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by Brunelson

Rory Gallagher: o melhor guitarrista de todos os tempos, segundo Jimi Hendrix


Atrás de cada roqueiro, há sempre uma história de luta e rebelião.

Essa é a própria natureza do rock ‘n’ roll. Não é apenas um gênero, é uma atitude, uma filosofia de vida, que incorpora os músicos que canalizam a mesma velocidade e agressividade em sua música, a qual carregou Chuck Berry e pulsou pelos dedos de Jimi Hendrix.


Não há mensagem ou essência em uma canção de rock and roll se aquele compositor teve uma jornada fácil. Não se trata apenas do conteúdo lírico, mas em vez disso, é um sentimento que o ouvinte capta em sua música - consciente ou inconscientemente. É o coração da música que leva as pessoas a calafrios.

No que diz respeito ao sentimento que reside no coração de uma canção real, Rory Gallagher, um guitarrista irlandês que se estivesse vivo estaria com 73 anos de idade, acreditou de todo o coração nessa ideia.

Em uma entrevista na TV, quando questionado de onde ele tirou o seu blues, Gallagher, com um sorriso malicioso, respondeu: "Eu não acho que você entende o blues, mas sim, é algo com o qual você nasce. Este sentimento ou esse humor que o blues lhe fornece, eu não acho que deve ser uma abordagem purista ou acadêmica, você apenas sente e procura se expressar de uma forma temperamental. Eu não acho que seja uma coisa americana ou europeia, você apenas faz".

Então, qual é a história de luta de Rory Gallagher?

Ele sabia desde muito cedo que queria se tornar um guitarrista - "o" guitarrista mais especificamente. A sua mãe, que o apoiou, ajudou a pagar uma boa quantia na compra de uma guitarra Fender Stratocaster vermelha surrada que Gallagher segurou pelo resto de sua vida. Na verdade, o seu confiável "machado" de escolha sobreviveu junto ao seu mestre, quando Gallagher morreu aos 47 anos de idade em 1995, após um transplante de fígado que não deu certo.

Com a sua guitarra ao lado, era claro que Gallagher estava destinado a fazer música para viver, mas ele ainda precisava de um lugar para fazê-la.

Gallagher encontrou trabalho no circuito de bandas nos pubs irlandeses, pois era a única opção imediata para ele tocar guitarra ao vivo. De sua Stratocaster surrada até o seu tipo de aparência normal e cotidiana, tudo isso alimentou a sua imagem de ser um bluesman da classe trabalhadora que nunca fingiu ser o que não era.

A sua relutância em nunca se comprometer e fazer tudo à sua maneira, seja dentro ou fora do palco, muitas vezes impedia Gallagher de alcançar o estrelato e a notoriedade total. Embora possa parecer o ponto crucial de sua luta, o verdadeiro problema era ser um perfeccionista e sempre buscar um som novo e aprimorado.

Não satisfeito com a maneira como as coisas estavam indo no início dos anos 60 em sua banda, ele decidiu abandonar o grupo e foi para a Alemanha para tocar na cena rock da cidade de Hamburgo que, na época, estava bastante carregada de outros artistas britânicos como os BEATLES.

Depois da Alemanha, Gallagher voltou para a Irlanda, onde formou a grande banda TASTE em 1966, com Eric Kitteringham no baixo e Norman Damery na bateria. Parecia que Gallagher havia encontrado o seu veículo perfeito.

TASTE lançou apenas 02 álbuns de estúdio em seu tempo de vida, os quais demonstram habilmente as habilidades impressionantes de Gallagher. Um dos shows de maior sucesso do grupo foi no Isle of Wight Festival em 1970, onde se apresentaram como uma banda de abertura para grandes nomes como THE WHO, THE DOORS, Leonard Cohen e Jimi Hendrix. A capacidade de Rory Gallagher de tocar guitarra era suprema, mas outro talento dele era capturar o público e manter a atenção deles.

