Pink Floyd: "nesse disco o baterista Nick Mason não estava soando como ele mesmo”, disse o produtor Bob Ezrin
by Brunelson
22 de jan.
Nenhum artista é imune a inseguranças sobre seu instrumento.
Enquanto a maioria das pessoas se preocupa com seus empregos normais em uma escala diária de trabalho, mesmo aqueles que vivem seus sonhos e conseguem fazer o que amam todos os dias podem ocasionalmente se sentir ansiosos, só imaginando quando a bolha irá estourar.
PINK FLOYD geralmente não precisava se preocupar com nada ao gravar um novo disco, mas a confiança musical do baterista Nick Mason foi abalada enquanto eles gravavam o álbum "The Final Cut" (12º disco, 1983), o último que contou com a presença de Roger Waters (vocalista/baixista).
Por outro lado, havia pouca margem para erros quando o grupo entrava no estúdio para gravar um álbum do PINK FLOYD. Waters já tinha uma ideia clara de como queria que seu novo magnum opus soasse e com a ajuda do produtor Bob Ezrin e algumas músicas simbólicas de David Gilmour (vocalista/guitarrista), ele faria tudo o que pudesse para garantir que saísse do jeito como soava em sua cabeça.
Esse tipo de determinação pode ser admirável, mas não é necessariamente algo que o torna querido para seus companheiros de banda. Apesar de todas as grandes ideias que Waters teve ao criar esse disco, ele não se preocupou em prestar atenção às pequenas coisas, como por exemplo, se o resto da banda realmente iria se apresentar para as gravações devido ao estado de tensão entre eles e se os seus companheiros iriam querer tocar essas músicas nos shows.
Como tudo tinha que ser na hora certa exatamente como Waters queria, Mason começou a questionar se seu estilo era o correto para a música que eles estavam criando. Na verdade, já houve algumas vezes em que não era, como quando a canção "Mother" (11º disco, "The Wall", 1979) teve que ter a introdução da bateria sendo tocada pela lenda dos estúdios, o músico Jeff Pocaro, depois que Mason disse que não conseguia tocar essa introdução corretamente.
Depois que o tecladista Richard Wright foi dispensado da banda durante as gravações do álbum "The Final Cut", Mason também estava sendo testado quando chegou a hora de gravar suas partes de bateria. Embora o disco seja uma versão mais teatral e menos interessante das sobras de estúdio do álbum anterior, "The Wall", a insistência de Waters em manter tudo do seu jeito deixou Mason em terreno instável, nunca sentindo o desejo real de explorar suas habilidades e deixando muitas delas caírem no esquecimento.
Mason acabou se afastando como um membro em tempo integral do grupo, mas o maior dano para ele foi o quão prejudicial isso foi para sua autoconfiança, com Ezrin lembrando na biografia da banda: “Roger Waters trabalhou na confiança falando por todos e no caso de Richard Wright isso o destruiu. Já com Nick Mason foi uma questão dele ser marginalizado no disco 'The Final Cut' e ele também não ficou interessado em treinar suas partes e simplesmente não estava soando como ele mesmo”.
Mesmo quando Waters deixou o grupo após o lançamento do álbum "The Final Cut", levaria anos até que Mason encontrasse confiança para tocar novamente no PINK FLOYD. Apesar de ter uma mão na programação da bateria, ele é virtualmente invisível nas gravações do álbum sucessor, "A Momentary Lapse of Reason" (13º disco, 1987), com grande parte da percussão sendo substituída por baterias eletrônicas e batidas fortemente sequenciadas que fazem a coisa toda soar como um disco comercial ruim dos anos 80.
Depois que ele recuperou sua confiança e empolgação, ouvi-lo tocar bateria no álbum "The Division Bell" (14º disco, 1994), foi o tipo de reunião musical que a maioria dos fãs esperavam - já que o tecladista Richard Wright tinha retornado para o álbum de 1987.
Não havia como a formação clássica com Waters voltar a se reunir, mas pelo menos fez o PINK FLOYD voltar a se sentir como um grupo de verdade, em vez de apenas ficar usando as roupas solo glorificadas de Waters ou Gilmour.