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by Brunelson

The Who: por que o guitarrista Pete Townshend odeia a sua própria banda?


Para quem desconhece, o principal compositor e guitarrista do THE WHO, Pete Townshend, não é o único membro de uma banda a nutrir alguns ressentimentos em relação ao seu próprio grupo.

Apostamos muito na maioria dos membros de qualquer banda (famosa ou não) passando por momentos fugazes de repulsa ao vasculhar as personalidades excêntricas e egocêntricas que geralmente compõem um grupo, mas o desdém de Townshend por seus colegas do THE WHO não apenas percorre toda a extensão de sua carreira como banda em sua formação original, mas também com comentários póstumos.

Sabemos que o THE WHO não era um grupo harmonioso em seus relacionamentos internos. Gostamos de pensar em nossas bandas favoritas como microcosmos de pura criatividade e esforço artístico, sustentados pelo sentimento de que se algo desse errado, a banda se tornaria uma gangue de rua ambulante e pronta para defender cada membro do grupo.

Porém, a verdade muitas vezes fica um pouco à esquerda dessa afirmação e para o THE WHO, seria uma visão completamente incompreensível.

A imagem de uma banda viajando como uma gangue saqueadora de rua é perpetuada pela luta usual que os grupos enfrentam quando começam uma turnê como uma banda underground. Operando nas rodovias uma van geralmente apertada, os laços de sangue são frequentemente formados a cada poste de luz que passam e somando a estranheza de chegar em cidades como encrenqueiros desconhecidos.

THE WHO brigava e discutia constantemente entre si, com um momento em particular vendo o vocalista Roger Daltrey sendo expulso temporariamente do grupo.


Daltrey entrou numa briga com o baterista Keith Moon, depois de se cansar do seu uso incessante de drogas. Após um show onde Moon tocou a bateria de forma terrível, Daltrey encontrou o estoque de drogas de Moon e jogou tudo fora, numa tentativa de fazer uma observação séria sobre a sua crescente dependência química. Naturalmente, Moon não gostou muito e uma briga começou no camarim.

Daltrey acertou o nariz de Moon que logo sangraria: “Vieram umas 05 pessoas para me afastar dele”, lembrou o vocalista em sua biografia, "Roger Daltrey: The Biography". Ele continuou: “Não era só porque eu o odiava, era só porque eu amava muito a banda e achava que ela estava sendo destruída por aqueles comprimidos (anfetaminas)".


Townshend e o baixista John Entwistle ficaram do lado de Moon durante o desastre e concordaram que Daltrey havia ido longe demais partindo para a agressão física.

THE WHO demitiu Daltrey do grupo como efeito imediato e sinalizaram o fim de sua carreira antes que ela pudesse realmente começar. Percebendo que a música "My Generation" estava começando a criar um burburinho na cena, Daltrey foi chamado novamente à banda.

Enquanto Daltrey e Moon eram conhecidos por suas brigas em turnê, Townshend parece nutrir o maior desdém pela banda. Pode não ter ajudado o fato dele ser o principal compositor do THE WHO e o feroz guitarrista que era, o que significava que ele carregaria muitas expectativas em seus ombros - mas o negócio foi além disso.

Na verdade, foi tão longe que Townshend até fez algumas afirmações ousadas sobre os falecimentos da seção rítmica do THE WHO - Keith Moon em 1978 e John Entwistle em 2002 - quando havia sido entrevistado pela revista Rolling Stone em 2019: “Não vai deixar os fãs do THE WHO muito felizes com o que eu irei dizer, mas graças a Deus que eles se foram... Porque eles eram pessoas difíceis de tocar música junto. Eles nunca, jamais conseguiram criar bandas para si mesmos e acho que a minha disciplina musical e a minha eficiência musical na parte rítmica, manteve a banda unida”.

Depois de algum alvoroço notável, o guitarrista se desculpou pelos seus comentários e pediu uma retirada apressada dessa declaração no veículo de comunicação.


Embora as suas opiniões cáusticas muitas vezes tenham deixado Townshend em apuros (ele possui uma antipatia particular pelo LED ZEPPELIN), ele prefere passar o seu tempo fazendo música, embora reconhecidamente não a execute muito a partir deste século ou durante o hiato do grupo nos anos 80 e 90.


Isso porque a principal razão pela qual Pete Townshend odeia o THE WHO geralmente está no palco sorrindo pra ele: o vocalista Roger Daltrey.

Sendo os 02 únicos membros originais vivos, eles se irritam naturalmente um com o outro. Pode ser por causa de sua dinâmica de poder dentro da banda ou simplesmente porque eles operam em duas esferas diferentes.


Um exemplo perfeito dos seus pontos de vista opostos veio com outra declaração de Townshend ao jornal britânico The Telegraph em 2016, referente ao novo acordo britânico com a União Europeia: “Eu sou um remanescente, Roger Daltrey é um 'brexiter'. Eu acredito em Deus, ele não".

Townshend e Daltrey continuam brigando durante as suas apresentações ao vivo até hoje, com um momento particular irritando o guitarrista mais do que a maioria: “Há um momento durante os shows, onde Roger vem até mim, fica ao meu lado e faz algum tipo de sorriso sentimental para a plateia, que supostamente comunica algum tipo de relacionamento amigável que temos na frente do público, uma coisa que realmente não está lá de verdade".

O guitarrista continuou: “É para ser um ato em que eu deveria conspirar, tipo: 'Olha como nós nos damos muito bem, parecemos inimigos, mas na verdade somos amigos'. Muitas vezes, esse é o momento em que eu olho na cara dele e digo: 'Seu idiota de merda', e ele fica bravo quando eu faço isso”, disse Townshend durante uma gargalhada.

Numa outra entrevista em 2014, quando Townshend foi perguntado sobre uma próxima turnê do THE WHO, ele refletiu honestamente: “Parecia uma boa ideia cerca de 06 meses atrás, mas eu odeio me apresentar com o THE WHO e fazer turnês”.

Mas a verdadeira questão que fica no ar é: por que Townshend continua levando adiante o THE WHO até hoje?

Afinal, ele poderia facilmente começar a sua própria banda ou até mesmo seguir carreira solo como ele já fez, apresentando mesmo assim todo o cânone do THE WHO em seu arsenal.

Obviamente, ele também tem uma resposta para isso, finalizando: “Sou naturalmente bom nisso e apesar de tudo não acho difícil de fazer, simples assim".

Amor e ódio, a mesma paixão em cada lado da moeda...

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