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  • by Brunelson

Pink Floyd: resenha da música "Echoes"


"Echoes" é uma das canções mais amadas do PINK FLOYD e não há dúvida do porquê.


Assim que a música inicia, você começa a ficar lentamente em transe.

Típico do PINK FLOYD, o ouvinte é guiado por um reino que quase não é do consciente. É como ser transportado através do tempo e espaço, com a gravidade varrendo e crescendo ao seu redor.

O único aspecto preocupante é aquele "ping" do piano, o motivo que ecoa e atravessa toda a mistura sonora, mais lembrando um submarino perdido e submerso nas profundezas do mar, ou um pulsar ecoando e girando em perpetuidade no vácuo frio do espaço...

Os heróis psicodélicos do PINK FLOYD se formaram na cidade de Londres em 1965 como estudantes. Após o lançamento do álbum de estreia em 1967, "The Piper at The Gates of Dawn", eles rapidamente se tornaram conhecidos como uma das primeiras e melhores bandas de rock psicodélico da Grã-Bretanha.


Com este lançamento, o grupo era composto pelo vocalista e guitarrista, Syd Barrett, o baixista e vocalista, Roger Waters, o tecladista Richard Wright e o baterista Nick Mason.

Posteriormente, o guitarrista e vocalista, David Gilmour, se juntaria à banda em dezembro de 1967. No entanto, a iteração de 05 membros na banda não duraria muito.


Em abril de 1968, depois de apenas 05 meses, a batalha de Syd Barrett com os seus conflitos pessoais e as drogas, causou a deterioração de sua saúde mental e culminou com o seu afastamento pelos membros do grupo.

Naturalmente, a partida de Syd Barrett causou uma mudança nas placas tectônicas da banda.

Roger Waters assumiu o papel de letrista principal e começou a formular os temas dos álbuns que iriam compor o período de maior sucesso comercial e crítica do PINK FLOYD, começando com o álbum "The Dark Side of The Moon" em 1973 (8º disco) e terminando com o álbum "The Wall" de 1979 (11º disco).

Mas um pouco antes da banda embarcar em sua produção de álbuns conceituais que duraria quase 01 década, eles lançaram o álbum "Meddle" em 1971 (6º disco). Foi um projeto que os consolidou como pioneiros da experimentação e do rock progressivo, ocupando todo o lado B do disco com a épica canção "Echoes" de 23 minutos.

A banda não tinha músicas novas quando começou a gravar no início de 1971. Independentemente disso, eles tiveram acesso ao Abbey Road Studios, local de gravação que havia sido lendário 02 anos antes pelos BEATLES e não se incomodaram em começar a trabalhar.


Depois de receber a notícia da gravadora de que eles estavam livres para experimentar qualquer coisa que quisessem, PINK FLOYD passou semanas improvisando e o trabalho no disco "Meddle" começou inicialmente com o uso de instrumentos não musicais - elásticos, garrafas, copos e até pedaços de madeira para produzir sons peculiares. No entanto, essa ideia foi rapidamente abandonada e eles se concentraram em moldar o álbum usando instrumentos mais tradicionais.

Mas isso não impediu a experimentação sonora que a banda iria gravar...

Um dos principais experimentos envolveu isolar cada membro do PINK FLOYD do que os outros estavam fazendo, em uma tentativa de recriar a criatividade espontânea e maluca que o ex-líder Syd Barrett exalava. Este era um novo período para a banda e com as limitações apresentadas pela gravação analógica da época, simplesmente surgiu uma nota Si aguda ao piano, modulado por um alto-falante Leslie.

O baterista Nick Mason comentou mais tarde: “Nós nunca poderíamos recriar a sensação desta nota em nossas mentes daquele jeito que foi no estúdio, especialmente a ressonância particular entre o piano e o alto-falante Leslie”.


Consequentemente, eles optaram por compor uma odisseia progressiva.

A música acabou compreendendo várias paisagens sonoras ambientais, passagens instrumentais e improvisação musical. Juntos, esses elementos são indicativos da direção enjeitada que o PINK FLOYD seguiria e num futuro não muito distante, seria aprimorada em sua obra-prima, o disco "The Dark Side of The Moon".

Originalmente, a música se chamava "The Return of The Son of Nothing" quando foi apresentada pela 1ª vez ao vivo, mas em algum lugar ao longo do caminho ela foi renomeada para "Echoes". Cada sequência desta canção demonstra o quão piedoso e influente cada membro se tornaria em seus respectivos campos musicais. Hoje, se você pegar qualquer livro/revista/site/jornal listando bandas, guitarristas, baixistas, tecladistas e bateristas lendários, com certeza encontrará um membro do PINK FLOYD.

