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by Brunelson
Por dentro do catártico novo álbum, "In Times New Roman".
A praia de Malibu fica a 03 horas de carro da comunidade do deserto da Califórnia onde Josh Homme cresceu, mas que ainda parece um lar para ele. O vocalista/guitarrista do QUEENS OF THE STONE AGE possui uma residência perto das falésias, uma casa grande e aconchegante com 03 cachorros a toda hora entrando e saindo de casa. Lá dentro, as paredes estão cheias de fotos de família emolduradas, enquanto a sua mãe assiste à TV durante o dia perto da lareira. Na sala ao lado, a sua filha adolescente se debruça sobre um laptop.
É um momento de calma na casa de Homme e o tipo de felicidade doméstica que só se tornou mais preciosa nos últimos anos. O seu contencioso divórcio em 2019 com a vocalista/guitarrista do THE DISTILLERS, Brody Dalle, e a contínua batalha pela custódia que se seguiu pelos seus filhos, viraram a sua vida de cabeça pra baixo e se tornou objeto de fascínio e especulação para o público. Enquanto lutava por anos sobre isso, Homme falou pouco publicamente.
O seu trabalho como artista criativo desacelerou durante esse tempo, com ele dizendo agora: "Eu me senti acorrentado ao chão nos últimos 03 anos", mas que acabaria começando a trabalhar em novas músicas com a sua banda de irmãos no QUEENS OF THE STONE AGE. O álbum que sairia dessas sessões de gravação, "In Times New Roman", é o mais direto e hard rock em anos, com um som e sentimento que Homme descreve como "brutalidade sônica", já que as canções visam dar sentido a esse período de vida dele. Os títulos das músicas costumam ser palavras e frases inventadas que são autoexplicativas e revelam o seu estado de espírito: "Obscenery", "Carnavoyeur", "Paper Machete" ou o single do disco, "Emotion Sickness".
Se algumas das primeiras letras da banda eram notáveis por imagens bizarras e surreais, as composições de Homme se tornaram cada vez mais pessoais e vulneráveis - mais do que nunca agora: "Pra mim é tudo pessoal", disse Homme com uma risada. “Quando alguém diz que tal coisa não é pessoal, eu fico pensando: 'Essa é a mentira que você conta pra si mesmo, seu filho da puta', se não for pessoal, então não faça".
"Acho que essa é a 1ª vez que eu não queria gravar um disco, mas estava lidando com muitas coisas na minha vida pessoal", acrescentou Homme. "Gravamos muitas coisas e acho que estava fazendo isso porque, quando estou com problemas, é isso o que eu faço. É na música onde vou para me acertar".
Essa entrevista havia sido realizada em abril de 2023, o que se tornou na sua 1ª entrevista pessoal extensa em anos. É a 1ª desde a covid, da morte de muitos amigos e colegas próximos, do fim do seu casamento e do pesadelo público de uma batalha pela custódia dos seus 03 filhos - e a 1ª desde que tantas outras coisas saíram dos trilhos.
Em 2022, Homme foi diagnosticado com câncer. Ele não vai entrar em detalhes além de dizer que a cirurgia para removê-lo foi bem-sucedida, embora ele ainda esteja se recuperando. Sentado em uma cadeira almofadada, em um pátio fechado com vista para o quintal de sua casa, ocasionalmente ele ainda sente uma pontada de dor em seu corpo.
"Eu nunca digo que não pode ficar pior. Eu nunca digo isso e não aconselharia isso pra ninguém, mas eu digo que pode melhorar", ele oferece. “O câncer é apenas a cereja no topo de um período interessante que eu passei, sabe? Estou de bem com isso, ainda há muitas coisas que eu quero fazer e há muitas pessoas com quem quero fazer essas coisas junto".
Em 01 mês, ele fará 50 anos de idade e ainda é um ruivo robusto e brincalhão que se destaca onde aparece e preenche qualquer lugar em que esteja. Com a sua barba elegante ruiva e branca, adequada para interpretar Robin Hood ou um dos Três Mosqueteiros, Homme está vestido em um moletom cinza, com uma estampa de caveira e raios no peito.
