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by Brunelson

Sonic Youth: Top 05 músicas no quesito leitura, notas e afinações de guitarra


SONIC YOUTH emergiu da cena "no-wave" de New York no começo dos anos 80 e não pertencendo a nenhum rótulo ou escaninho conveniente.

Famosa pelo uso de afinações drasticamente alteradas e cheio de noises, a banda foi moderando o seu ruído inicial e caótico à medida que sua carreira progredia, adicionando um grau de melodia e estrutura, mas mantendo sempre aquela capacidade de chocar.


Eles influenciaram todas as cenas alternativas que surgiriam e se envolveram em algumas delas, mas sempre jogaram em seus próprios termos com um surto instrumental esperando na esquina.

Já se passaram 12 anos desde que o SONIC YOUTH encerrou as suas atividades com o álbum "The Eternal" (16º disco, 2009) e seu último show em 2011 (que foi no Brasil), mas ao longo de uma carreira de 30 anos eles fizeram algumas das músicas de guitarra mais originais que o mundo já ouviu até hoje.


Assim, resolvemos separar somente 05 músicas que mais nos chamam a atenção na questão da leitura da guitarra, suas notas e afinações, o que não quer dizer que sejam as melhores canções da banda.




Confira em ordem cronológica:

Música: "Death Valley 69"

Álbum: "Bad Moon Rising" (2º disco, 1985)

Esta que foi a 1ª canção da banda que fez uma relativa reverberação nos bueiros underground e se fazendo conhecida pela propaganda de boca-a-boca, sendo um cartão postal verdadeiramente aterrorizante.

Na versão gravada no estúdio, o vocalista/guitarrista, Thurston Moore, canta em parceria com a atriz de New York, Lydia Lunch, em vocais furiosos e explorando em suas letras os assassinatos do serial killer Charles Manson. Por trás está um trabalho de guitarra para rivalizar com qualquer um dos trabalhos mais experimentais da banda que eles lançariam até o fim da carreira.

Tocada em afinação F#, F#, F#, F#, B, E, a música oscila à beira da loucura, com o duelo de guitarras de Moore e Lee Ranaldo transmitindo uma crescente sensação de horror à medida que os 05 minutos da música se aproximam de um crescendo. Quando menos se imagina, a música explode num ruído que deixa um vazio em seu rastro...


Música: "Expressway to Your Skull"

Álbum: "Evol" (3º disco, 1986)

Notoriamente, esta canção é a favorita da banda por Neil Young.

Os primeiros 02 minutos deste mini-épico soam como um protótipo de canção rock preguiçosa e convencional, mas logo após ela evolui para minutos de presságio com um zumbido dissonante. São flashes de ruído branco de guitarra, evocando imagens de espaços urbanos úmidos e semi-iluminados...

Só para constar, está em afinação E, G#, E, G#, E, G#, e o vinil original vem com uma ranhura no final para garantir que o zumbido da guitarra durasse até você se levantar para retirar a agulha do vinil.


Música: "Teenage Riot"

Álbum: "Daydream Nation" (5º disco, 1988)

Outra canção de mais de 07 minutos, agora considerada como a marca d'água do SONIC YOUTH.

Um casamento perfeito entre o ruído dissonante da banda e o crescente senso de melodia, para produzir um clássico genuíno do rock alternativo e que foi escolhido por Eddie Vedder como a sua música preferida do SONIC YOUTH.


O "patrocínio" de Vedder é apropriado, já que a música e o álbum que a abrigou provaram ser influentes na crescente cena grunge e do rock alternativo no começo dos anos 90, e começou abrir as portas da aceitação no mainstream da música alternativa que a sua banda, PEARL JAM, e os companheiros de Seattle como o NIRVANA, teriam.

A introdução silenciosa e etérea da canção "Teenage Riot" aumenta vários pontos com um riff de guitarra distorcido, cortante e uma batida forte que carrega a performance vocal melódica de Moore durante toda a música.


Ainda há tempo e espaço para alguns desvios instrumentais pelo caminho, mas "Teenage Riot" é a primeira grande canção do rock alternativo dos anos 90, entregue 02 anos antes por uma banda que influenciaria a todos nos anos seguintes, desde NIRVANA e SMASHING PUMPKINS, até PAVEMENT, RADIOHEAD e BECK.

Está em afinação G, A, B, D, E, G.


Música: "Sugar Kane"

Álbum: "Dirty" (7º disco, 1992)

Se o álbum "Daydream Nation" ajudou a tornar possível a explosão do grunge no início dos anos 90, o disco "Dirty" foi a chance do SONIC YOUTH aproveitar a glória do que eles ajudaram a criar.

Com o produtor Butch Vig na mesa de som, o mesmo do álbum "Nevermind" do NIRVANA, o pessoal do SONIC YOUTH reduziu as suas tendências mais vanguardistas para oferecer uma versão mais facilmente digerível do seu caos sônico.


Vig havia dito numa entrevista para o site Pro Sound em 2017: "Eu queria que soasse como o SONIC YOUTH, mas queria torná-lo um pouco mais 'amarrado' ao som e foi um pouco complicado... Eles estavam totalmente dispostos a isso, mas estavam apenas fazendo o que fazem e nem sempre estão cientes do que é. Eu estava tentando fazer isso para que algumas músicas ficassem um pouco mais concisas, mas não estava tentando fazê-los compor canções pop de 03 minutos, certo?"

A canção "Sugar Kane" possui 06 minutos de duração, mas os esforços de Vig para focar na banda pagam todos os dividendos. O que começa como um single de rock alternativo direto e cativante, apenas desce e depois sobe de um colapso instrumental clássico, nervoso e dissonante, que só o SONIC YOUTH têm. Somos conduzidos até lá por um riff descendente bastante direto na guitarra, que se perde num solo estridente e apressado sob uma linha de base trovejante.

Depois de um período de silêncio premonitório por alguns segundos, um riff ascendente nos traz de volta enquanto o resto da banda entra em ação, construindo uma parede de ruído e nos colocando de volta à terreno familiar.

O fato do SONIC YOUTH poder entregar um hino de rock alternativo no início dos anos 90 para as rádios e sem perder a essência do que os tornaram tão especiais, foi uma prova de sua versatilidade e dos próprios talentos do produtor Butch Vig.

E, G, D, G, B, E para essa.


Música: "Do You Believe in Rapture"

Álbum: "Rather Ripped" (14º disco, 2006)

SONIC YOUTH teria apenas mais 03 anos para lançar o último álbum de estúdio em 2009 e na maior parte, o disco "Rather Ripped" é um álbum de rock completo da banda, trocando alguns dos seus meandros mais experimentais para entregar um disco ainda mais conciso e coeso (assim como vinha fazendo desde a virada do século) e que nos remetem brilhos ao clássico álbum "Dirty".

Escolhemos a extasiada canção "Do You Believe in Rapture" como a nossa deixa final, porém, como mais uma ilustração da pura versatilidade da banda e um exemplo de quantos gêneros eles conseguiram dominar sem serem sugados à inércia.

Aqui, estamos em D, D#, A#, D#, G, G e há uma natureza hipnótica na execução relativamente limpa dos acordes dessa música, os quais são tratados com um toque de atraso no refrão, para nos colocar firmemente no reino progressivo e viajante do SONIC YOUTH.

Para uma banda conhecida por suas jams instrumentais, eles optaram por acompanhar esta canção com uma performance vocal igualmente extasiada de Moore, que eleva a música aos céus que ela evoca - mas ainda são as guitarras atmosféricas que fazem o trabalho duro aqui.

















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