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by Brunelson

Smashing Pumpkins: resenha do álbum "Siamese Dream"


O 2º álbum de estúdio do SMASHING PUMPKINS, "Siamese Dream" (1993), tinha muito o que nos oferecer.

Não se tornaria apenas um dos melhores discos da banda, mas sim, um dos lançamentos definitivos dos anos 90 e na história do rock, além de ser uma das coisas mais raras de se ouvir: é um corpo perfeito de trabalho do início ao fim.


O disco de estreia em 1991, "Gish", atraiu uma base de fãs considerável e até mesmo levou a banda a ser rotulada do que iria acontecer com o NIRVANA em setembro de 1991. Com o álbum "Siamese Dream" sendo lançado, instantaneamente deixou de ser o disco mais esperado de 1993 (todos estavam aguardando como seria o álbum "In Utero" do NIRVANA) para um dos mais criticamente aclamados do ano.

O disco foi aclamado pela crítica por sua capacidade aparentemente fácil de imaginar e misturar aspectos do rock progressivo e metal, escolhendo artisticamente quais detalhes expandir e quais apagar por completamente. Desta forma, o álbum "Siamese Dream" tornou-se um desafio em defini-lo.

Embora a influência de bandas do hard rock sejam evidentes em canções como "Cherub Rock" e "Hummer", o disco também contém uma qualidade angular mais parecida de bandas como o TELEVISION.

É inegável que a influência de Butch Vig como produtor ajudou o SMASHING PUMPKINS a alcançar o caos ordenado e acessível que torna o disco "Siamese Dream" tão agradável. Já tendo trabalhado com a banda no álbum de estreia do SMASHING PUMPKINS e no disco "Nevermind" do NIRVANA, o produtor fez exatamente a mesma coisa pelo NIRVANA apenas 02 anos antes.

O álbum "Siamese Dream" gira com a distorção característica de Butch Vig, imbuindo todo o disco em calor, energia e concedendo à músicas como "Today" aquele impacto emocional e físico que só as grandes obras nos proporciona e que as tornam irresistíveis. Ainda hoje, o disco se destaca por sua grande variedade textural e é um redemoinho amorfo que muda de forma orquestrado e com perfeição.

No entanto, parece estranho pensar que o frontman do SMASHING PUMPKINS, Billy Corgan, tenha convidado novamente Butch Vig para ter produzido o álbum, considerando a sua paranoia de ser confundido com o NIRVANA e perder a identidade única que ele e sua banda trabalharam tanto para forjar.

“Me deixe sair de sua cena”, Corgan canta na música "Cherub Rock" e que abre o álbum. Não pode ser por acaso que esse grito por liberdade é uma das primeiras coisas que você ouve no disco.

Em uma época em que o grunge estava se tornando cada vez mais popular, muitas pessoas esperavam que o SMASHING PUMPKINS se esgotasse em seus recursos e explorasse a popularidade do gênero criando algo projetado apenas para lhes trazer o máximo de dinheiro possível.

No entanto, fizeram exatamente o contrário, distanciando-se de artistas semelhantes e criando uma mística que envolve a banda até os dias de hoje. De qualquer forma, suspeitas sobre a autenticidade do SMASHING PUMPKINS foram rapidamente dissipadas quando o canal/rádio da BBC de Londres se recusou a transmitir a música "Disarm" por causa de letras como: “Corte aquela criança”.


Mesmo assim, só gerou à banda um maior prestígio cultural.


Também é difícil olhar para trás para este álbum sem ser lembrado das crueldades e controvérsias associadas a Billy Corgan, referente ao seu trato com os seus colegas de banda durante a gravação do disco.


Na época, Corgan era pouco mais do que um jovem músico ambicioso sob a pressão da onda grunge, sofrendo com o ataque combinado de depressão e bloqueio como escritor. Talvez seja por isso que o álbum ressoou para toda uma geração de jovens fãs de música da maneira que foi, e por que ainda captura perfeitamente a desilusão e a angústia de tantos jovens de hoje em dia.


Na época do seu lançamento, comentava-se sobre a obscuridade das letras de Corgan e o seu estilo vocal indecifrável e único, capturando perfeitamente a sensação de ser um adolescente estranho e cheio de ansiedade.

Por causa da maneira como as suas letras estão mergulhadas em uma piscina de distorção, apenas ocasionalmente subindo à superfície em fragmentos leves, todo o álbum na verdade parece mais como um grito.

Um dos álbuns mais marcantes dos anos 90 e que automaticamente encapsula um momento do tempo, "Siamese Dream" ainda é um tremendo soco no intestino. Ele marcou um ponto alto na criatividade da banda e com os seus arranjos de cordas exuberantes, antecipa o álbum subsequente da banda com entusiasmo e curiosidade, "Mellon Collie and The Infinite Sadness" (3º disco, 1995).

Muito do álbum "Siamese Dream" se tornou parte do som fundamental do que consideramos como rock alternativo. Foi parte do molde por onde esse gênero caminhou e existem bandas por aí reciclando o SMASHING PUMPKINS sem nem mesmo saberem disso.

Ouvindo o disco "Siamese Dream", é como se você tivesse escutado a história de vida de alguém, inundada com desejos ardentes, memórias dolorosas, ansiedades paralisantes e devaneios inesquecíveis.

Como dissemos, é perfeito.


Track-list:


1. Cherub Rock

2. Quiet

3. Today

4. Hummer

5. Rocket

6. Disarm

7. Soma

8. Geek USA

9. Mayonaise

10. Spaceboy

11. Silverfuck

12. Sweet Sweet

13. Luna



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