No balcão da sala está um livro de colorir de Bob Ross, uma homenagem ao falecido instrutor de arte e apresentador da TV. Homme se lembra de Ross como uma presença calmante e sintonizado regularmente durante a sua adolescência e na casa dos seus 20 e poucos anos: "Quando eu não sabia o que fazer com a minha raiva, às vezes, quando era mais jovem, eu assistia Bob Ross", admitiu Homme. "Era como uma meditação, sabe? Ele fazia perguntas brilhantes e boas pra caralho, tipo: 'Por que uma árvore não pode ser a sua melhor amiga?' E eu sempre seria daquele jeito, tipo: 'Eu não sei, cara'".
Homme também gosta de desenhar e há 20 anos ele vem deixando para trás "tatuagens de parede" em quartos de hotel nas turnês - escondidas atrás de quadros emoldurados, atrás de cabeceiras seja no quarto ou no banheiro e embaixo de cadeiras. Depois de usar uma ferramenta especial para desparafusar os quadros da parede, ele rabisca um desenho psicodélico improvisado no espaço vazio atrás da moldura e a pendura de volta, sabendo que a arte não será encontrada por dias, meses ou talvez anos depois por inocentes funcionários do hotel, revelados a eles como antigos hieróglifos.
Quando o trabalho começou para gravar o disco "In Times New Roman", ele mais uma vez contou com a formação mais duradoura na história do QUEENS OF THE STONE AGE: o guitarrista Troy Van Leeuwen (desde 2002), o tecladista/guitarrista Dean Fertita, o baixista Michael Shuman (ambos desde 2007) e o baterista Jon Theodore (desde 2013). Já será o 3º álbum seguido com a mesma formação (o 4º com exceção do baterista) e dados os eventos recentes, talvez fosse inevitável que a nova música nesse disco fosse uma mudança em relação aos 02 álbuns anteriores: o exuberante e evocativo, "Like Clockwork" (6º disco, 2013), e o dançante e frequentemente brincalhão, "Villains" (7º disco, 2017), ou seja, um equilíbrio de bravata e vulnerabilidade, crescentes linhas de guitarra e um balanço desconexo.
No álbum "In Times New Roman", as guitarras estão novamente liderando o ataque, impedindo que o projeto se transforme em um disco solo de Josh Homme, junto com o jogo de palavras idiossincrático de sua característica.
"Não tenho nada contra a terapia, só não vou porque toco música", disse Homme. "Nos últimos 02 anos eu fiz muita terapia, mas no final das contas eu entendo como proceder, que é seguir em frente com a religião que eu uso: a música".
Na raivosa música, "Paper Machete", Homme provoca um inimigo sem nome em suas letras: "Eu não me importo mais com o que você diz / Joana d'Arc, vítima, perpetradora / A verdade é apenas um pedaço de barro / Você esculpe, você muda, você esconde, então, você apaga".
"É como uma fotografia de um momento", disse Homme sobre essas letras. "Sempre achei que um pouco de raiva é uma ótima maneira de fazer o motor funcionar nos primeiros 100Km. Você não gostaria de rodar com a raiva por muito tempo porque vai lhe corroer e vai matá-lo. Você tem que estar disposto a deixar tudo passar e aceite".
Também retornando junto com a banda está o artista gráfico, Boneface, fornecendo uma imagem de capa vívida e truculenta de um motoqueiro de olhos vendados e jaqueta de couro abraçado por cobras e outras criaturas perigosas - completando uma trilogia de capas que também é de sua autoria dos álbuns "Like Clockwork" e "Villains". Durante toda essa parceria, Homme trazia Boneface da Inglaterra para ouvir as novas músicas em andamento e escutar o que ele tinha para falar delas: "As suas sensibilidades artísticas são maravilhosas para o que fazemos", disse Homme sobre Boneface. "Ele possui um verdadeiro desdém pela sociedade".
No novo disco está uma música chamada "Sicily", batizada em homenagem a um lugar onde Homme nunca esteve, que começa com uma linha de baixo assustadora enquanto ele canta em falsete: "Estou esgotado de novo / Eu me bato como um disco quebrado / Objetivado, use-me mal como indicado / Meu doce nada". A música é romântica, sinistra, discreta, com uma atmosfera estranha e rodopiante, enquanto ele convida uma amante para consumi-lo.