De acordo com o irmão de Gallagher, Donal, que era empresário do TASTE, ele disse que o cineasta Murray Lerner deu instruções à sua equipe para filmar apenas 01 ou 02 canções de atos menos conhecidos e guardar o resto da filmagem para os nomes maiores.


Essas instruções logo mudaram quando Lerner viu o quê o TASTE estava fazendo com o público e como eles estavam sendo cativados. Em vez disso, Lerner conseguiu mais de 01 hora de filmagem do TASTE e talvez mais importante, de Gallagher tocando como poucos poderiam ter sonhado.

Pois o respeito que ele exigia de outros gigantes musicais era único...

Brian May, guitarrista do QUEEN e que viu o TASTE se apresentar regularmente numa casa noturna em Londres, disse sobre a banda: “Eu costumava ir ver Rory Gallagher todo final de semana lá e ficava de boca aberta, sabe? Acho que na forma como o cara tocava, a pessoa que ele era e a maneira como ele interagia com o público... A maneira como ele podia simplesmente segurar as pessoas batendo com o pé ou algo em seus dedos ou o que quer que ele fizesse. Ele era apenas um mágico e um artista... Engraçado, ele provavelmente não se consideraria um artista, ele era tão puro e se considerava somente um músico".

Embora Rory Gallagher nunca tenha alcançado a fama mundial do tipo que um guitarrista como Brian May alcançou, May está eternamente em dívida com Gallagher por lhe mostrar como tocar blues com energia eletrizante.

Outro guitarrista que tem imenso respeito por Gallagher é Alex Lifeson, do RUSH, que fez várias turnês com o guitarrista irlandês. Ele relembrou das vezes em que eles saíam juntos e conversavam por horas: “Ele e eu conversamos sobre todos os tipos de coisas, seja política, família, ele sendo da Irlanda, as divisões sectárias na Irlanda e os meus ancestrais vindos da Iugoslávia com o mesmo tipo de problemas lá, tipo, passamos horas e horas conversando sobre esse tipo de coisa".

“Não era apenas sobre música, bandas e guitarras, eram todas essas coisas, além de sua personalidade, sua alma e ele era tão atencioso e compreensivo com as outras pessoas. Ele era muito educado e honestamente, uma pessoa maravilhosa. Não importa os seus talentos e habilidades, ele era simplesmente um grande homem”.

Rory Gallagher não era apenas um guitarrista e mero músico como ele provavelmente gostaria de pensar sobre si mesmo - Gallagher era mais do que isso.

Ele possuía um caráter sobrenatural que tantas vezes separa artistas soberbos do resto.


Mick Rock, o fotógrafo residente do rock ‘n’ roll que capturou algumas das fotos mais icônicas na história, disse uma vez sobre Gallagher: “Na faculdade, eu estava apaixonado pelos poetas românticos ingleses. Eu vi em Syd Barrett dessa forma (vocalista original do PINK FLOYD) e também vi em Rory Gallagher. Ele tinha postura, era fotogênico e com aquele certo espírito cavalheiresco. Ele era uma pessoa muito querida e carismática, tipo, você não poderia tirar uma foto ruim dele".

Gallagher passou um tempo como o ídolo de muitos dos seus contemporâneos ao longo de sua carreira, mas fora da Irlanda, Gallagher permanece um tanto desconhecido.

Ele pode descansar em paz como um dos guitarristas mais criminosamente esquecidos da história da música, mas isso não significa que nem todos possamos apreciar o gênio de Rory Gallagher.

Jimi Hendrix falou sobre a sua apreciação pelos talentos de Rory Gallagher quando apareceu no popular programa de TV, The Mike Douglas Show. Quando o apresentador perguntou a Hendrix: "Como é ser o melhor guitarrista de rock do mundo?" Hendrix respondeu lindamente: "Não sei, você precisará perguntar a Rory Gallagher".


Confira esta performance do TASTE no Isle of Wight Festival em 1970, tocando a música "Sugar Mama":


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