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by Brunelson

Sonic Youth: resenha do disco "The Destroyed Room" pela própria banda



Álbum: "The Destroyed Room" (15º disco, 2006)


Em Dezembro de 2006, SONIC YOUTH lançava o seu 15º álbum de estúdio, "The Destroyed Room". Esse disco na verdade apresenta músicas que ficaram de fora de alguns álbuns do grupo, lados-b, trilhas sonoras e outras raridades.


Foi a deixa final referente ao fim do contrato com a sua gravadora desde 1990, Geffen Records.


E no encarte do livrinho que acompanha o disco, os membros da banda dissecaram cada música dando a sua própria versão - e na mesma ordem do álbum.


Confira:


1. "Fire Engine Dream" (ficou de fora do 13º disco, "Sonic Nurse", 2004)


Nós entendemos que daríamos início a esse bebê com uma jammer de mais de 10 minutos. Parafraseando, ou neste caso, citando diretamente a inimitável banda HAIR POLICE: "Vamos ver quem está aqui e quem não está".


2. "Fauxhemians" (ficou de fora do 12º disco, "Murray Street", 2002)


Retirado de quando estávamos apenas começando a compor as músicas que seriam lançadas no álbum "Murray Street", Kim Gordon e Thurston Moore (baixista e guitarrista, ambos vocalistas) se instalaram no estúdio sentados num sofá, com algumas cadeiras ao redor e Aaron Mullan gravando numa máquina portátil digital de 16 faixas - que Thurston havia conseguido no eBay. Intitulado após um ensaio, descreve o surgimento de jovens moradores privilegiados de New York assumindo os ares românticos da tradicional e genuína cidade que abraçou vários artistas (boêmios) do passado. Em 2002 e a banda sendo de New York, a diferença mais óbvia em comparação - além dos imóveis super inflacionados - é que agora esse comportamento se tornou um estilo de vida proibido.


3. "Razor Blade" (ficou de fora do 8º disco, "Experimental Jet Set, Trash & No Star", 1994)


Doce canção renegada das sessões do nosso álbum de 1994...


4. "Blink" (trilha sonora do filme "Pola X", 1999)


Gravado em 1999, que é o ano em que lançamos e percorremos (apenas na Europa) a turnê do disco só de covers, "Goodbye 20th Century", que na verdade são apenas gravações/execuções das nossas interpretações radicais no cânone da música contemporânea acadêmica do século XX. O cineasta francês, Leos Carax, solicitou especificamente ao SONIC YOUTH uma canção para o seu filme, "Pola X".


5. "Campfire" (ficou de fora do 11º disco, "NYC Ghosts & Flowers", 2000)


Em uma campanha pelas luzes criativas da Tannis Root (que fazem toda a merchandising do SONIC YOUTH, como camisas, bonés, etc) - para promover a incrível máquina de som Groovebox Synth/Sampler - um punhado de amigos nossos como BECK, PAVEMENT e o próprio SONIC YOUTH, foram convidados a comporem faixas instantâneas nessa besta. Não só foi divertido, mas também conseguimos grava-las. Muito legal, exceto que esquecemos a mala com as gravações no carrossel de bagagens do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Como Mike Watt diria (vocalista/baixista do MINUTEMEN): "Doe!"


6. "Loop Cat" (para álbum tributo ao filme de 1971, "Two Lane Blacktop", 2003)


Durante as gravações para o disco "Murray Street", no Murray Street Studio (descanse em paz), Jim O'Rourke (quando a banda incluiu um 3º guitarrista no grupo, entre 1999 à 2005) passaria por vários efeitos sonoros, ouvindo, ouvindo, ouvindo e nós estávamos sentados lá e pensando: "Como essa música de processo em tempo real soa legal". Também foram feitas tentativas em executar funções numa máquina DAT para capturar alguma coisa... Por isso que essa música fez parte do conceito que a Plain Recordings tinha para artistas, lançando um disco com canções de CAT POWER, ALVARIUS B, SANDY BULL... Eles queriam apresentar músicas com alguma relevância estética para o incrível filme de 1971 de Monte Hellman, "Two Lane Blacktop".


7. "Kim's Chords" (ficou de fora do 13º disco, "Sonic Nurse", 2004)


Uma canção baseada em torno de uma linha descendente em ondas na guitarra, que era como Kim estava tocando na época. Bastante completa em conceito, nós nunca continuamos a desenvolvê-la além desse estado, que por sinal, é um bom estado para ser.


8. "Beautiful Plateau" (ficou de fora do 13º disco, "Sonic Nurse", 2004)


Obviamente, essa música é extraída de uma improvisação em grupo, onde um momento totalmente sonoro de meditação rock'n roll ocorre, saindo de um congestionamento estendido de ruído - e assim, uma canção nasce. É aquela coisa única que só poderia existir naquele momento... Tínhamos que retalha-la mais um pouco e bolar um título, para esmagá-la de vez em um disco oficial.


9. "Three Part Sectional Love Seat" (ficou de fora do 12º disco, "Murray Street", 2002)


Do mesmo período que a canção "Fauxhemians", essa música foi uma das primeiras a ser investigada na época e foi instigada por uma figura de guitarra atrás da ponte que Thurston havia introduzido. Uma estrutura desajeitada e aberta sendo balançada aqui e uma que nós resolvemos deixa-la do jeito que está.


10. "Queen Anne Chair" (ficou de fora do 12º disco, "Murray Street", 2002)


Outro dessa mesma sessão que, ao que parece, nós a tínhamos pronta no gatilho. Você pode ouvir a indicação das mudanças de seções específicas no topo da música e há uma versão alternativa dessa canção, onde uma quebra da guitarra mais metal é inserida - mas esta versão aqui, como um todo, soa melhor.


11. "The Diamond Sea" (lançada no 9º disco, "Washing Machine", 1995)


A canção mais antiga dessa coletânea. Nós tocamos essa música todas as noites no final dos nossos shows na turnê do Lollapalooza Festival de 1995. Foi a situação consumada onde nos agarramos a uma fervorosa emoção popular para ficar "perdido" - algumas noites muito perdido mesmo, numa simbiose total com essa canção quando tocada. Esta versão é o take não editado, o qual teve que ser encurtado para o álbum "Washing Machine". Provavelmente, é a culminação de nosso desejo em borrar as linhas entre composição e improvisação (que se tornaria mais tarde muito mais uma atividade híbrida, particularmente no disco "Sonic Nurse").


É essa a distinção de mundo sonoro do SONIC YOUTH que decidimos apresentar no álbum "The Destroyed Room", em oposição a quaisquer músicas mais tradicionais e diretas que estão por aí em nossa selvagem discografia. Para nós, é um aspecto artístico do SONIC YOUTH que estamos ansiosos para apresentar, não apenas à cena musical radical e underground com a qual estamos em comunidade, mas também no contexto de nossa amigável gravadora, Geffen Records.


Então, segure firme, vote pela paz e nos veremos em breve.


"The Diamond Sea"















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