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by Brunelson
Os estágios iniciais da carreira de um artista, em que as suas asas ainda estão cortadas e uma afronta é oferecida em seu lugar, podem ser uma das fases mais marcantes de todas.
Aquele lapso de tempo em que eles ficam um pouco desconfortáveis com a sua própria pele ou muito verdes para incorporar totalmente outra personalidade, é uma janela para um primeiro insight.
Isso indica que, o que você aprende com a fase embrionária na carreira de um artista é de alguma forma mais pura ou sem adornos do que pode vir a seguir...
Em 1992, RADIOHEAD assinava um contrato com a grande gravadora EMI Records, onde eles iriam lançar a música hit "Creep", single do álbum de estreia, "Pablo Honey" (1993). Apesar disso, antes de tais lançamentos eles ainda não eram conhecidos no mundo da música.
Foi durante essa fase inicial que o fanzine The Scene entrevistou o vocalista do RADIOHEAD, Thom Yorke, onde a música "Creep" já estava em plena ascensão. A primeira pergunta feita a ele foi bastante abrasiva: "De alguma forma você está abalado negativamente com o sucesso que a canção 'Creep' está fazendo?"
Thom Yorke respondeu: “Absolutamente e horrivelmente destripado, irritado e hipócrita. Há coisas boas e ruins nisso... Muitas pessoas estão perguntando: 'Por que está se tornando um sucesso?', o que é uma coisa boa, tipo, é uma vantagem para nós”.
Depois de mergulhar no que o disco de estreia ainda tinha a oferecer, Yorke citou Jim Morrison na entrevista enquanto explicava a maneira de ser do RADIOHEAD - uma nova banda surgindo na cena: “É uma coisa realmente boba de se dizer, mas uma das principais razões para estar nessa banda é por causa das músicas, as quais mudamos muito, mas muito rápido como uma banda. Temos um som, mas ao mesmo tempo o mudamos o tempo todo".
"Em se tratando de novas músicas, qualquer um da banda pode chegar com um riff ou tocar guitarra e apresentar uma melodia para o vocal. Outra coisa importante por trás da banda é que, liricamente, é uma música anti-ego do rock. O 2º verso da música 'Creep' poderia ser traduzido em uma única frase: 'Eu quero ser Jim Morrison', pois eu tenho esse desrespeito patológico por Jim Morrison e todo o mito que o cerca. Simplesmente porque afeta e tem afetado as pessoas nas bandas e no mundo do rock, em que elas acham que precisam agir como junkies para viver de acordo com a lenda”.
O discurso de Yorke atingiu um crescendo, quando ele disse: "Jim Morrison era um bastardo sem talento e está morto, sendo que nada disso significa algo hoje em dia. É mais importante apenas ter a sua própria voz dentro de um negócio, do que viver de acordo com o que os outros querem que você viva".
"No momento, eu estou lendo um livro de Lester Bangs e há uma coisa brilhante sobre, como por um lado o rock'n roll deve ser levado muito a sério, enquanto por outro lado você se irrita por completamente. Veja a banda THE STOOGES... Por um lado eles foram uma banda realmente marcante no rock'n roll, mas por outro lado eles apenas andavam por aí irritando as pessoas. Iggy Pop ainda irrita muitas pessoas".
Esse discurso agora parece uma frente bastante juvenil enquanto a banda procurava por uma identidade. Sabemos também (quem viveu a época sabe do que estamos falando) que o início dos anos 90 foi uma era dominada por personagens espinhosos por parte da mídia e essa intromissão do jornalista na personalidade de Thom Yorke é um indicativo da época.
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