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by Brunelson

Radiohead: qual a música inspirada em um acidente de carro?


Radiohead seria uma das "roupas" mais essenciais da era contemporânea. A sua forma cerebral de música tem sido positivamente transformadora para a música em si e para a cultura popular, e o que eles alcançaram ao longo de sua carreira foi surpreendente.

Do rock alternativo dos álbuns "Pablo Honey" (1º disco, 1993) e "The Bends" (2º disco, 1995), do álbum inovador e divisor de águas na história do rock com "OK Computer" (3º disco, 1997), do minimalismo glacial dos álbuns "Kid A" (4º disco, 2000) e "Amnesiac" (5º disco, 2001), e transcorrendo às paisagens sonoras e sonhadoras chegando até ao seu último álbum de estúdio, "A Moon Shaped Pool" (9º disco, 2016), o compromisso dessa banda da Inglaterra com o rock progressivo é tão natural e vasto como capim numa zona rural, e é isso que resultou na produção de obras-primas atrás de obras-primas.




O seu corpo de trabalho é um dos mais consistentes da era moderna e é uma tendência que não dá sinais de diminuir.

E um dos discos mais queridos da banda é "OK Computer", um dos álbuns definitivos da década de 90 e de todos os tempos. Sendo uma prévia de mistura rock com efeitos eletrônicos, é melhor considerado como a ponte entre os primeiros dias voltados para a música de guitarras e o que viria com os álbuns consequentes.

Combinando música pioneira com comentários sociais cortantes sobre a disseminação da tecnologia e a economia neoliberal, o disco "OK Computer" é um dos mais abrangentes já lançados e sua pertinência ficou clara para os fãs de todo o mundo. Para muitos, também estabeleceu o padrão de qualidade para a banda, sendo usado como uma ferramenta comparativa para todos os outros trabalhos lançados desde então.

E um dos vários destaques no disco "OK Computer" é a música que abre o álbum, "Airbag". Uma obra de arte em como utilizar os espaços em abertos que a música oferece, o seu batimento cardíaco é a linha de baixo de Colin Greenwood, com as suas notas repetitivas saltando como um sinal elétrico. Criando uma malha sincopada com a bateria de Philip Selway e carregando toda a canção, o trabalho de Greenwood no baixo abre caminho para as guitarras e outras texturas se envolverem e criarem o que é um dos esforços definitivos da banda.


Notavelmente, a música é sobre um acidente de carro que o vocalista Thom Yorke sofreu com a sua namorada em 1987. Embora ele tenha saído ileso, ela sofreu alguns ferimentos e que mudou a sua perspectiva sobre automóveis.

Mais tarde numa entrevista, Yorke explicou os seus pensamentos sobre esta canção: “Um airbag salvou a minha vida? Não, mas eu te digo uma coisa, toda vez que você quase sofre um acidente, ao invés de apenas suspirar e seguir em frente, você deveria encostar, sair do carro e correr pela rua gritando: ‘Eu voltei! Eu estou vivo! A minha vida recomeçou hoje!' Na verdade, você deveria fazer isso toda vez que sair de um carro... Estamos apenas montando nessas coisas para nos locomover e não realmente no controle deles”.

Em outra entrevista, Yorke acrescentou: “Muito da percepção do público gira em torno da ilusão e é disso que se trata as letras da música 'Airbag': a ilusão da segurança. Na realidade, os airbags realmente não funcionam e disparam aleatoriamente, como a maioria das pessoas acham”.

Talvez a coisa mais interessante sobre a canção "Airbag", além do seu significado, seja como ela foi colocada na track-list do álbum. Os fãs notaram que, embora seja a música de abertura, a outra canção chamada "The Tourist" é a última do disco e que fala sobre direção irresponsável que leva a um acidente de carro fatal.

Quer a banda tenha pretendido isso ou não, significa que o álbum termina onde começa, criando um estranho círculo de vida e morte, uma visão incisiva da natureza cíclica do inevitável.


"Airbag"









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