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by Brunelson
Stone Gossard tem muitas músicas na bagagem e no baú, isso ele não pode evitar. O guitarrista disse que você pode perguntar a qualquer pessoa que já trabalhou com ele antes, e todos dirão exatamente a mesma coisa.
Sentado em casa em Seattle, ele começa a revelar a sua impressão do que espera que outros artistas dirão dele.
“Eles dirão: ‘Se há uma coisa que ele tem, são as ideias’”, ele ri. “Tipo: ‘Mais ideias chegando, senhoras e senhores!’”
Normalmente, o dilúvio do material de Stone é todo concebido com um destino final específico em mente: os canais auditivos de Eddie Vedder.
“No final das contas, eu escrevo todas as músicas para Eddie”, ele diz. “Ele é a minha musa. Eu adoraria escrever 50 músicas por ano com ele, mas simplesmente não é assim que está escrito nas cartas, pois não funciona assim pra ele. Quando ele está escrevendo é diferente do que é pra mim. Posso escrever o tempo todo, mas a maneira como Eddie realmente opera, a maneira como ele adora ouvir música, é por algo que pode ser de forma imediata pra você, mas ele tem o seu próprio tempo chegando no momento em que ele estará pronto para se conectar. Ele gosta de estar no processo com você, então, se eu enviar a ele 30 ideias, é muita informação para ele gerenciar e não é assim que o cérebro funciona".
O resumo disso, Stone diz, é o seguinte: “Eu escrevo canções demais para o PEARL JAM” - as suas palavras não foram pronunciadas nem com tristeza ou remorso, mas quase como um grito alegre de admissão. Não que isso deva ser uma surpresa. Stone foi o primeiro membro do grupo de Seattle a lançar um álbum solo em 2001.
Este é o mesmo homem que, no calor da mania do grunge após o PEARL JAM lançar o seu clássico álbum de estreia em 1991, "Ten", de alguma forma encontrou tempo para formar outra banda, BRAD, e compor o seu impressionante disco de estreia, "Shame", em questão de dias.
“Foi uma lição de como pular de penhascos e confiar em suas amizades”, ele reflete sobre este início.
Stone Gossard não deixa de ser um verdadeiro catalisador de vocalistas em sua carreira. Começando com Mark Arm no GREEN RIVER, Andrew Wood no MOTHER LOVE BONE, Chris Cornell no TEMPLE OF THE DOG, Eddie Vedder no PEARL JAM, Shawn Smith no BRAD e até Neil Young.
O homem cujo trabalho com todas essas bandas e artistas citados alterou para sempre a trajetória da música rock é, ao que parece, também um mestre da modéstia. Veja a explicação dele de, por que, seja entre bandas ou mesmo nas suas canções solo, tantas de suas músicas soam radicalmente diferentes: “Eu não sei nada sobre música além de, tipo, eu pego o meu instrumento e eu mexo nisso até encontrar algo que goste... Esse tem sido o meu processo desde o início”, ele sorri.
Vimos muitos lados de Stone Gossard ao longo dos anos.
Como a pessoa que compareceu a uma audiência no Congresso para defender o direito do PEARL JAM de cobrar menos dos seus fãs pelos ingressos e que participou de uma série de campanhas ambientais, mas uma coisa que não vimos dele - ele com tantas músicas, dois álbuns solo e até mesmo os vocais principais em algumas músicas do PEARL JAM - é a sua visão liderando uma banda na frente do palco.
A ideia já lhe passou pela cabeça?
"Deus!", ele se encolhe. "Senhor, me ajude... Hmmm, eu não posso cantar e tocar guitarra ao mesmo tempo. E segundo, eu não consigo cantar!”
Então, novamente, Stone não precisa estar no centro do palco para ter um grande impacto.
Outra recente lente que surgiu para vê-lo, foi no último álbum do PEARL JAM, "Gigaton" (11º disco, 2020). Produto de um grupo que ainda evita muitas entrevistas, muito sobre os bastidores da gravação do álbum permanece envolto em mistério. Foi um disco nascido de tempos turbulentos...
“Quando você está numa banda que está compartilhando ideias e não está necessariamente no controle de tudo o que acontece, você está meio que politizando o que acha que é melhor”, explica ele. “Muitas vezes, você não consegue o que quer, tipo, é como se todo mundo quisesse colocar as mãos num tabuleiro".
Cada banda tem a sua própria maneira de fazer música - às vezes há uma força guia, outras vezes há algumas. Mas e no PEARL JAM? Existem cinco compositores incríveis e enormemente prolíficos e o que sempre provou ser tão cativante é até que ponto, especialmente para uma banda de 30 anos, os seus membros falam com reverência quase sagrada quando uma de suas canções escritas individualmente recebe autorização para se tornar uma música do catálogo do PEARL JAM.
