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by Brunelson
É muito apropriado que o último álbum de uma banda que está separada há 01 década - mas que nunca morrerá - se chame "The Eternal".
Eles não sabiam que seria o seu último álbum de estúdio, pois Thurston Moore (vocalista/guitarrista) e Kim Gordon (vocalista/baixista) terminaram o seu casamento de 27 anos em 2011, que por sua vez, acarretou no fim da banda, sendo que havia até conversas sobre novas músicas antes da separação do grupo. Porém, é revigorante que o SONIC YOUTH terminou organicamente e não com uma grande despedida orquestrada.
O disco "The Eternal" não soa como uma banda que perdeu o fôlego, mas sim, refrescante e energizado. Foi o primeiro álbum em uma gravadora independente desde os anos 80, a Matador Records, que os reuniu novamente com Gerard Cosloy, o mesmo que lançou o 2º álbum da banda, "Bad Moon Rising", pela Homestead Records em 1985.
Assim como estava sendo feito nos 02 últimos álbuns, o disco "The Eternal" começa novamente com uma música de alto padrão com o vocal de Kim Gordon, "Sacred Trickster", que abriga uma linha sarcasticamente zombeteira com letras do tipo: "Como é ser uma garota em uma banda? / Eu não entendo muito bem". Foi a música punk rock mais direta do SONIC YOUTH desde os anos 90.
Este álbum começou de onde a composição de rock "acessível" do disco "Rather Ripped" parou (14º disco, 2006) e injetou uma onda de raiva que relembrou os momentos mais pesados de álbuns como "Sister" (4º disco, 1987) e "Dirty" (7º disco, 1992). Chega a ser emocionante a mistura do heroísmo da guitarra de uma banda calejada com a energia punk do início de carreira, o que resultou em músicas atemporais como "Anti-Orgasm" e "What We Know" (essa última veio diretamente dos anos 90 e cantada pelo guitarrista Lee Ranaldo), as quais rivalizam com muitos dos clássicos mais adorados da banda.
O disco "The Eternal" também encontrou espaços diversos, como para o satisfatório revival dos anos 80 com a canção "Malibu Gas Station", alguma adoração psicodélica dos anos 60 de Lee Ranaldo cantando a música "Walkin Blue" (assim como ele sempre leva os seus vocais radiofônicos em alguma música de um álbum da banda) e um último acúmulo hipnótico e imersivo com a canção de 10 minutos que encerra o disco, "Massage The History".
E agora que já tem mais de 01 década de existência, muitas dessas músicas estão começando a parecer tão clássicas quanto o material dos anos 80 e 90 do grupo.
Com o benefício do retrospecto, fica ainda mais claro o quão sólida a carreira do SONIC YOUTH sempre foi. Do seu início primitivo, mas promissor, a um último álbum revigorante e energético, eles continuaram progredindo e encontrando novas maneiras de tocar a sua música ímpar e totalmente anti-mainstream, sempre soando agressivamente original e nunca se vendendo.
Realmente não existiram muitas bandas de rock que soam tão únicas e inspiradoras por tanto tempo, e é francamente incrível como tudo que eles fizeram vai bem no pacote.
No que acabou sendo a turnê final, SONIC YOUTH tocou músicas do disco "Bad Moon Rising" pela 1ª vez em décadas e as apresentaram junto com as canções do álbum "The Eternal", sendo que todo o conjunto soou tão coeso quanto poderia ser.
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