Lendas como Tony Iommi, Eddie Van Halen e Kurt Cobain, se elevaram em parte graças ao poder dos pedais de distorção e porque o dispositivo relativamente simples é uma ferramenta essencial para os músicos do cenário rock e além.
Distortion e Overdrive são apenas 02 pedais com formas de processamento de sinal de áudio usados para modificar o som de um instrumento musical elétrico amplificado, geralmente aumentando o seu gain. Isso produz tons comprimidos amplamente descritos como “sujos”, “pesados” ou “rosnados”. Esses efeitos alteram o som do instrumento cortando o sinal, empurrando-o além do seu nível máximo e cortando os picos e vales de ondas de sinais, adicionando sustentação, tons harmônicos e inarmônicos.
Claro, isso depende do tipo de distorção usada. Embora o Distortion e o Overdrive sejam frequentemente usados de forma intercambiável, o Distortion é um som mais intenso e encorpado do que o Overdrive. Depois disso, o Fuzz é outro tipo de distorção, muitas vezes descrito como extremo, surgindo de guitarristas que usavam equipamentos defeituosos ou de baixa qualidade (tanto guitarras quanto amplificadores).
Porém, a distorção amplificada já existia há algum tempo antes do surgimento dos pedais de distorção, com pioneiros do blues como Buddy Guy e Elmore James ajudando a refiná-la e popularizá-la. Outro exemplo inicial vem de Paul Burlison, o guitarrista do Johnny Burnette Trio, que deliberadamente desalojou um equipamento do seu amplificador e que alteraria o seu som da guitarra, para gravar a música "The Train Kept A-Rollin" em 1956.
Alguns relatos dizem que isso ocorreu após uma crítica que elogiou o som do seu amplificador e que estava danificado durante um show. No entanto, outros afirmam que o amplificador de Burlison tinha o cone parcialmente quebrado na caixa do alto-falante. Apesar disso, os produtores da gravadora odiaram o som da guitarra de Burlison, mas Burnette insistiu em lançá-la mesmo assim. Ele supostamente sustentou a ideia de que "a guitarra soa como uma bela seção de trompas".
Em outro lugar, na segunda metade da década de 50, o pioneiro do rock 'n' roll, Link Wray - o guitarrista por trás do amplamente influente instrumental chamado "Rumble" - começou a mexer intencionalmente na parte "hardware" do seu amplificador para criar um som sujo para os seus solos. Em seguida, Wray fez furos em seus alto-falantes com um lápis para distorcer ainda mais o som, usando captadores humbucking em sua guitarra da Gibson e feedbacks controlados para empurrar a guitarra ainda mais para o futuro. Essa inovação inicial foi um momento incrível, colocando a distorção em seu caminho.
A pessoa normalmente creditada como o fundador do efeito do pedal de distorção fuzz é Grady Martin. Em 1961, Martin participou do hit de Marty Robbins, "Don't Worry", em que um pré-amplificador defeituoso distorceu o som de sua guitarra em um tom confuso. Por causa do sucesso dessa música, Martin gravou um instrumental em seu nome no final daquele ano, usando o mesmo pré-amplificador quebrado. A canção foi chamada de "The Fuzz", devido ao som da sua guitarra. Um pré-amplificador é um amplificador eletrônico que converte um sinal elétrico fraco em um sinal de saída forte, o suficiente para ser tolerante a ruído e robusto o suficiente para processamento posterior. Sem isso, o sinal final seria ruidoso (com chiados).
Glenn Snoddy, o engenheiro de som das sessões de gravação de Martin, fez parceria com o seu colega, Revis V. Hobbs, da WSM Radio em Nashville, para projetar e construir um dispositivo único para recriar o efeito difuso. A dupla vendeu a sua construção para a marca de guitarras Gibson, que o lançou em 1962 como Maestro FZ-1 Fuzz-Tone, um dos primeiros pedais de guitarra produzidos em massa.
Pouco depois do lançamento da música de Martin, o influente grupo da surf music, THE VENTURES, convocou o seu amigo, músico e entusiasta da engenharia eletrônica, Orville "Red" Rhodes, para ajudar a refazer a sua versão do som difuso de Martin. Então, Rhodes retornou lhe apresentando um fuzzbox que ele montou e que usaram para gravar a sua clássica música em 1962, chamada "2000 Pound Bee".
No entanto, foi na década de 60 que a distorção e os pedais resultantes se tornaram onipresentes. Notoriamente, Dave Davies (guitarrista do THE KINKS) supostamente usou uma lâmina de barbear para cortar os cones dos seus alto-falantes, o que deu ao hit de 1964, "You Really Got Me", a vantagem corajosa que tornou a música um peso pesado cultural. Esse momento deu início à era do rock se movendo para reinos mais pesados.
Em maio de 1965, o guitarrista do ROLLING STONES, Keith Richards, usou o pedal Maestro FZ-1 Fuzz-Tone para a música "Satisfaction", em que a sua guitarra soa quase como a seção que Burnette havia experimentado muitos anos antes. Outra oferta culturalmente significativa, o sucesso monumental desta canção do ROLLING STONES viu as vendas dos pedais de distorção dispararem, com todo o estoque sendo vendido no final de 1965.
Esse triunfo inspirou outras empresas a mergulharem no mercado e o pedal de distorção ganharia destaque no decorrer do tempo, especialmente depois que uma série de outras lendas os usaram intensamente.
Jimi Hendrix - que antes equalizava o seu amplificador de tal modo a emitir um som distorcido - era conhecido por usar os pedais Mosrite Fuzzrite, Arbiter Group Fuzz Face e Electro-Harmonix Big Muff Pi, sendo este último também adotado pelo guitarrista Carlos Santana.
Paul McCartney também foi um usuário proeminente, acrescentando espessura ao som do seu baixo em clássicos dos BEATLES, como a música "Think For Yourself" de 1965.
Desde essa época, os pedais de distorção tornaram-se uma ferramenta mais acessível e refinada para músicos, divididos em categorias de Distortion, Overdrive e Fuzz, com as suas diversas variações que cada um iria gerar até chegarmos em tempos modernos. Exemplos famosos incluem o Ibanez Tube Screamer, o boss DS-1 Distortion, o Pro Co RAT e o MXR's Distortion.
Esses pedais citados aqui nesta matéria são apenas a ponta do iceberg, pois resolvemos fazer uma breve dissecação somente nos pedais de distorção - e nem falamos de todos. Quem sabe numa próxima matéria, podemos dissecar a linhagem de outros pedais de efeitos tão utilizados quanto os de distorção, como Flanger, Chorus, Delay, Phase, Wah-Wah e inúmeros outros...
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