"Acho que um pouco de degradação mútua é maravilhoso", explicou Homme sobre as letras acima. "Há algo antigo, biológico e bonito em se entregar e depois alguém fazer o mesmo por você. Sou um pouco masoquista e o trabalho de um masoquista nunca termina".
Quando estavam gravando a canção "Negative Space", foi quando Homme sentiu o álbum encontrando o seu caminho, com guitarras rosnantes, ritmo estrondoso e um pouco de jazz nas ranhuras, um gostinho dos artistas Chet Baker ou Dave Brubeck. A pomposa e estranhamente dançante música, "Carnavoyeur", segue a marca particular de um balanço e senso de ritmo desconexo de Homme.
"Algumas destas canções foram gravadas logo de 1ª ou na 2ª tentativa e aconteceram coisas que não foram planejadas enquanto a fita estava gravando", disse agora o baterista Jon Theodore. "Foi realmente libertador e como experiência nos aproximou. Havia uma alegria real, paixão e fogo quando estávamos gravando esse álbum".
Assim como muitos roqueiros de sucesso, Homme ouviu de inúmeros fãs como a sua música os ajudaram em tempos difíceis, tragédias e corações partidos. Dessa vez, Homme precisava disso para si mesmo. Uma frase repetida em algumas das músicas do novo álbum é "doença emocional". Tornou-se um dos títulos das canções, "Emotion Sickness", e Homme admitiu que estava concorrendo ao título do álbum - e continua sendo o tema não declarado do disco.
"Eu definitivamente tive um caso sério de doença emocional", disse Homme. "Houve momentos em que quase não consegui... É bom pra mim ficar ruminando sobre isso. Não é certo ficar preso lá e sinto muito por mim mesmo. Esses foram os 04 anos mais sombrios da minha vida, mas tudo bem também, pois estou lidando com as mágoas, meus erros, essas mortes de amigos próximos e as minhas próprias coisas físicas de saúde, mesmo que tudo isso tenha ocorrido e despedaçado a minha vida antiga. Peguei esses pedaços e consegui construir um navio que está prestes a zarpar em alto mar, onde irei flutuar para a minha nova vida com todos esses pedaços que juntei".
03 novas tatuagens dizem: "Rio", "Hawk" e "Ol 'Scratch" - para o falecido ator, Rio Hackford, o baterista do FOO FIGHTERS, Taylor Hawkins, e o vocalista do SCREAMING TREES e vocal de apoio em alguns álbuns e turnês do QUEENS OF THE STONE AGE, Mark Lanegan. Todos eles morreram no mesmo período em que o casamento de Homme terminou e tudo de terrível que se seguiu para a sua família, que foi uma catástrofe emocional que ele teve que enfrentar em público.
Durante anos, Homme e Dalle pareciam um casal dos sonhos do rock & roll, criando os seus filhinhos ruivos em casa e nas turnês, ocasionalmente tocando juntos com as suas bandas em algum evento em Los Angeles. O romance público deles começou em 2003 e durante esse tempo, Homme disse uma vez para a revista Rolling Stone que: "Ela é a garota dos meus sonhos punk rock", mas quando as coisas desmoronaram publicamente em 2020, foi como uma perturbação no círculo de amigos mais próximos e para os fãs.
Durante uma batalha pública pela custódia compartilhada dos seus 03 filhos, houve vários processos judiciais e acusações mútuas de abuso emocional e físico. Os fãs debateram online e tomaram partido, tirando as suas próprias conclusões - sem o benefício de qualquer conhecimento em 1ª mão. Homme não disse nada publicamente e as manchetes inevitavelmente sugeriram que ele era o vilão nessa triste história.
"Assistir, ouvir e ver as coisas acontecerem na imprensa sobre isso foi devastador", disse o guitarrista Troy Van Leeuwen, o membro mais antigo do QUEENS OF THE STONE AGE, com exceção de Homme. "Ele é um ótimo pai e isso é mais importante pra ele do que a sua carreira".