Em 2018, Jeff Ament disse para a revista Kerrang sobre o orgulho exagerado que sentiu quando as suas canções começaram a receber o selo de aprovação coletiva.
“Isso me deu confiança”, havia dito Ament. “Tipo: ‘Nossa, essa música é realmente boa o suficiente para ser lançada num disco do PEARL JAM? Não vou precisar enterrar esta tal canção e esperar que um dia ela veja a luz do dia!'”
Foi quando Stone ouviu as palavras mágicas.
"Nossa!", disse Eddie. "Isso é legal".
“Eu escrevi muitas músicas que ele não necessariamente respondeu a mim e para ele dizer: 'Essa é a que eu quero fazer', eu não poderia ter ficado mais feliz”, Stone fala empolgado. “Realmente, Eddie escolheu a música mais pessoal, mais 'eu' para incluir no álbum. Foi emocionante e fez tudo circular pra mim de novo e pensar: 'Oh, meu Deus, é tão legal como esse processo funciona'. Eddie realmente quer compartilhar, então, ele vai escolher algo de todos e de certa forma, realmente está sancionando por meio do seu filtro, o que é ótimo! Ele consegue enxergar o quadro geral e coloca as peças do quebra-cabeça juntas para torná-lo certo, onde estamos totalmente confiando nele. Eddie é o nosso líder e se você tem um grande momento num disco, você pensa: 'Entendi!'”
A música "Buckle Up" tem confundido muitos, com as suas belas passagens musicais em desacordo com as alusões ao derramamento de sangue. É sobre assassinato? Uma memória traumática da infância? Paternidade? Seja como for, a linha central parece sugerir que Stone Gossard tem pensado muito sobre a fragilidade da vida humana ultimamente...
“Estou misturando metáforas por todo o lugar, mas é absolutamente daí que vem”, afirma Stone, explicando a miríade de interpretações desta canção. “A linha onde diz: ‘Antiguidades caindo no Nilo’, é apenas como dizer: ‘Tudo deve passar’. É a inevitabilidade do declínio, sabe? Você será confrontado com alguns dos momentos mais desafiadores da sua vida e terá que colocar as suas calças de menino crescido e apertar o cinto. Você será desafiado pela vida, especialmente a vida à medida que envelhecer e se confrontar com a mortalidade”.
Infelizmente, esses confrontos no campo do PEARL JAM foram numerosos nos últimos anos na corrida até o disco "Gigaton".
Em uma recente entrevista de Eddie Vedder para o radialista Howard Stern, Eddie falou sobre a perda do seu irmão mais novo em um acidente de escalada junto com o anúncio da morte devastadora de Chris Cornell: “Eu só estava apavorado para onde iria se me permitisse sentir o que precisava sentir”, confidenciou o vocalista.
“Ele se elevou de uma forma que todos sonham”, diz ele. “Foi como se tornar um super-herói ou algo assim, em termos daquela voz, de onde ela veio e como ela era capaz de ser tão sofisticada e penetrante ao mesmo tempo. Ele foi um dos maiores vocalistas de todos os tempos”. A memória de Stone o leva de volta ao borrão da gravação do álbum elegíaco do TEMPLE OF THE DOG em apenas 01 semana e meio como um tributo a Andrew Wood - o falecido vocalista do MOTHER LOVE BONE, colega de quarto de Chris.
“Voltando à gravação do álbum do TEMPLE OF THE DOG, como Chris ficou tocado pela morte de Andy e ele cuidando de nós enquanto perdíamos o nosso amigo...” Stone faz uma pausa. “E justamente a generosidade dele em nos convidar e ao nosso novo vocalista, Eddie Vedder, para fazer esse disco que, na minha perspectiva, acabou sendo um dos maiores álbuns de todos os tempos. Ele escreveu essas músicas, nós as gravamos em 01 semana e meio e eu nem me lembro de ter estado lá, sabe? Mas você ouve de volta agora e pensa: ‘Como um garoto de 24 anos pode ter tanta sabedoria em suas letras?’ Chris foi tocado por essas músicas”.
A morte de Chris não foi a única perda que Stone teve de processar. Em 03 de abril de 2019, surgiram notícias de que Shawn Smith, o extraordinariamente talentoso vocalista da sua banda paralela, BRAD, havia morrido aos 53 anos. Juntos, eles gravaram 05 álbuns de estúdio brilhantes, muitas vezes dolorosamente belos.
Para finalizar esta entrevista, ele falou com carinho sobre Shaw Smith:
“A música sempre foi uma experiência religiosa para ele”, afirma Stone. “Foi sempre um momento de graça, pois ele cantava quase sempre de um lugar de santidade. Enquanto cantava, ele percebeu algo sobre a natureza do universo que sempre o fez ser capaz de ter alguma esperança e ser capaz de ter a sensação de querer espalhar o amor, o que é uma coisa tangível... Isso é algo muito poderoso".
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