top of page
by Brunelson

Roger Daltrey: vocalista do The Who fala sobre o quê lhe chocou quando fizeram a 1ª turnê nos EUA


Quando a banda britânica THE WHO realizou a sua 1ª turnê pelos EUA em 1967, eles pretendiam deixar uma cicatriz permanente no país e alcançaram esse objetivo com facilidade. Foi uma experiência que o vocalista Roger Daltrey jamais esqueceu, embora as diferenças culturais chocassem o cantor.


Em 1967, THE WHO tinha se estabelecido no Reino Unido, mas havia chegado a hora de abrirem as suas asas internacionalmente. A sequência de sucessos da banda que estavam reverberando em suas terras, ainda não significava muita coisa do outro lado do Atlântico e embora tenham conseguido algum sucesso relativo, não foi nada em escala comparativa.


E quando o THE WHO foi fazer a sua 1ª turnê americana, parecia que eles tinham que começar tudo de novo subindo primeiro os degraus mais baixos da escada.

Em abril daquele ano, eles chegaram pela 1ª vez aos EUA e realizaram uma residência no Teatro RKO em New York, antes de se apresentarem às massas com o seu setlist selvagem no Monterrey Pop Festival (foto). Este show terminaria caoticamente com o guitarrista Pete Townshend quebrando a sua guitarra em migalhas, Keith Moon desmoronando a sua bateria e a banda se retirando do palco com bombas de fumaça detonando em abundância.

De repente, eles começaram a ganhar força e reconhecimento em terras americanas...

De julho a setembro, o THE WHO pegou a estrada junto com os colegas britânicos, o grupo HERMAN'S HERMIT. No entanto, não foram os shows que deixaram a marca mais significativa em Daltrey, que ficou impressionado com as diferenças culturais crescentes entre os EUA e Inglaterra.

“Fiquei impressionado com essa escala de diferença”, lembrou uma vez o vocalista em entrevista para o site Rock Cellar. “Fiquei de boca aberta com a quantidade de comida (risos). Nunca vimos tanta comida assim. Na Inglaterra, nós tínhamos acabado de sair do racionamento de uma guerra, sabe? Naquela época, costumávamos contrabandear bife para casa (risos). Costumávamos chamar a Inglaterra de 'a terra do sebo' e os EUA de 'a terra do bife'".

Daltrey continuou: “Quanto aos shows no Teatro RKO em New York, fazíamos 04 shows por dia. Sério, foi ridículo, porque só conseguíamos tocar umas 02 músicas por vez e foi uma loucura, mas era assim que as coisas aconteciam naquela época, sabe? Costumávamos tocar a canção 'I Can't Explain' e 'My Generation' e destruíamos o nosso equipamento, quebrando 01 guitarra por show... Foi uma loucura”.



Ele admitiu que a história dos locais onde eles iam se apresentando “não significava nada” para eles e tratava-se de criar a própria narrativa do THE WHO por onde passava: "Todo mundo era inconsequente e o que aconteceu foi a nossa postura nos palcos que colocou o THE WHO no mapa... É claro, eles pensavam que éramos todos loucos e é claro que todos nós éramos mesmo”.

Enquanto Daltrey se surpreendeu com os excessos de luxo oferecidos nos EUA, sendo uma amostra de algo que ele normalmente não via na Inglaterra e no Reino Unido em geral pós-2ª guerra mundial, essa alegria empalideceu em comparação com a impressão sísmica que o THE WHO deixava no público americano noite após noite. As multidões ficaram perplexas com a sua ferocidade, mas permaneceram cativadas mesmo assim.

Após 01 semana do término dessa turnê, o THE WHO lançou o single da música "I Can See For Miles" e finalmente tiveram um sucesso nos EUA, se tornando queridos pelo país e assim, pode-se dizer que nas últimas 07 décadas, o THE WHO permaneceu confortavelmente aninhado nos corações dos americanos e em vários fãs nos cantos do mundo.



"I Can See For Miles" (3º disco, "The Who Sell Out", 1967)


Comments


Mais Recentes
Destaques
bottom of page