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by Brunelson

Steve Albini: Top 06 melhores álbuns que tiveram sua produção

O produtor Steve Albini não era uma estrela do rock underground americano, mas sim, seu poeta interno profano e laureado ou sua consciência conflituosa e assumidamente opinativa. 


Seja produzindo álbuns de bandas como do PIXIES e THE JESUS LIZARD, ou liderando suas próprias bandas, SHELLAC e BIG BLACK, Albini se especializou em capturar a emoção visceral das guitarras e baterias em volumes ensurdecedores. Separadamente escrevendo para fanzines, Albini foi ao mesmo tempo articulado e argumentativo sobre o seu gosto por bandas, as suas técnicas de gravação e o seu desprezo pelos costumes exploradores da indústria musical.


Criado nos Estados da Califórnia e Montana, Albini migrou para o leste americano para estudar jornalismo na Northwestern University e depois permaneceu em Chicago pelo resto da sua vida, fundando o estúdio Electrical Audio e tornando-se um personagem importante na explosão da cena rock independente da cidade e se consagrando como um dos críticos mais severos de todos. 


Ele alcançou um novo nível de fama quando Kurt Cobain lhe pediu para produzir o álbum "In Utero" do NIRVANA em 1993, e posteriormente trabalhou em projetos de alto nível, como por exemplo, de Jimmy Page e Robert Plant, mesmo permanecendo sincero sobre a comercialização do punk rock e do rock alternativo.


Albini sempre evitou o nome “produtor” como descrição de seu trabalho, preferindo orgulhosamente se autodenominar simplesmente como um engenheiro de som. Ele também recusava royalties vitalícios pelos álbuns em que gravava, adotando sua prática mesmo quando aceitou gravar o último álbum de estúdio do NIRVANA, "In Utero". Ele dizia que seu trabalho era como de um encanador, ou seja, me pague pelo serviço e ponto final, pois segundo Albini, um encanador não fica recebendo royalties a vida inteira só porque a casa que ele arrumou continua em pé.




Albini faleceu de ataque cardíaco aos 61 anos de idade em 07 de maio de 2024, deixando para trás um punhado de álbuns intensos e intencionais como líder de banda e milhares de projetos notavelmente diversos como produtor e engenheiro de som. 


Sendo assim, aqui vai uma breve homenagem a Albini, onde selecionamos em ordem cronológica somente 06 álbuns que ele produziu (gravou, como ele gostava de dizer) em toda sua carreira:





Banda: BIG BLACK

Álbum: "Songs About Fucking" (2º disco, 1987)


Nos últimos anos nas redes sociais, quando se tornou mais ativo do que sempre foi, Albini ficou pensativo e às vezes se desculpou pelas palavras e imagens sangrentas e violentas encontradas em grande parte de suas primeiras músicas e letras, particularmente no nome de sua banda de curta duração, RAPEMAN. 


No entanto, o 2º e último álbum de sua banda dos anos 80, BIG BLACK, onde ele foi o vocalista e guitarrista, é o auge da era provocadora de Albini, um disco onde a coisa mais próxima de uma letra romântica é: “Segurando a minha mão / Enquanto eu mijo na cara dela”.


A capa desse álbum traz um desenho estilo do grupo KRAFTWERK, para reconhecer seu gosto e respeito a eles.


"Colombian Necktie"


Banda: PIXIES

Álbum: "Surfer Rosa" (1º disco, 1988)


Albini raramente falava com reverência - ou mesmo educadamente - sobre as bandas mais famosas com quem trabalhou. 


Depois de 03 anos de gravar o álbum de estreia do PIXIES, ele os descartou como uma banda de “rock universitário suavemente divertida” que era “guiada por seu empresário, sua gravadora e seus produtores”, onde ele se arrependeria desses comentários em uma entrevista de 2005. 



Quer Albini tenha apreciado ou não o que realizou no álbum "Surfer Rosa", felizmente todos nós podemos. Desde a aplicação de reverberações até o backing vocal da baixista Kim Deal na icônica trilha sonora para o fime Clube da Luta com a música “Where is My Mind”, até transmitir a voz do frontman Black Francis através de um amplificador de guitarra na canção “Something Against You”, o disco "Surfer Rosa" incorpora habilmente essas técnicas de gravação inventivas para ajudar a transformar uma banda excêntrica de Boston no porta-estandarte de uma nova geração de um país inteiro com seu rock alternativo.


