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by Brunelson
Jornalista: Depois de terminarem de gravar as faixas de bateria em Sausalito, Califórnia, SOUNDGARDEN voltou para casa, no Bear Creek Studios (em Woodinville, próximo a Seattle), para rastrear as guitarras, vocais e dar ao disco "Badmotorfinger" os seus toques finais...
Matt Cameron (baterista do SOUNDGARDEN): Com toda a honestidade, provavelmente poderíamos ter feito tudo no Bear Creek Studios, mas a ideia era que o nosso produtor, Terry Date, gravasse a bateria para uma mixagem estéreo e então colocamos todas as guitarras e todos os vocais lá em cima junto com o baixo. Eu não estive lá em todas as sessões porque realmente não precisava estar lá, mas lembro que gravamos a música "Mind Riot" lá no Bear Creek Studios. Acho que foi uma das canções para a qual gravamos a bateria lá e eu fiz alguns backing-vocals com Chris Cornell nesse estúdio também... Talvez alguma percussão e coisas assim, mas era principalmente para gravarmos as guitarras e vocais. A interação foi ótima e todos nós sentimos que estávamos progredindo, como se tivéssemos algo que era realmente interessante e muito bom.
Terry Date (produtor do álbum "Badmotorfinger"): O estúdio Bear Creek é muito rústico. Um velho celeiro e havia uma espécie de "anexo" à floresta que tinha ao redor com uma banheira de hidromassagem ou algo do tipo, mas era apenas um pequeno prédio de 01 cômodo só. Chris ia lá toda hora e escrevia algumas letras e músicas. Era o seu ponto de fuga particular para pensar sobre as suas letras e esse tipo de coisa. O estúdio possui um terreno de 10 acres, bem rural e rústico. Tivemos todos os tipos de diversão ao ar livre, com muitas fogueiras, diversão e jogos.
Ben Shepherd (baixista do SOUNDGARDEN): Eu também me lembro daquele período, porque era quando Chris Cornell andava de mountain bike de West Seattle a Woodinville todos os dias. Em seguida, rastreando as músicas no estúdio e depois, andando de mountain bike novamente.
Terry Date: Chris estava realmente ficando em forma durante aquele álbum. Acho que ele andava de mountain bike de noite e de dia. Todo aquele percurso era provavelmente quase uns 50km, talvez um pouco mais... Acho que era uns 25km para vir e mais 25km para voltar.
Chris Cornell (em 2014): Acho que depois da morte de Andy Wood (vocalista do MOTHER LOVE BONE), Jeff Ament (baixista do MOTHER LOVE BONE e futuro baixista do PEARL JAM) e eu passamos muito tempo andando de mountain bike pelas colinas de Seattle e conversando. Realmente, essa é uma das minhas melhores memórias desse período.
Kim Thayil (guitarrista do SOUNDGARDEN): Nós íamos para o quintal do estúdio e jogávamos whiffle ball (um tipo de baseball), onde havia uma cerca que dava para a propriedade vizinha residencial, então, a ideia era que, se você rebatesse a bola por cima da cerca, você teria um home run. Era divertido e também inventamos um jogo com uma bola de futebol americano e um disco Frisbee, tipo, era como um bombardeio no ar... Você jogava o Frisbee e se a pessoa pegasse o Frisbee, ela ganharia 01 ponto. Se ela largasse o Frisbee ou fosse atingido por ele, o lançador ganharia 01 ponto. Quem melhor se deu bem nessas brincadeiras provavelmente fui eu e Ben. Me lembro que nós 02 jogávamos muito mais longe do que Matt Cameron ou Chris Cornell poderiam jogar...
Terry Date: Foi um momento muito bom porque o PEARL JAM estava terminando de gravar o seu álbum de estreia, "Ten" (1991), e quando estávamos trabalhando no disco "Badmotorfinger", eu me lembro de Eddie Vedder nos visitando no estúdio. Ele tinha as primeiras mixagens do disco "Ten" e as colocou para tocar no estúdio. Foi muito, mas muito divertido ouvir aquilo pela 1ª vez.
