL JAM sobreviveu à maioria dos seus contemporâneos desde o início dos anos 90. A que você deve à longevidade da banda?

Gossard: Nós não nos separamos em nenhum momento da carreira (risos). Parece bobo, mas é verdade. A outra coisa seria que entramos nisso com uma ideia sobre o que queríamos fazer e tínhamos metas. O objetivo, mais ainda, a ideia, era que queríamos estar em uma banda que iríamos compartilhar uns com os outros. Sabíamos que todos nos apoiaríamos porque todos nós éramos artistas, todos queríamos escrever músicas e todos fazemos isso em diferentes níveis e de maneiras diferentes. Então, ao longo do tempo, nos mantivemos fiéis a isso e acho que ter essa ideologia embutida em nosso DNA como banda, nos levou a períodos de tempo em que talvez não teríamos durado porque demos a cada outro uma pausa. Honestamente, você pode ter anos em que pensa: “Não tenho mais certeza. Isso não está funcionando da maneira que eu quero”, e então, 05 anos depois disso, você pensa: “Cara, você que saber? Isso daqui é ótimo e estou muito feliz por ter ficado por aqui”.

Gossard: A questão é que, para obter essa perspectiva, é preciso muita perseverança e muita competitividade obstinada. Você tem que acreditar em si mesmo, mesmo quando sabe que não está tocando o seu melhor ou não sente que está sendo apoiado ou qualquer outra coisa. Todos nós tivemos aqueles momentos nessa banda em que as coisas não estavam certas, mas como uma família, vocês se unem e trabalham um pouco todos os dias. Para nós, os ideais do que nos propusemos a fazer ainda estão valendo a pena para nós agora. A única diferença é que agora somos apenas um bando de pessoas mais velhas que se sentem tão sortudas e tão sortudas por ainda estarem um com o outro. Nós nos sentimos sortudos por ter um monte de músicas que ainda estamos aprendendo a tocar de novas maneiras. Além disso, temos um monte de músicas que quase nunca tocamos e essas podem acabar sendo as que queremos muito tocar na próxima turnê. Temos centenas de músicas e covers que tocamos e é realmente incrível poder sair por aí e fazer isso. Ainda assim, acho que todos nós pensamos: “Nossa, como tudo isso aconteceu? Isso é incrível”.

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