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by Brunelson

Radiohead: guia para iniciantes; um lampejo de todos os álbuns de estúdio


RADIOHEAD como banda única e singular que é, nunca confiou nas sensibilidades sonoras comerciais ou em grandes refrões para vender os seus discos. Em vez disso, eles usaram uma técnica astuta de nunca ficarem parados para ter certeza de manter o ritmo de criação fluindo e o tédio de se tornar obsoleto longe do estúdio de gravação.

Embora a banda esteja na cena da música alternativa desde o início dos anos 90, eles já lançaram 09 álbuns de estúdio e enquanto a maioria dos artistas e bandas ficariam felizes se 01 ou 02 discos se tornassem conhecidos como influentes ou culturalmente importantes, certamente há uma sugestão de que o RADIOHEAD lançou 09 discos sob esta acunha.

A banda assinou com a grande gravadora EMI Records em 1991 e rapidamente fez o seu nome com o hit da canção "Creep" (1º disco, "Pablo Honey", 1993), um dos hinos definidores da geração X, mas um dos discos mais detestados pela própria banda.

Assim como o PEARL JAM, o RADIOHEAD nunca quis desfrutar dos holofotes comerciais e seus álbuns também refletem isso. Desde a sua estreia cheio de jams adjacentes até os arranjos orquestrais deliciosos do último álbum, "A Moon Shaped Pool" (9º disco, 2016), a banda nunca fez questão de trabalhar dentro do mainstream.

O grupo vendeu bem mais de 30 milhões de discos em todo o mundo e com cada álbum eles produziram uma nova evolução, um novo passo a frente e em geral, um novo som. É o que tem mantido a banda como uma das mais adoradas do mundo.


E em homenagem a essa grande banda, confira em ordem cronológica um lampejo que fizemos de cada álbum de estúdio lançado pelo RADIOHEAD, os quais foram moldando a espantosa reputação do grupo.



Álbum: "Pablo Honey" (1º disco, 1993)

Para a maioria das pessoas, o álbum de estreia é uma coisa sagrada, mas para os fãs do RADIOHEAD costuma ser criticado.

Isso porque, ao contrário da maioria dos discos de estreia, parece decididamente uma banda "não-Radiohead", se comparada com o que se tornou. Ainda assim, é construído, trabalhado e cultivado com perfeição, apresentando a sua música estelar.

"Creep" foi a canção que fez o RADIOHEAD ficar conhecido no mundo inteiro, sendo um ponto sensível para os fãs obstinados da banda, devido a sua natureza dissipada de hino e pelo próprio grupo a ter renegada nos shows e em épocas de carreira.

Outra canção de destaque seria a lado-b, "How Do You", tão vibrante e coragem suficiente para chamar a atenção.

Há muita influência grunge neste álbum e embora o RADIOHEAD tenha surgido no pacote que não lhes pertencia de bandas britpop, as suas músicas não foram determinadas por nenhum machismo e estabeleceram as bases para a sua reputação intelectualizada.


"Creep"


Álbum: "The Bends" (2º disco, 1995)

Ainda há muita angústia grunge nesse álbum, mas foi quando o RADIOHEAD realmente se separou do resto da cena do rock alternativo.

"Fake Plastic Trees" pode muito bem ser uma das melhores músicas da banda e seu lugar neste álbum é apreciado por todos, da mesma forma as canções "Bones" e "Street Spirit" podem muito bem ser outras a desafiar o topo da pilha de sucessos da banda.


"Fake Plastic Trees"


Álbum: "OK Computer" (3º disco, 1997)

Ser constantemente comparado as outras bandas britânicas da época, RADIOHEAD fez questão de colocar um ponto final nisso com o álbum divisor de águas, "OK Computer".


Enquanto alguns conterrâneos brigavam entre si, RADIOHEAD estava gravando um dos discos da década e mudando o rock para sempre.

Graças à sua estrutura narrativa, temos o vocalista Thom Yorke possivelmente em seu auge liricamente falando, usando as suas habilidades de contar histórias para convidar o público a fazer parte das suas brincadeiras de ficção científica.

Sucessos como a canção "Paranoid Android", mostra o álbum realmente unindo as suas raízes do rock ao método revolucionário da banda que iríamos conhecer...

Uma verdadeira obra-prima.


"Paranoid Android"


Álbum: "Kid A" (4º disco, 2000)

Com esse álbum, a banda também mudou o rock para sempre.


Não é apenas um ótimo disco, mas também possui uma grande integridade artística. Funcionando como uma espécie de colagem sônica, o álbum conta com esses momentos fragmentados para dar as boas-vindas ao público e atingir rachaduras em seu tema impenetrável.

Isso garantiu que os fãs do RADIOHEAD fossem verdadeiros fãs, não apenas pessoas que por acaso ouviram uma música de que gostaram na rádio, mas pessoas que queriam prestar atenção e entender o que eles estavam fazendo.

Diria que "OK Computer" pode muito bem ser o álbum mais universalmente aceito, proporcionando a entrada cimentada da banda ao mainstream, mas o disco "Kid A" é um álbum para os fãs.

É rico e luxuoso, mas extremamente complexo e altamente texturizado. Ele não está chamando por nenhum fã que só curte os velhos tempos, mas ele quer que você se sente e aproveite o ambiente enquanto servem o que há de mais moderno em sua gastronomia sônica.