Ben Shepherd: Sabia que tudo foi monitorado por energia solar? Eu acredito que esse foi o ponto principal de todo o álbum "Badmotorfinger", mostrando o lado ecológico progressivo da gravação que pode ser feito.
Terry Date: As faixas básicas foram totalmente divertidas e fáceis para todos. Quando chegou a hora de fazer os vocais - que nesse disco são muito altos - foi realmente difícil de fazer e eu sei que Chris Cornell teve dificuldades. Teríamos muitos dias onde - ou não muitos dias - mas alguns dias em que entraríamos no estúdio, Chris começaria a cantar e apenas diria: "Não, hoje não. Eu não consigo entender o que eu tenho que fazer nessa música e hoje não vai acontecer nada”. Mas então, havia momentos em que... Eu sempre tinha um banquinho, tipo um banquinho de madeira que eu deixava ao lado dele para que Chris pudesse colocar um copo de água ou o que quer que fosse enquanto ele estava de pé cantando nas gravações. Durante algumas dessas partes vocais muito difíceis e agudas que ele fazia, Chris ficava um pouco frustrado e ele chegou a quebrar aquele banquinho algumas vezes...
Chris Cornell (em 2014): A minha história de canto provavelmente sempre foi mais próxima de uma abordagem de David Bowie do que, por exemplo, uma abordagem de AC/DC. Nunca pensei em mim mesmo como o cantor que queria criar uma identidade e depois segui-la... De música para música, eu abordava da forma que considerava mais natural para aquilo, tipo, quem era essa pessoa cantando essa tal música? Sobre o que essa pessoa está cantando? Qual deve ser o som desta pessoa? É assim que eu abordaria e muitas vezes esta seria a parte mais difícil de todo o processo para mim: encontrar a voz certa que parecesse mais natural para aquela tal música.
Matt Cameron: Uma das melhores coisas sobre Chris Cornell é que ele estava pronto para qualquer coisa, cara. Nós tocávamos algumas merdas das mais estranhas, tipo, a coisa mais insondável que fosse. Eu pensava: "Não tem como, mas vou mandar para ele tentar cantar mesmo assim." E então, era como: "Oh, meu Deus, ele conseguiu!" Cada vez que Chris colocava as letras e vocais sobre alguma música estranha que eu escrevia ou outra pessoa da banda tinha escrito, era do tipo: "Mas como ele conseguiu isso?" Essa é uma das razões pelas quais ele foi um dos maiores vocalistas de todos os tempos. Ele foi capaz de dar sentido a essa música angular realmente difícil e existem tantos exemplos disso em nosso catálogo. A canção “Drawing Flies” foi um exemplo dele apenas acertando um "home run" em algo que eu realmente não sabia se iria dar certo, mas fiquei muito feliz que deu certo.
Kim Thayil: Eu me lembro de Ben cuspindo na janela da sala de controle enquanto gravava o baixo. Me lembro de Terry dizendo: “Tente de novo”. Estávamos na sala de controle e Ben, por algum motivo, ficava chateado e tipo, tocava alguma coisa e depois corria para a janela da sala de controle e cuspia na janela. Eu pensava: “Ele está brincando ou está chateado? Claro, ele está puto pra caralho!" Terry se virou, olhou pra mim e para Chris, e dizia: "Ok, o que está acontecendo?" E nós lhe dissemos: "Tudo bem, só achamos que ele quer fazer o que você está dizendo para ele não fazer".
Ben Shepherd: Se eu errasse, ficaria muito zangado, frustrado comigo mesmo e não ficaria chateado com mais ninguém, mas tenho certeza que se você olhasse para aquela cena, pareceria que eu estava com raiva de todo mundo, mas eu estava realmente furioso somente comigo mesmo. Era muita energia juvenil, em vez de querer redefinir ou reorientar algo. Hoje, eu olho para trás e digo: "Deus, como esses caras me aguentaram?" Eu estava em um espaço totalmente diferente, sendo que era o meu 1º disco que estava gravando com o SOUNDGARDEN e eu apenas basicamente só ficava brabo e perderia a calma.
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