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by Brunelson

Queens of The Stone Age: a verdadeira faixa que foi gravada para surdos


Uma instituição do rock moderno, o QUEENS OF THE STONE AGE conquistou muito já faz bastante tempo.

Seja por se estabelecer como uma das bandas mais distintas da era contemporânea ao trazerem o seu rock alternativo do deserto da California para as massas ou pelo fato de terem sido um dos grupos mais consistentes dos últimos 25 anos, a sua lista de feitos é extensa.

Liderada pelo vocalista/guitarrista, Josh Homme, e embora a banda tenha tido um elenco rotativo ao longo dos anos - a formação atual é a mais duradoura de sua história, já tendo gravado os 03 últimos álbuns juntos e o 4º seguido com exceção do baterista - essa propensão para mudanças não diminuiu a qualidade oferecida.


Essencialmente um "supergrupo", com Homme chamando vários dos seus amigos para participarem temporariamente, vide Dave Grohl, Mark Lanegan, Alain Johannes, Natasha Shneider e outros, seus convidados sempre foram a soma de suas partes, com os acompanhantes de Homme ajudando-o a concretizar a sua visão criativa cada vez mais expansiva.

Dado que a banda já tem lançado 08 álbuns de estúdio, começando com o seu disco homônimo de estreia de 1998 e sendo o mais recente lançado agora em 2023, "In Times New Roman", a questão sobre qual é o seu melhor disco permanece até hoje.





Por reconhecimento comercial e seu line-up de estrelas, o álbum "Songs For The Deaf" (3º disco, 2002) é o mais celebrado entre os fãs, onde vimos e ouvimos o baterista do NIRVANA assumindo o posto para gravar um álbum e sair em turnê pela 1ª vez desde 1994, além de nos apresentar músicas que são garantidas nos shows, como "No One Knows", "Go With The Flow" e "A Song For The Dead".

É um álbum conceitual no sentido em levar o público para um passeio de carro pelo deserto californiano de Los Angeles sintonizando diferentes estações de rádio das cidades ao longo do caminho, o que daria ao grupo um amplo escopo para criar as suas músicas.

Embora o título do álbum, "Songs For The Deaf", pareça não ter uma relação mais ampla com esse conceito, a banda chegou a abordar o tema. Existem versões em CD do disco, onde eles incluíram uma faixa oculta chamada "The Real Song For The Deaf".

Começando com uma voz robótica perguntando confusamente: “Ah? O quê?”, a faixa vai adicionando lentamente algumas texturas estranhas e eventualmente vai dando lugar a um estalo fugaz antes de ouvirmos o som familiar das chaves do carro balançando, significando que é a abertura do disco, conforme podemos escutar no início da música que abre o mesmo, "You Think I Ain't Worth a Dollar But I Feel Like a Millionaire", e a jornada pela Califórnia está prestes a começar.

Curiosamente, existe um ponto real para essa curta colagem de som para a faixa "The Real Song For The Deaf". Segundo o relato do baixista da banda nessa época, Nick Oliveri, que foi o principal compositor do álbum ao lado de Josh Homme, a faixa foi feita para atender às necessidades dos surdos.

“Conseguimos uma equipe de surdos para esfregarem balões contra o microfone em uma frequência tão baixa que eles podiam sentir”, disse Oliveri para o site Planet Sound. “Aumente o volume do aparelho de som em sua casa e você vai, ah... Ouvir”.

Aproveitando o ensejo, depois que esse autor que vos fala foi no show do QUEENS OF THE STONE AGE em Porto Alegre/RS no ano de 2014, consegui entender o porquê do álbum ser intitulado como "Songs For The Deaf". Realmente, você sai "surdo" do show e só fica escutando noises e sirenes na sua cabeça por um bom tempo ainda. Por apresentar marretadas musicais através de um volume muito alto, o caminho parece mesmo delinear para a surdez.

Conselho para quem for assistir a um show do QUEENS OF THE STONE AGE: sempre levem protetor auricular e fiquem atentos para não ficarem de frente ou de lado próximo a alguma caixa de som.


"The Real Song For The Deaf"









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