Continua sendo um dos álbuns mais influentes de todos os tempos e mandou um "foda-se" ao comercialismo, não sendo um disco fácil de se ouvir.

Incrível o poder dessa linha simples do baixo na música "The National Anthem" que separamos logo abaixo.


Álbum: "Amnesiac" (5º disco, 2001)

Querer lançar um álbum sucessor ao disco "Kid A" sempre seria uma tarefa difícil.

Para o álbum "Amnesiac", o grupo utilizou muito material retirado das sessões do disco "Kid A" e tentou fazer uma extensão do mesmo.

Isso não quer dizer que não haja valor a ser atribuído ao álbum, assim como a música "Knives Out" - indiscutivelmente uma das melhores da banda - onde o disco se recusa a ficar parado. Ele se apresenta como um alvo móvel que pode ser difícil para o público perfurar e que, por si só, é uma bela faceta da escrita do RADIOHEAD.

Há influências de jazz por toda parte e eletrônicos dissonantes o suficiente para fazer as sinapses do cérebro mergulhar em espiral - além de fortes temas líricos.


"Knives Out"


Álbum: "Hail to The Thief (6º disco, 2003)

O álbum que viu o RADIOHEAD se tornar político, esse disco é um ataque direto àqueles que tentam nos governar enquanto pintam uma reputação de inocência imaculada.

No momento em que a canção "2+2=5" começa, sabemos que este álbum não é como qualquer outro do repertório da banda - mas o que é, afinal?

O disco ficou famoso da noite para o dia depois de ter vazado na internet 10 semanas antes do seu lançamento, mas continuou famoso pelo ponto de vista incendiário do vocalista Thom Yorke sobre a Guerra ao Terror, bem como a ascensão do conservadorismo extremista.

É uma brutalidade espelhada no histórico de 14 músicas, rodando em pouco menos de 01 hora e usando cada segundo para deixar uma impressão duradoura.

Destaque para a canção tribalista "There There" que separamos logo abaixo.


Álbum: "In Rainbows" (7º disco, 2007)

Um dos álbuns mais icônicos da banda, "In Rainbows" provavelmente só receberá mais e mais aclamação com o passar do tempo.


Com 14 anos desde o seu lançamento, já é considerada uma obra verdadeiramente sagrada e é nesse disco que o RADIOHEAD voltou a sua atenção para se conectar com o público em um nível ainda mais profundo...

São cores e miragens onde somos capazes de vê-las (às vezes até o cheiro), o que mostra o papel fundamental na potência desse álbum. Ele foi lançado no pacote via internet de “pague o que quiser” e foi um dos maiores sinais que estaria por vir ao grupo, pois foi aqui que a banda e os fãs se fundiram ainda mais como uma unidade.

Há um movimento perpétuo sobre o álbum "In Rainbows" de que nunca vai realmente envelhecer, onde a banda consegue fazer isso com o seu toque hábil como uma brisa suave num final de tarde...

São tantas músicas que fica difícil escolher, mas a canção "Reckoner" que separamos logo abaixo também representa muito bem a turma toda.


Álbum: "The King of Limbs" (8º disco, 2011)

Apesar de ser um álbum subestimado na discografia do grupo, o disco ainda está repleto de todas as nuances que o RADIOHEAD traz para tudo o que produz, entretanto, pode ser o álbum menos preferido da maioria dos fãs...

Mesmo assim, não quer dizer que seja ruim com os seus menos de 40 minutos e com 08 músicas.

A banda exibe o seu conhecido manejo eletrônico junto com os teclados, o que se tornaria um pilar em seu disco posterior. Certamente possui um som original, como o 1º single que foi a canção "Lotus Flower" e que separamos um vídeo logo abaixo.


Álbum: "A Moon Shaped Pool" (9º disco, 2016)

O último álbum lançado até então pela banda, é construído a partir de arranjos orquestrais exuberantes com base no ouvido cada vez mais culto do guitarrista Jonny Greenwood.


Foi a 1ª vez que a banda realmente confiou na música clássica da London Contemporary Orchestra, e é difícil não alinhar a mudança de som a um amadurecimento do grupo. Embora Greenwood receba com razão a maioria dos elogios, também é uma das exibições líricas mais sobressalentes e luxuosas de Thom Yorke.

Claro, as canções "Daydreaming" e "Burn The Witch" são singles de destaque e há muito a ser dito sobre estas 02 músicas, mas uma audição completa de todo o álbum lhe deixa flutuando em sua própria atmosfera...

Não adianta tentar decifrar indefinidamente o significado disso ou daquilo, é muito melhor deixar o álbum engoli-lo por inteiro e enriquecer os seus ossos musicais com a fragrância da tradição e da evolução que se encontram em sua psique.

Como Freud já dizia, o ser humano sempre está buscando (ou não) a homeostase, que seria o equilíbrio em qualquer coisa, sentimento ou situação da sua vida, o que é difícil de se alcançar escutando e viajando longe neste já clássico álbum do RADIOHEAD.

Outro destaque seria a canção "The Numbers" que separamos logo abaixo, com aquela sinceridade de sempre de toda a banda.


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