“Where is My Mind”


Banda: THE BREEDERS

Álbum: "Pod" (1º disco, 1990)


Kim Deal (sim, a mesma do PIXIES) e Tanya Donnelly, iam regularmente a clubes noturnos no final dos anos 80, quando decidiram formar uma “banda para dançar”. 


É difícil ouvir essas origens no 1º álbum de estúdio do THE BREEDERS (o único com Donnelly), mas quando esse disco foi lançado, também é fácil entender por que este e o álbum do PIXIES, "Surfer Rosa", inspiraram Kurt Cobain a contratar Albini no futuro para gravar o disco "In Utero" do NIRVANA. 


Esse álbum de estreia do THE BREEDERS não é um gancho como o sucessor platinado da banda, "Last Splash" (2º disco, 1993), mas é o conjunto de músicas mais ousado e original de Deal com sua nova banda.


"Glorious"


Banda: THE JESUS LIZARD

Álbum: "Goat" (2º disco, 1991)


Se Albini tinha verdadeiras almas gêmeas musicais entre as muitas bandas que gravou, uma delas eram os membros do THE JESUS LIZARD, grupo formado na cidade de Austin e que logo depois se mudaria para Chicago. 


Albini trabalhou em todos os primeiros 04 álbuns dessa banda, que permanecem juntos como um monumento de riffs fortes e ásperos. 


A maioria das bandas que aplicam noise em seu som são orgulhosamente reconhecidas por sua baixa produção, seja por necessidade ou por escolha, mas os álbuns do THE JESUS LIZARD com Albini produzindo, argumentaram que os vocais e a bateria mereciam ser capturados em detalhes cristalinos - como engrenagens individuais em destaque de uma injetora de plásticos derretidos de uma metalúrgica.


"Mouth Breather"


Banda: NIRVANA

Álbum: "In Utero" (4º trabalho de estúdio, 1993)


Kurt Cobain sabia que a continuação do álbum "Nevermind" do NIRVANA (2º disco, 1991) provavelmente venderia milhões, não importasse como soasse, então, ele jogou a cautela ao vento e assustou a sua gravadora, Geffen Records, ao contratar Albini para gravar esse álbum. 


Albini, que ficou insatisfeito com uma experiência contemporânea quando o produtor Andy Wallace foi chamado para mixar uma música do HELMET que Albini havia produzido, estava cauteloso com essa nova experiência e ferozmente protetor do som cru do disco "In Utero" com o qual ficaria conhecido.








Mesmo com o produtor do R.E.M, Scott Litt, remixando os singles do álbum "In Utero" - as músicas “Heart Shaped Box”, “All Apologies” e "Pennyroyal Tea" - o último álbum de estúdio de Cobain e companhia foi uma redefinição cultural para o rock mainstream.


Especificamente a bateria estrondosa na canção “Scentless Apprentice” e as guitarras caóticas da sarcasticamente música intitulada “Radio Friendly Unit Shifter”, foram as que traçaram uma linha direta com o trabalho mais pesado de Albini com bandas underground da qual ele havia trabalhado antes e que foi fazendo o seu nome.


“Radio Friendly Unit Shifter”


Banda: SHELLAC

Álbum: "1000 Hurts" (4º disco, 2000)


A banda mais recente de Albini, SHELLAC, foi formada em 1992 e estava planejando o lançamento do seu 1º álbum de estúdio em uma década pouco antes de Albini falecer.


O disco "1000 Hurts" é provavelmente o mais engraçado do SHELLAC e também o melhor de sua discografia: “Esta é uma música triste, porra / Teremos sorte se eu não começar a chorar”, Albini fala inexpressivamente na abertura da canção “Squirrel Song”. 


Outro destaque fica para a música “New Number Order”, desenrolando linhas de baixo monstruosas e um andamento da bateria que se expande e contrai habilmente.


“New Number Order”




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