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by Brunelson

R.E.M: "há personagens conflitantes, mas a música é otimista e edificante" - Parte 2


Em 2019, para marcar o 25º aniversário de outro álbum icônico do R.E.M, "Monster" (9º disco, 1994), o vocalista Michael Stipe e o baixista Mike Mills haviam sido entrevistados pela revista britânica New Music Express, falando sobre a turnê agridoce desse álbum que foi marcada pelas mortes de Kurt Cobain e do ator River Phoenix, ambos amigos de Stipe, além de outros assuntos como a separação amigável da banda em 2011.




Nesta 2ª parte que separamos para você, segue a entrevista onde é destacada como foi a turnê desse disco e problemas de saúde que afetaram a banda:


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Jornalista: Fala-se muito sobre a escuridão que cerca o disco "Monster", mas ao mesmo tempo é um álbum divertido e existe uma vida nele...

Mike Mills: Sim, há alguns personagens conflitantes nestas canções, mas a música é otimista e edificante, ou deveria ser na maior parte... Por outro lado, estávamos prontos para nos divertir, subir ao palco novamente depois de um bom tempo e sair do locais com uma sensação positiva. Parte desse barulho e da diversão do disco se sobrepõe a alguns personagens mais sombrios que há nele, pois era o que estávamos procurando na época.

Michael Stipe: Precisávamos nos dar "um susto", sabe? Tínhamos as pessoas que queriam ouvir as músicas "Losing My Religion" nos shows, porque fazia tempo que não tínhamos saído em turnê e o público também queria escutar canções como "Everybody Hurts" e "Man on The Moon", você sabe, as músicas que todos amavam dos 02 álbuns anteriores ao disco "Monster", com isso, precisávamos de algo para combater tudo isso, optamos por algo mais teatral e funcionou.


Jornalista: Como foi tocar essas músicas dos álbuns "Automatic For The People" (8º disco, 1992) e "Out of Time" (7º disco, 1991) na turnê do disco "Monster"?

Stipe: Então... Foi muito divertido.

Mills: 95% daqueles shows foram super divertidos e teve alguns que não funcionaram muito bem... Começamos a turnê pela Austrália, foi um sucesso e estávamos nos divertindo muito. Em seguida, tentávamos tocar outras músicas do álbum "Monster" como "King of Comedy" e pensamos: "Quer saber, é melhor deixar algumas destas canções somente lá no disco", mas no geral, a conexão entre nós e o público foi simplesmente fantástica.


Jornalista: Como foi ver a sua popularidade se manifestar em estádios lotados pela primeira vez?

Stipe: Foi ótimo e incrível. A adrenalina entrou em ação e estávamos prontos e funcionando a todo vapor.


Jornalista: O álbum "Monster" foi uma gravação escrita para ser tocada ao vivo. Ao revisitar o álbum com tanta profundidade para este aniversário de 25 anos, há uma parte em você que sente falta de tocar novamente essas músicas ao vivo?

Stipe: Essas músicas? Não... Quero dizer, com certeza sinto falta de me apresentar ao vivo e sinto falta do R.E.M, mas estou muito feliz do que fizemos, como fizemos e decidimos nos separar para permitir o legado daquilo que realmente passamos a maior parte de nossas vidas adultas tentando experimentar, e criando algo para nos orgulhar. Nós não o enterramos ao não querer continuar, só encontramos o momento certo para parar. Ao fazer isso, encapsulamos o legado de R.E.M. e esperançosamente permitir que seja o que é.


Jornalista: A turnê do disco "Monster" também deve ter sido agridoce, pois vocês passaram por um aneurisma cerebral, aderência intestinal, uma hérnia de disco...

Stipe: Foi difícil cantar uma nota alta em certas músicas... Eu me lembro de Peter Buck (guitarrista) sempre olhando atentamente para os dois lados da rua antes de atravessa-la, porque cada um de nós 03 da banda já tínhamos ficado doentes naquela turnê. O meu problema não era tão sério se comparado com os meus companheiros. Não quero dizer que foi divertido ou fácil de cantar pra mim, mas Mike passou por um problema sério. Ele poderia ter morrido, mas os paramédicos chegaram a tempo. O nosso baterista, Bill Berry, esteve perto da morte mais de 01 vez durante aquela turnê. Nós minimizamos a gravidade de sua condição na época, mas foi brutal e realmente difícil completar aquela turnê e apenas esperando para ver se ele iria conseguir, se ele iria ficar bem, quando ele iria querer começar a tocar de novo ou se ele realmente queria começar de novo? Foram momentos difíceis, mas no geral foi uma turnê de muito sucesso.

Mills: E não é isso o que eu penso sobre essa turnê, mas é o que todo mundo menciona. Quando você chega perto de perder um amigo, é claro que é um grande problema. Quando penso nessa turnê, não é, tipo: "Meu Deus! Nós sobrevivemos de alguma forma!" Não é nada disso, sabe? Foi muito divertido de fazê-la e tirando que 03 membros da banda adoeceram durante a turnê, a mesma foi um grande sucesso. Eu gostei de 95% da turnê.


"King of Comedy"


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