Então, em março de 2023, o advogado de Homme divulgou uma declaração formal em seu nome, que respondeu às alegações e relatou falsidades, declarando que Homme havia recebido "guarda legal exclusiva de todos os 03 filhos", enquanto Dalle recebeu "visita supervisionada" com o filho mais novo. As crianças agora estão sob os cuidados de Homme e dos seus avós paternos na Praia de Malibu, até que uma nova audiência judicial neste 2º semestre de 2023 decida "uma solução mais permanente". Homme ainda prefere deixar que o depoimento fale por ele e tudo o que acrescenta agora quando questionado sobre o assunto é: "Jamais falaria mal da mãe dos meus filhos. E não vou falar dos meus filhos".
Chegando agora em outra residência, foi quando nos encontramos com os outros integrantes da banda na sala de estar da casa de Van Leeuwen, situada no alto das colinas do Vale de San Fernando. Os membros do QUEENS OF THE STONE AGE deixaram os seus instrumentos dispostos em círculo e a banda se reúne aqui várias vezes por semana, aprendendo a tocar as novas músicas com as suas guitarras, microfones, teclados e bateria, tudo plugado em pequenos amplificadores - com uma pilha de letras de músicas amontoada no alto de uma mesa no centro.
Juntando-se a eles, estão os 04 cachorrinhos de Van Leeuwen (dois poodles e duas misturas de shih tzu maltês) - caninos alegres e animados que parecem latir constantemente.
"Esses cães são eternamente otimistas e felizes", disse Homme com uma risada. “Toda vez que terminamos uma música, eles pulam e parece que estão dizendo: 'Isso foi ótimo! Meus ouvidos estão zumbindo e eu não entendo nada disso, mas isso foi ótimo!' Eles dão algumas lambidas e um pouco de movimento corporal pra nós... Eles são um ótimo público".
02 horas antes do ensaio, Van Leeuwen senta-se à beira da piscina nos fundos, bem-vestido com óculos escuros, jaqueta preta com uma faixa corrida nas mangas e mocassins roxos. Acima de sua testa, uma mecha branca em seu cabelo preto lhe dá a aparência de um elegante vampiro. Antes de ingressar no QUEENS OF THE STONE AGE em 2002, ele estava na formação original do A PERFECT CIRCLE trabalhando com outro frontman poderoso, Maynard James Keenan, também da banda TOOL.
"Ambos os caras são bons no jogo longo, fazendo planos e levando-os até o fim", disse ele sobre Homme e Keenan. “Maynard é mais preciso e deliberado, onde Josh tem mais talento criativo e onde as ideias são, talvez, um pouco mais estranhas e não tão seguras. Eles são muito parecidos e também diferentes em seus estilos".
Gravando o novo álbum, Van Leeuwen disse que o QUEENS OF THE STONE AGE tinha uma missão adicional: retornar ao excêntrico ataque de guitarra do núcleo da banda: "Acho que era o desejo de simplificar as coisas novamente. O mundo parecia complexo, com tudo o que estava acontecendo ao redor e tudo ao mesmo tempo. Era uma zona de conforto pra mim de qualquer maneira, fazer o que sempre fizemos".
Quando Van Leeuwen se juntou ao grupo, eles tinham acabado de gravar o álbum "Songs For The Deaf" (3º disco, 2002), um sucesso de bilheteria com Dave Grohl atrás da bateria e sendo a sua 1ª vez nesse papel de forma fixa desde o fim do NIRVANA. Como guitarristas, Van Leeuwen e Homme compartilhavam um profundo apreço pelo guitarrista Greg Ginn do BLACK FLAG e eles se entendiam facilmente. Van Leeuwen uma vez assistiu um show da 1ª banda de Homme, KYUSS, em uma festa no meio do deserto da Califórnia abastecido por um gerador elétrico.
Colocar um rótulo no som e na visão de Homme é difícil, mesmo que a revista Rolling Stone tenha listado o álbum "Blues For The Red Sun" da banda KYUSS (2º disco, 1992) entre as 100 maiores gravações de metal de todos os tempos. Essa banda acabou quando Homme tinha 21 anos: "Acho que stoner rock provavelmente é um termo melhor para de onde isso vem", disse Van Leeuwen sobre a música de Homme no KYUSS. "Mas quando ouço a voz de Josh, ouço Roy Orbison, David Bowie, Marc Bolan e até Elvis Presley".