A música também amplia o quão pioneiras foram as texturas sonoras de David Gilmour, decolando de onde Syd Barrett e Jimi Hendrix haviam partido e impulsionando-as em uma rota estratosférica e sonora. Abrangendo efeitos dos seus pedais para guitarra como o Delay, Chorus, Distortion e outros, esses aspectos se tornariam os principais significantes de gêneros futuros, desde a música pop até o metal.

Entrevistado em 2008, o tecladista Richard Wright afirmou: “A coisa toda do piano no começo e a estrutura dos acordes são minhas, então, eu tive uma grande participação em compor a música 'Echoes', mas é claro, ela também é creditada aos outros caras da banda. Roger obviamente escreveu as letras”.

Wright continuou e explicou que a seção do vento após a introdução da canção, é na verdade Waters usando um slide em seu baixo. Ele também revelou que o som clássico da gaivota na guitarra de David Gilmour foi na verdade um erro: “Um dos roadies da banda colocou o seu pedal wah-wah de trás para frente, o que criou essa enorme parede de feedback”, explicou ele. “David tocou assim e criou este belo som”.

Ironicamente, esse é exatamente o tipo de resultado que a banda buscava ao improvisar isoladamente cada um no estúdio. Mais tarde, Nick Mason acrescentou: “Às vezes, grandes efeitos são os resultados desse tipo de puro acaso e sempre estávamos preparados para ver se algo poderia funcionar em uma canção”.

Deu trabalho, mas sem surpresa a música é composta por uma série de outros sons. Isso envolve uma gravação arquivada de transmissão de rádio entre torres, solos de órgão e apresenta inúmeras mudanças musicais e rítmicas que realmente aumentam o status monumental da canção "Echoes".

No final da música, um segmento sonoro pode ser ouvido e novamente como resultado da experimentação sonora. Isso foi conseguido colocando dois gravadores em cantos opostos na sala do estúdio, então, as fitas que tocavam os acordes principais da música eram alimentadas no gravador oposto e reproduzidas ao mesmo tempo que a gravação. O outro gravador foi então ajustado para tocar o que estava sendo gravado e esse vai e vem criava um atraso entre as gravações, distorcendo a estrutura dos acordes e dando-lhes aquela sensação de “eco”. Para os cientistas, esse efeito é chamado de Tom de Shepard.

Intelectualmente e sonoramente falando, a extensão de tal experimentação é muito para se ver, mas como ouvinte, reconhecemos que o brilhantismo do PINK FLOYD se baseia nisso, não conhecendo limites e produzindo resultados tão inspiradores.

A canção "Echoes" também ganhou um status épico por outros motivos. Foi dividida em duas metades para abrir e fechar o documentário e concerto de 1972, "Live at Pompeii". Dirigido por Adrian Maben, o documentário ajudou a consolidar o status titânico da música, aumentado por sua filmagem na área circundante que foi o grandioso e antigo anfiteatro romano (coliseu), tocando sob o sol sufocante da Itália e apoiado pelos seus amplificadores empilhados.


É como se a banda tivesse escolhido este cenário especificamente para conversar com alguém no espaço sideral através de um outro mundo na música...

Em uma entrevista de 1992, Waters afirmou que Andrew Lloyd Webber havia plagiado o refrão principal da música "Echoes" em "O Fantasma da Ópera": "Não acreditei quando ouvi! É a mesma fórmula de compasso, que é 12/8 e é a mesma estrutura e são as mesmas notas, tipo, é o mesmo de tudo. Desgraçado... Provavelmente é acionável à justiça. Claro que é, realmente, mas acho que a vida é muito longa para se preocupar em processar Andrew 'Fuck' Lloyd Webber”.

Mesmo que o PINK FLOYD tenha se separado há muito tempo, os membros sobreviventes ainda são convidados a tocar a música "Echoes" em seus shows solo. Voltando a Pompéia em 2016 para uma apresentação, Gilmour admitiu que não poderia tocar essa música sem Richard Wright, que já tinha falecido em 2008.

Por muitas razões, a canção "Echoes" é sem dúvida uma obra-prima. Uma das favoritas dos fãs da banda e a sua história só contribui para o vasto mito do gigantesco PINK FLOYD.


"Echoes"


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