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by Brunelson
Nota: 5/5
O disco "Give Way" do PEARL JAM é a vitrine do baterista Jack Irons que sempre precisávamos, sendo o 1º lançamento oficial ao vivo da época em que Irons era baterista da banda. O álbum está disponível agora para o Record Store Day.
O vocalista Eddie Vedder disse uma vez que Irons salvou o PEARL JAM de murchar sob a pressão do estrelato da era grunge e você também pode argumentar que o grupo nunca teria existido se não fosse pelo papel de Irons de apresentar e repassar aquela instrumental fita cassete demo do pessoal do PEARL JAM para um então desconhecido Eddie Vedder, para que pudesse gravar os vocais em cima e aguardar a aprovação dos seus futuros companheiros de banda. Vedder se juntaria ao PEARL JAM em Seattle no 2º semestre de 1990.
Além disso, os 04 anos de Irons na banda, de 1994 a 1998, o levaram a causar um impacto vital em algumas de suas músicas mais amadas, porém, o seu trabalho ao vivo no palco junto com o PEARL JAM nunca foi documentado profissionalmente, da forma que o grupo vem promovendo desde o ano 2000 quando eles começaram a lançar gravações ao vivo de todos os shows que apresentavam.
Isto sempre foi uma pena, porque Irons trouxe um groove solto e terreno ao som do PEARL JAM que muitas vezes contrastava visivelmente com as tendências mais rígidas e poderosas do baterista antecessor, Dave Abbruzzese, e seu eventual sucessor, Matt Cameron (SKIN YARD, SOUNDGARDEN e TEMPLE OF THE DOG).
Tudo estava programado para ser lançado em agosto de 1998.
No último minuto, descobriu-se que a banda e sua gravadora, a Epic Records, não haviam realmente assinado um acordo, levando à destruição de quase todas as 50 mil cópias do CD que já haviam sido impressas (uma rara cópia dessa época está sendo vendida atualmente por U$ 700,00 dólares na internet).
Irons estava lidando com uma crise de saúde mental que mudou a sua vida na época, mas você nunca saberia disso com base na força de sua atuação aqui.
A versão da música “Brain of J” (que abre o disco "Yield") é indiscutivelmente a melhor que a banda já gravou ao vivo, lhe derrubando no chão com a sua batida e dirigindo os riffs das guitarras descendentes propulsivas de Mike McCready e Stone Gossard como o escapamento de uma locomotiva. Da mesma forma, a canção “Do The Evolution” é um grunhido de acusação de Vedder contra o egoísmo da humanidade moderna emparelhado numa das sequências de guitarra mais memoráveis de Gossard.
Irons ainda brilha nas músicas favoritas alternadamente serenas e crocantes do disco "Yield", como “Faithfull” e “Given to Fly”, além de “In My Tree” do disco "No Code", sendo essa última uma força de batidas pesadas na bateria com aquele sabor tribal de Irons. Há uma razão clara pela qual a canção "In My Tree" desapareceu dos shows do PEARL JAM por 05 anos após esta turnê e mesmo assim só reapareceria ao vivo em um novo arranjo. A essência musical de Irons está tão embutida nela que nenhum outro baterista poderia esperar que realmente fizesse justiça a ela.
A música “State of Love and Trust” quase soa tão descontraída como se estivesse sendo tocada no intervalo do show para um descanso, embora seja apenas um pouco mais lenta do que a sua versão original de estúdio e que não foi lançada no disco de estreia, "Ten" (1991). Enquanto que a canção “Immortality” (3º disco, "Vitalogy", 1994) transcende alguns momentos desconexos (no bom sentido) para construir um clímax incendiário movido a Jack Irons.
Em outro lugar, o disco "Give Way" demonstra amplamente o domínio e a habilidade inata de Vedder de se relacionar com o público, graças a inúmeras referências específicas da Austrália e até mesmo com uma pequena provocação do riff icônico da música “Beds Are Burning” da banda australiana MIDNIGHT OIL. E antes de tocarem a canção “Hail, Hail” (4º disco), Vedder saúda o jogador de basquete australiano, Luc Longley, na época bicampeão da NBA com o Chicago Bulls, mudando a letra da música para: “Estamos indo para o mesmo lugar / Embora eu seja pequeno”.
Quanto às músicas excluídas, não ficou claro por que elas foram escolhidas para não serem lançadas no disco, mas foram principalmente as canções mais lentas, como “Off He Goes” (4º disco), “Elderly Woman Behind The Counter in a Small Town”, "Daughter" e “Indifference” (todas do 2º disco, "Versus", 1993).
O que ninguém poderia saber naquela noite fria de outono no leste da Austrália é que Irons faria o seu último show com o PEARL JAM apenas 15 dias depois no término daquela turnê. Como o baterista revelou em detalhes pela 1ª vez no livro que marca os 20 anos do PEARL JAM, "PJ20" (2011), ele lutou por anos com uma condição bipolar e decidiu parar de tomar remédios antes dessa turnê, mas ao fazer isso, "o meu sistema nervoso enlouqueceu. Eu parei de dormir. Eu estava tão sobrecarregado que tinha que sair e tocar todas as noites. Foi como um ataque de pânico que não ia embora”.
Posteriormente, Irons tomou a difícil decisão de que não poderia mais continuar na banda, a serviço de cuidar de sua própria saúde mental.
O baterista do SOUNDGARDEN, Matt Cameron, cuja banda estava separada nessa época, foi convidado a participar da turnê americana no final daquele verão de 1998 e tem sido o baterista do PEARL JAM desde então. Foi aqui que a banda lançou oficialmente o seu 1º disco ao vivo chamado "Live on Two Legs" (1998), que mostra a execução das músicas retiradas de vários shows da turnê pelos EUA em 1998.
Mas como todas as grandes histórias, esta possui um final feliz. A vida de Irons se estabilizou e ele lançou uma série de músicas solo interessantes nos últimos 15 anos. Além do mais, ele manteve boas relações com os seus ex-companheiros de banda, participou de vários shows do PEARL JAM e de Eddie Vedder solo e tornou-se amigo e mentor do atual membro de turnê do PEARL JAM, Josh Klinghoffer, atuando como multi-instrumentista e ele que foi o ex-guitarrista do RED HOT CHILI PEPPERS.
Ah, Jack Irons também foi baterista da banda ELEVEN e 1º baterista do RED HOT CHILI PEPPERS.
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