The Who: "depois de quebrá-la, era só colar o corpo da guitarra para usar novamente"
by Brunelson
20 de out. de 2020
“Contanto que o braço da guitarra não quebrasse junto com os afinadores, você poderia colar o corpo da guitarra e usá-la novamente”, explicou em recente entrevista para a revista Guitar World, o vocalista do THE WHO, Roger Daltrey.
Existem poucas imagens que sintetizam mais perfeitamente a selvageria e o abandono do rock'n roll como o guitarrista do THE WHO, Pete Townshend, em toda a sua glória juvenil no final dos anos 60, quebrando as suas guitarras no palco nos finais dos shows do THE WHO.
No entanto, esse número não era tão selvagem quanto parecia. Como Daltrey explicou em entrevista, essas guitarras foram "cuidadosamente" quebradas e depois coladas de volta para sobreviverem e serem quebradas nos próximos shows da turnê.
A título de exemplo, ele contou uma história sobre o THE WHO indo para os EUA para se apresentar ao lado de bandas como o CREAM e outras, onde participaram de um programa de auditório para tocarem de 03 a 04 músicas por dia.
“Tocamos os nossos dois sucessos na época, as canções 'I Can't Explain' e 'My Generation', esmagamos todo o nosso equipamento e fomos embora”, lembrou Daltrey.
Quando o jornalista apontou que parecia "muito caro esmagar quatro lotes de equipamentos por dia", Daltrey respondeu que "custava somente o preço da cola para comprar, porque tão rápido quanto estávamos quebrando os nossos instrumentos, tínhamos quatro conjuntos completos para a turnê e quando um quebrava, era rapidamente colado para ser usado nos próximos shows".
"E quando conseguíamos quebrá-lo novamente, mais cola a gente colocava”.
O vocalista continuou: “Não eram guitarras de suporte, eram guitarras de verdade, sabe? Quebrávamos as guitarras de forma muito habilmente para que não quebrasse o braço e os afinadores. Contanto que não quebrassem, você poderia colar o corpo da guitarra de volta, mesmo que tivesse buracos nele, não importava... Nós conseguíamos fazer funcionar novamente”.
Mais tarde nesta mesma conversa, o assunto mudou para outro destruidor de guitarras no palco, Jimi Hendrix, e a famosa história de Pete Townshend e Jimi Hendrix decidindo a sorte na moeda nos bastidores do Monterey Festival para determinar quem se apresentaria primeiro naquele festival.
"Jimi Hendrix era um artista absolutamente incrível, mas o que as pessoas não percebem é que muito fazia parte do 'showman' de Jimi, quando ele enfiava a sua guitarra nos amplificadores e gerava todo aquele feedback no som, pois a maior parte daquilo ele copiou de Pete Townshend", disse Daltrey .
“Então, quando chegamos ao Monterey Festival em 1967, Pete disse para Jimi nos bastidores antes do show referente ao ato de quebrar guitarras: 'Bem, esse é o meu show inteiro! E sempre foi um grande final'”.
Daltrey complementou: “Você sabe, naquela época ainda não tínhamos muita confiança na nossa música, tipo, éramos uma banda com singles estranhos como as canções 'I'm a Boy', 'Happy Jack' e uma mini-ópera chamada 'A Quick One While He’s Away'. Era uma loucura as coisas que estávamos tocando!"
"Então, pensamos: 'Vamos ser massacrados se Jimi Hendrix se apresentar antes de nós, porque esse é o nosso show inteiro e ponto final (em relação ao ato de quebrar os instrumentos). Então, Pete e Jimi jogaram a sorte na moeda e Pete ganhou e escolhemos se apresentar primeiro".
Daltrey finalizou: “Mas então, é claro, Jimi Hendrix subiu ao palco depois de nós e surpreendeu a todos de qualquer maneira”.
Confira uma performance de cada banda no Monterey Festival em 1967. Primeiro o THE WHO com a música "My Generation" e depois Jimi Hendrix com a canção "Wild Thing":
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