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by Brunelson

The Doors: resenha do álbum "L.A. Woman"


Antes de Jim Morrison se mudar para Paris para tirar um tempo da música e das suas amizades drogaditas, ele gravou o último álbum de estúdio em vida com o THE DOORS, "L.A. Woman" (6º disco, 1971).



Morrison faleceria alguns meses após o lançamento desse álbum e seu último esforço junto com os membros de sua banda se tornou num dos melhores álbuns de sua discografia, capturando a transição dos EUA para uma nova década em que a cultura hippie estava diminuindo, assim como o estilo de vida selvagem de Morrison - pelo menos, essa era a sua intenção por ter ido morar em outro país.



As letras que formam o álbum "L.A. Woman" encapsulam o caso de amor de Morrison com os EUA, retratando simultaneamente a sujeira e os perigos encontrados em lugares como Los Angeles e sua apreciação pelas oportunidades que isso lhe deu na vida.

O vocalista do THE DOORS resume os seus sentimentos por Los Angeles na faixa-título, cantando: "As colinas estão cheias de fogo / Se eles disserem que eu nunca te amei / Você sabe que eles são mentirosos". A música combina imagens de destruição e morte com imagens sensuais que transmitem o fascínio impossível da cidade atraindo Morrison para o seu centro, apesar dos horrores que espreitam em cada esquina, como “motel, dinheiro, assassinato, loucura”. Esta canção é a peça central perfeita para o álbum, um cruzador de ritmo acelerado que une os temas do disco sobre perda e busca pela liberdade.

O álbum abre com a música "The Changeling", um número blues funk rock que mostra Morrison entregando as suas falas através de um rosnado áspero, comentando sobre a sua evolução como uma estrela do rock e mudando constantemente, mas permanecendo sempre presente.

Nessa época, o vocalista não era mais o símbolo da contracultura que fora conhecido no início de carreira, algo que ele também explorou na canção "Hyacinth House", cantando: “Por que você jogou fora o Valete de Copas?” Se trata de um corte nebuloso com vocais em camadas iluminando a riqueza vocal de Morrison, construindo ritmos enquanto ele enfatiza o seu desejo por um novo caminho na vida.

O desejo de liberdade de Morrison perpetua quase todas as músicas, seja de uma autoridade ou do seu lugar no centro das atenções.

Na canção "The Wasp", Morrison canta sobre limiares e expressando o desejo de escapar onde “não há estrelas”. A música vai apresentando uma sonoridade misteriosa enquanto Morrison nos presenteia com uma das letras poeticamente mais profundas de sua autoria, quando ele canta: “Eu vou te dizer isso / Nenhuma recompensa eterna vai nos perdoar agora / Por desperdiçar o amanhecer”.

Em outro lugar, recebemos reflexões refinadas sobre o amor romântico, como na cativante canção, "Love Her Madly", escrita pelo guitarrista Robbie Krieger que usa um ritmo otimista para contrastar com as letras bastante deprimentes sobre o amor azedar.


Morrison continua esse tema na surpreendente e desconhecida música, "Cars Hiss By My Window", apresentando uma rica representação lírica de uma sala onde Morrison e a sua amante estão sentados com o relacionamento desmoronando.

Outros destaques incluem a apaixonada canção, “Been Down So Long”, uma exibição melancólica dos tons graves de Morrison, exigindo que ouçamos os seus gritos por liberdade.


Depois, há a música "L'America", uma joia subestimada na discografia do THE DOORS que treme com uma qualidade matadora semelhante às letras da clássica canção, "Riders on The Storm". A tensão aumenta em uma linha de baixo ambulante na música "L'America", acompanhada por uma batida militarista que aumenta com uma qualidade enervante. As guitarras cortantes unem toda a canção antes que tudo acelere, envolvendo o ouvinte em um manto de caos semelhante às observações de Morrison sobre os EUA.

O disco termina com um dos trabalhos mais marcantes da banda: a música "Riders on The Storm". Passando dos 07 minutos de duração, a canção retrata a imagem de um caroneiro serial killer, amarrando os temas do álbum ao capturar a escuridão dos EUA e apoiada pelo barulho da chuva e trovões ao fundo. A canção "Riders on The Storm" é uma obra-prima efervescente que parece adequadamente o fim de algo, pois se tornou a última música que Morrison gravou com a sua banda. Parece a personificação musical do final dos anos 60, com o otimismo da década passada se dissipando suavemente pelos teclados de Ray Manzarek e ecoando a atmosfera de uma Los Angeles abalada pelos assassinatos de Charles Manson apenas 02 anos antes.



Ao lado do seu disco homônimo de estreia, o álbum "L.A. Woman" é uma das conquistas mais significativas da banda. Soando impecável, não há nenhum momento no disco em que o grupo vacila e só nos deixando com vontade para saber como iria caminhar os próximos álbuns da banda se continuassem em atividade...


Track-list:


1. The Changeling

2. Love Her Medley

3. Been Down So Long

4. Cars Hiss By My Window

5. L.A. Woman

6. L'America

7. Hyacinth House

8. Crawling King Snake

9. The Wasp

10. Riders on The Storm

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