Enquanto o disco "In Times New Roman" apresenta mais trabalho de guitarra solo do que nunca de Van Leeuwen e Dean Fertita, a personalidade e o toque distinto de Homme continuam sendo o fio condutor: "Ele procura o tipo mais estranho de desajuste que outras pessoas podem não ver beleza e faz algo maravilhoso com isso", disse Fertita. "Ele tem um senso muito angular sobre a maneira como toca, mas também está canalizando Dean Martin em sua persona e ele abrange uma ampla área".
"Existe uma dinâmica que você não consegue identificar que simplesmente funciona e uma conexão entre nós que é intangível", acrescentou o baixista Michael Shuman, que entrou na banda com 21 anos de idade. "Podemos discutir como irmãos, mas sempre voltamos uns aos outros e cuidamos uns dos outros. É por isso que eu nunca gostaria de estar em qualquer outra banda".
Depois do KYUSS e uma passagem sendo o 2º guitarrista do SCREAMING TREES, Homme ressurgiu sob um novo e confuso nome em 1998: QUEENS OF THE STONE AGE. Com o ex-baterista e ex-baixista do KYUSS, Alfredo Hernández e Nick Oliveri, a bordo em sua nova banda, Homme gravou a explosiva estreia homônima do grupo, construída sobre grooves pesados e riffs estranhos e intensos de ficção científica.
A partir daí, começaria a porta giratória de membros saindo e entrando na banda, que incluíram Dave Grohl, Mark Lanegan, Joey Castillo, Alain Johannes e outros.
QUEENS OF THE STONE AGE tem sido confiável e implacável por um 1/4 de século, alimentado pelos exemplos do punk rock e BLACK SABBATH, embora a sua conexão com o heavy metal tradicional seja passageira, na melhor das hipóteses.
Enquanto a banda fazia uma turnê com o Ozzfest em 2000, Homme nunca se sentiu em casa lá, pois a etiqueta de metal não se encaixa nele.
"Aquilo foi apenas alguém tentando colocar roupas em você. Eu nunca fui um cara do metal", disse Homme, listando várias bandas do punk rock que foram influências cruciais: BLACK FLAG, DISCHARGE, GBH, EXPLOITED... Os 03 primeiros discos que Homme comprou aos 13 anos de idade com o seu próprio dinheiro foram: "Legacy of Brutality" do MISFITS, "Off The Bone" do THE CRAMPS, e "Raw Power" do THE STOOGES, sendo que todos continuam fazendo parte de sua fundação musical. Chegando aos 15 anos de idade, Homme escapou com o seu Camaro e dirigiu de Palm Desert para Hollywood para ver DANZIG se apresentar no Hollywood Palladium.
Homme sempre se sentiu confortável misturando gêneros e colaborando com uma gama diversificada de figuras musicais, de Trent Reznor do NINE INCH NAILS a Elton John, alcançando sons explosivos ou sublimes. Durante as sessões de gravação do álbum "Rated R" (2º disco, 2000), o ícone do JUDAS PRIEST, o vocalista Rob Halford, estava trabalhando numa sala de estúdio ao lado de onde o QUEENS OF THE STONE AGE estava gravando esse álbum. Homme o convidou para cantar na música "Feel Good Hit of The Summer" para entoar a frase-chave: "Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, alcohol, c-c-c-c-c-cocaine!"
Mais tarde para o álbum "Lullabies to Paralyze" (4º disco, 2005), Homme apareceu com a canção "Burn The Witch", uma música travada, estrondosa, trovejante e assustadora, na qual o guitarrista Billy Gibbons do ZZ TOP desfralda uma guitarra sinistra com a sua harmônica "de barba" batendo nas cordas da guitarra.
Infelizmente, uma edição planejada da série contínua de Homme de projetos de gravação comunitários intitulado "Desert Sessions", reuniria Gibbons e o vocalista/baixista do MOTORHEAD, Lemmy Kilmister, que morreu em 2015 antes que isso pudesse acontecer: "Eu deveria ter me movido mais rápido", disse Homme agora com pesar. "Passei muito tempo com ele e Lemmy era um ato de classe".
