Soundgarden: a maneira inicial de Chris Cornell para criar as músicas do álbum "Superunknown"
É quase impossível atingir a ideia básica do que era o grunge de Seattle.
Por mais que esses artistas estivessem dispostos a falar sobre seus segredos, vergonhas e sentimentos íntimos, a parte sonora de cada um poderia ser única sendo difícil equipara-las em um estilo só, portanto, para facilitar o trabalho da mídia e transformando aquela cultura em produto comercial, ficou mais fácil para os veículos de comunicação empacotar tudo e chamar de grunge.
E mais, olhando como cada grupo operava em Seattle, parecia uma grande família musical, ao invés da conhecida "competição" e desprezo que poderia acontecer entre eles. Amigos eram vistos tocando nas bandas uns dos outros e cada um deles indo ver os shows de suas bandas colegas.
E quando chegou a hora do SOUNDGARDEN, já como grupo consagrado para compor e gravar as músicas para o álbum "Superunknown" (4º disco, 1994), o vocalista Chris Cornell estava criando títulos aleatórios para as novas canções, quando percebeu que se tornaria um desafio quando começou a compor e escreve-las para o vindouro álbum.
Uma vez em entrevista nos anos 90 para a revista britânica Melody Maker, Cornell lembrou que todos os títulos dessas músicas lhe deram um roteiro sobre o que elas deveriam ser e soar: “Eu lembro de ter visto todos esses títulos quando a ideia surgiu na minha cabeça e pensei: ‘Não seria ótimo escrever estas canções com base nesses títulos?’”
E nessa ideia foi quando surgiu várias músicas que ficariam marcadas na história do rock, como a clássica canção do SOUNDGARDEN, "Spoonman", que mais iria ficar parecida como um clássico há muito tempo perdido do LED ZEPPELIN. Usando a mesma entrega vocal "start/stop" que o vocalista do LED ZEPPELIN costumava usar em músicas como "Black Dog", Cornell realmente se entregou como sempre fazia em sua performance vocal, nos fazendo remeter com louvor como seria um LED ZEPPELIN nascido no meio da era grunge.
Outra lendária canção desse disco e que Cornell também citou usando essa mesma forma de composição inicial, foi "Fell on Black Days". O vocalista explicou como essa música levou anos para encontrar o tipo certo de sonoridade para fazer justiça ao título e às letras dolorosamente honestas e autobiográficas.
“A canção 'Fell on Black Days' foi como esse medo constante que tenho há anos... Levei muito tempo para escrever essa música, tipo, tentamos fazer 03 versões diferentes com esse título e nenhuma delas funcionou. É uma sensação que todos têm na vida... Você está feliz com a sua vida, tudo está indo bem, as coisas estão emocionantes, quando de repente você percebe que está infeliz ao extremo, a ponto de ficar muito, muito assustado. Não há nenhum evento em particular ao qual você possa definir o sentimento, é só que você percebe um dia que tudo em sua vida está ferrado".
Abraçar o lado descartado dos títulos foi uma coisa incrivelmente criativa para Cornell, onde ele concluiu: “Foi uma ótima experiência escrever músicas por diversão e sem nenhum destino específico, onde acabaria criando vida a essas canções e que irão viver indefinidamente”.
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