Homme também teve uma experiência especialmente profunda trabalhando com Iggy Pop, fazendo parte de sua banda de apoio, assim como produtor e diretor musical do álbum "Post Pop Depression" de 2016, que aproveitou um fio criativo iniciado com os 02 primeiros álbuns solo de Iggy Pop, "The Idiot" e "Lust For Life" (ambos produzidos por David Bowie em 1977). "Post Pop Depression" tornou-se o álbum de maior sucesso de Iggy Pop e o que foi mais importante para Homme, foi ver o pioneiro do pré-punk como um raro exemplo de uma longa carreira sem concessões.
"Muitas pessoas perdem o enredo, ganham muito dinheiro ou não ganham nada. Têm medo. Copiam-se. Escutam o que os outros fazem, mas Iggy Pop simplesmente não se importa e a sua bateria de artes pode não ter fim", disse Homme. Trabalhar com Iggy Pop, ele explica, mostrou a Homme que era possível escapar desse beco sem saída criativo. "Isso significa que eu posso chegar lá também".
Iggy Pop foi testado quando chegou a hora da turnê, com um setlist extraído quase exclusivamente de músicas do disco "Post Pop Depression" e dos seus 02 primeiros álbuns solo. Os primeiros ensaios para a turnê estavam programados para Miami, mas o momento não poderia ter sido pior. Na noite anterior ao primeiro ensaio, em 10 de janeiro de 2016, David Bowie morreu de câncer. No outro dia, Homme logo recebeu uma mensagem de texto de Iggy Pop, dizendo: "Estou a caminho..."
No 1º ensaio com Iggy Pop eles começaram tocando a música "The Passenger", do álbum "Lust For Life". Homme se lembra de ter olhado para Iggy e ver que: "Ele estava chorando, tipo, era algo que estava lhe perfurando com o que tinha acontecido. E eu estou chorando e olho ao redor e todos que estão tocando estão chorando também, mas pareceu uma coisa insana e fenomenal na hora. É de fato a coisa mais legal da qual eu já tive permissão em fazer parte".
"A vida é sobre momentos pairando no ar e de quem vai aproveitá-los. Iggy vai", acrescentou Homme. “Que momento de aprendizado e que confirmação de sua própria crença. Estávamos chorando como se estivesse vendo o filme Titanic".
QUEENS OF THE STONE AGE realizou 02 shows em festivais americanos agora no final de maio de 2023 e retornarão à estrada para uma turnê pela Europa em poucos dias.
E Homme está determinado em voltar às turnês: "Quando estou em turnê, estou de volta às ruas onde pertenço. Eu não sou um animal enjaulado lá fora".
Ele raramente cancela os shows. No passado, ele fez turnês dias depois de uma cirurgia no joelho ou continuou com uma gripe ou até chegou a quebrar um dedo da mão. O seu pensamento sempre foi que estar no palco é a melhor parte do dia em turnê. Por que cancelar isso?
Em uma turnê, todos pegaram salmonela e continuaram: "Eu perdi 11 quilos em 07 dias", lembrou Homme sobre os shows que se seguiram. "Isso não significa que aqueles shows foram ótimos, mas esse não é o ponto. Estávamos na porra da Noruega. O que iríamos fazer? Ir para casa? Uma viagem de avião de 12 horas com salmonela? Ou continuamos em turnê? Nós não somos assim e só fiquei sabendo que era salmonela mais tarde e que você pode morrer se não se cuidar", ele riu. "Mas eu gosto da ideia de seguir em frente".
QUEENS OF THE STONE AGE passará menos tempo em turnê do que nos ciclos dos álbuns anteriores, afirmou Homme. A sua intenção é superar todos os obstáculos para estar em casa com a sua família mais do que nunca: "As coisas mudaram um pouco pra mim e devo voltar logo para aproveitar esse momento", disse ele, lembrando que em sua lista de prioridades tocar ao vivo vem em 3º lugar, sendo que em 1º vem a sua família e em 2º criar novas músicas no estúdio.
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